𝙥𝙝𝙤𝙩𝙤𝙜𝙧𝙖𝙥𝙝.

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"𝙱𝚊𝚋𝚢, 𝚠𝚑𝚎𝚛𝚎 𝚠𝚎 𝚐𝚘? 𝙽𝚎𝚟𝚎𝚛 𝚜𝚊𝚢 𝚗𝚘, 𝚓𝚞𝚜𝚝 𝚍𝚘 𝚒𝚝."

Tempos perdidos são tempos de desavenças, quando a nossa comunicação se torna falha por culpa de um emocional descompensado. Em nosso caso, dois emocionais descompensados.

Depois de anos sofridos, onde perdi as contas das tantas vezes que quase a perdi... Eu não consigo focar nessas dores passadas, mágoas que não me trouxeram nada de valor.

Eu sei, aprendi com isso, me tornei de alguma forma mais responsável, honesta e madura. Sei me impor melhor, relaxar mais, desprender-me. É, até consigo ser menos impulsiva.

Tentei, tentei, tentei. Ainda tento tomar as rédeas de mim, de um sentimento. Isso é tão falho...

Mas então lembro de nós.Eu lembro da fotografia do seu rosto em minha direção, os teus olhares tão pacientes, sensíveis e as vezes provocantes penetrando os meus. Cada detalhe do seu sorriso, ressaltando seus lábios em destaque ao seu batom vermelho... De noites nossas, ou noites que existiram apenas na minha mente em sonhos. (Acordada ou não, rs.)
Lembro da fotografia do repouso dos meus braços ao teu, do teu colo, do nosso gramado tão verde e alegre, flutuando em beira ao nosso amor dourado, vívido e único.
Leve... Eu me sinto leve com esses pensamentos. Nossas risadas ecoam em mim, trazendo arrepios em meu corpo, até rebobinar cada madrugada que vivemos.
Segredos, conversas e momentos. Nossos.
E tudo continua tão único porque a brisa que ressaltava em teu cabelo bagunçando-a toda frente a suas mechas, assumindo sua timidez diante de mim, é a mesma brisa que toca meus cabelos ruivos hoje.
Já não posso olhar para um certo cômodo do meu quarto sem pensar na malícia que só você entende ou perceber, quando retorno a Alfea para cumprir obrigações, aquele canto da parede onde nos desnorteamos frente a nossos desejos. Já não posso encontrar com as estrelas sem pensar em cada uma que te dediquei, sabendo do íntimo histórico da sua família viciada na via láctea. Todas elas são suas e não da sua irmã que sempre buscou roubar seu brilho.

Talvez seja por isso que nada mudou, certo? Tudo mudou!
As coisas podem se transformar com a gente... Cada fase nos amplia, evolui e aumenta essa forte conexão. Fecho meus olhos e não existe sentimento negativo, em meu peito, sinto que é recíproco, não posso perguntar e ter certeza.

Nossas memórias estão presas ao mistério de um futuro. São juras eternas de um apoio sem fim, mesmo com ponto final... É cuidado, proteção, querer bem.

Reflito, ouvindo o som chuvoso, assim como aqueles serenos na varanda que nos atingiu, regando tanto, lavando nossas almas onde nos precisamos mais uma vez.

Adormeço sozinha, murmurando problemas vitais, mergulhando em nostalgias ansiando colecionar memórias pelo resto de nossas vidas logo depois de encontrar fotos avulsas de uma mesma noite de natal onde andávamos de mãos dadas pelo gramado onde estudamos logo depois de acabar o jantar para todos alunos notáveis, antes dessa época em nossa adolescência aprontávamos juntas bagunçando o mesmo mundo antes de salvá-lo novamente quando recebíamos suspensão por semanas ou meses diante dos murmúrios de pessoas que faziam de tudo para nos afastar, inclusive sua irmã Beatrix.

Me sentia nervosa ao receber o convite para o Natal que seria celebrado em Alfea para os alunos notáveis e como fui a primeira das fadas a se transformar, claro que estaria num lugar vip para algo assim. Então decidi me arrumar a caráter, um vestido vermelho junto a um batom do mesmo tom assim como o salto alto que calçava. Entro no saguão e encontro Stella que logo caminha até mim com uma postura erguida acenando com a cabeça e um riso metido com seu bico fechado, ao nosso lado alguns alunos passavam e alguns seguranças confiscavam identidades que dispensavam a nós duas sem que precisássemos nos apresentar.

Midnight memories - BloomicyOnde histórias criam vida. Descubra agora