PRÓLOGO

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SETE DIAS


O bastante para transformar vidas



 

Agradecimentos

Agradeço à minha filha Júlia e aos seus colegas que frequentavam nossa casa, pois foram eles que me inspiraram a escrever este livro. Isso quando eles tinham cerca de nove anos. Lá em 1986. Nessa época, escrevi o primeiro capítulo (a situação que se desenrola no terceiro dia da história). O título então escolhido para a obra foi "A mochila de nylon". Bem mais tarde, em 2012, resolvi retomar a escrita do livro e mudei o enredo, amadureci os personagens principais (dei a eles idades entre 16 e 17 anos), mas mantive como centro da obra o caso da mochila de nylon.

Sou grato à Júlia também por me oferecer os subsídios para escrever este livro. Não somente ela contribuiu para o enredo da obra, mas outras pessoas com as quais convivi e ainda convivo colaboraram para minha escrita e me incentivaram, mesmo sem saber que o estavam fazendo.

 Meu reconhecimento especial à minha revisora, Vivi, a quem chamo de "olhos de lince" (por motivos óbvios), pois sem sua ajuda não poderia mostrar esta obra a ninguém. Ela tratou meu livro com muito carinho e dedicação.

Agradeço imensamente ao meu irmão Roni e à minha irmã Rosa, pela paciência de ler esse catatau de páginas e por me incentivarem a continuar sempre.


Nota do autor                                                   

As localidades mencionadas neste livro existem de fato, mas aqui, na ficção, elas são diferentes das da vida real. O que era de se esperar...

Como é de se esperar também, quaisquer semelhanças com pessoas ou fatos da vida real serão meras coincidências.

 


Prólogo

Machucado subia, apressadamente, a rua Comandante Rubens e Silva. Ele se achava atrasado para o churrasco que ia ter na casa da sua ex-namoradinha de infância, a Ju. Detalhe: ela, na época, e, certamente, agora, não tinha nenhuma ideia dessa atribuição que lhe fora feita. A única aproximação entre os dois é que eles estudavam na mesma escola e na mesma sala no primeiro ano do ensino fundamental. Nesse ano em que estudaram juntos, não houve um dia em que eles tivessem trocado alguma ideia, conversado sobre alguma coisa. O dia em que ficaram mais próximos um do outro aconteceu no final do ano, na formação no palco, onde Machucado ficou numa fileira atrás dela. Contudo, ele, com os seus seis anos, a elegeu como a sua eterna namorada — isso ele proclamava para todos, principalmente para a sua família. Esse "namoro" foi rompido. Machucado teve que ir morar em São Paulo com os seus pais. Seu pai foi fazer uma pós-graduação em veterinária e um estágio no prestigiado "Centro Veterinário Butantã". Quando voltou, Machucado já tinha 14 anos. De lá para cá, já haviam se passado três anos, e entre o Machucado e a Ju não houve nenhuma interação, apesar de morarem em ruas próximas. O máximo que acontecia eram pequenas trocas de olhares, leves e tímidos sorrisos. As suas vidas mudaram de rumo. Estudarem em colégios diferentes foi um dos motivos do afastamento.

Inesperadamente, para ele, Ju, no dia anterior, o convidou para um churrasco na casa dela. Era um aniversário de 16 anos da amiga da Ju, Dani. Aquilo o deixou completamente inebriado. Quase não dormiu naquela noite. Era o momento em que poderia rolar alguma coisa entre eles.

Apesar da Ju não ter dito a hora, ele imaginou que seria mais ou menos na hora do almoço. Por isso, achou que estivesse atrasado, pois já eram 13h30. Mesmo achando que estava atrasado, entrou na padaria do seu Jorge, que ficava na rua Comandante Rubens e Silva, em frente à rua em que a Ju morava. Entrou para comprar um Trident de eucalipto. "Vai que rola um beijo", pensou na hora. Ele queria estar prevenido.

Quando Machucado estava saindo da padaria, lembrou que tinha que levar dois refrigerantes. Era a contribuição dele para o churrasco. Assim tinha sido determinado. Resolveu voltar para comprar os seus refrigerantes, quando um carro entrou, em alta velocidade, subindo na rua da Ju. Entrou "cantando" pneus. Machucado notou que eles jogaram algo no terreno baldio, que ficava à direita. Não houve nem tempo do Machucado raciocinar alguma coisa, e logo surgiram duas viaturas da polícia, também em alta velocidade, com as sirenes e os giroflexs ligados.

Machucado, depois de ver aquela cena, fez uma dedução lógica: o carro da frente estava sendo perseguido pela polícia. O que ele fez foi jogar o "flagrante" no terreno.

Isso aguçou a curiosidade do Machucado. O que poderia ser aquele "flagrante"?

 Drogas? Armas? Dinheiro?

Machucado constatou que a cena do "flagrante" sendo jogado no terreno só foi vista por ele. Não havia ninguém na rua, certamente por estar fazendo um calor tremendo — o sol, naquela hora, estava a pino. Para não dizer que não havia ninguém, no prédio da esquina, à esquerda, uma senhora estava na janela. Era Dona Olga. Machucado, entre outros, a conhecia pelo hábito de ficar na janela e saber de quase tudo que ocorria na rua. Não só por ver, da sua janela, os acontecimentos, mas por pegar uma informação aqui e outra ali. Dona Olga estava, certamente, atordoada com todo aquele movimento das sirenes e dos carros em alta velocidade, "cantando" os pneus na curva da sua esquina. Por isso mesmo, ela não estava olhando em direção à rua da Ju, e, sim, à Comandante Rubens e Silva, talvez na esperança de presenciar a subida de mais algum carro em alta velocidade.

Isso dava a oportunidade ao Machucado de agir sem ser visto.

Machucado caminhou em direção ao terreno. Ao chegar de frente para o terreno, que não era murado, ele viu, sobre a montoeira de lixo, uma mochila quase em bom estado. Só podia ser ela o "flagrante". O resto eram lixos em sacos, pneus velhos, um sofá e uma carcaça enferrujada de algo que um dia havia sido uma bicicleta, e que, indubitavelmente, já tinha alegrado algumas pessoas.

Machucado olhou para um lado, olhou para o outro, como se quisesse ter certeza de que ninguém estava espreitando o que iria fazer. Ele sentia que o que estava prestes a acontecer não era correto. Mesmo assim, movido pela sua imensa curiosidade, entrou no terreno, pisando, com cuidado, naqueles sacos de lixo — que, muitas vezes, se desfaziam com a sua pisada. E, assim, ele foi em direção à mochila. Ela não estava muito longe. Ao chegar bem perto, ele a segurou e ergueu. Ela estava pesada. Muito pesada.

Machucado não tinha ideia do que iria causar ao se apoderar do "flagrante". Se ele soubesse, com certeza, deixaria a mochila onde estava.

Se levasse a mochila, o estopim seria aceso, e não teria mais volta.


Machucado levou a mochila.

***

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