Capítulo 1

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A luz do sol entrava pela janela sem pedir licença, e infelizmente, esta batia diretamente no seu rosto. Era segunda-feira, e mais um dia de aula lhe cobrava que levantasse da cama. Seu despertador ainda nem tinha tocado mas o Sol já se fazia presente. Acreditava que depois da chuva de ontem, o dia amanheceria nublado e úmido, mas na verdade estava bem quente. Ela estava pensando sobre todas as coisas que faria hoje, quando ouviu um grito no andar de baixo.

– Aisha, você vai ser atrasar!! – Era a sua mãe, exagerada como sempre. Ainda faltava uma hora pra aula começar. Tempo suficiente pra se arrumar

– Mãe, ainda está cedo! – Ela gritou já começando a se levantar, olhou pela janela e viu as poças de água na rua, resultado da chuva de ontem. Foi ao banheiro fazer sua higiene pessoal antes de realmente se atrasar.

Logo, estava pronta para mais um dia de aula, enquanto descia a escada pensava na escola "onde teria ótimas aulas e se enriqueceria de conhecimento". Quem ela queria enganar; não aguentava mais a escola, e dava graças a Deus por estar no último ano.

Chegando no andar de baixo se deparou com a mesa posta e com seus pais e irmão sentados tomando o café. Seu irmão já tinha 20 anos. Era bastante alto para sua idade, sendo chamado de "poste" por Aisha quando a mesma queria provocá-lo. Tinha a pele branca e os cabelos negros como o seus. Seus pais estavam no auge da beleza! Sua mãe, loira com olhos verdes, e seu pai com lindos olhos castanhos e cabelos pretos, os quais ela e seu irmão haviam herdado.

– Bom dia, que bom que conseguiu levantar da cama. – Comentou o seu irmão fazendo graça com a sua cara.

– Ha, Ha. Estou morrendo de rir. Você não tem o que fazer, não? Aliás o que você tá fazendo aqui? – Seu irmão não morava mais com os seus pais havia uns dois anos, desde que foi pra universidade e agora tem seu próprio apartamento.

– Não posso mais vir à casa dos meus pais? – Retrucou, com uma expressão presunçosa.

– Não a essa hora da manhã, e ainda vim encher a minha paciência, que já está pouca! – Replicou a garota, de olho em um pedaço grande de bacon quando uma buzina de um carro conhecido toca do lado de fora da sua casa. Mal tinha começado a comer e já estava na hora de ir.

– Aisha, pelo amor de Deus, vai logo antes que a Agnes quebre essa maldita buzina. – Sua mãe, impaciente, pediu olhando pela janela.

– Okay, okay. Já estou indo! Beijos, amo vcs – Saindo de casa o mais rápido que conseguia, pediu desculpas a Dona Vera que estava no seu jardim reclamando do barulho.

– Bom dia, Agnes. Algum problema com a sua buzina? – Perguntou com uma bom dose de ironia. Ela e Agnes eram amigas desde pequenas. Se conheceram no jardim de infância e não separaram-se até hoje. Então, a Lia apareceu e viraram um trio inseparável. – Aliás, você tem notícias da Lia? Ela não me responde, e os pais dela também não sabem onde ela está.

– Bom dia, querida amiga! Respondendo a sua primeira pergunta, não, a minha buzina está funcionando perfeitamente. – Seu sarcasmo era tão implacável quanto a de Aisha, por isso se davam tão bem. Contudo, ela também demonstra a mesma preocupação com a outra amiga. – E sobre a segunda pergunta, a resposta também é não. Lia não me mandou nenhuma mensagem desde sábado à noite.

– Estou preocupada, ela nunca fez isso. Sair por aí sem avisar a ninguém não é algo que ela faria. Você sim! Mas ela? – Lembrou da última conversa que tiveram. Lia não tinha dito nada sobre viajar, e se ela fosse "fugir" avisaria as suas duas melhores amigas.

Algo estava lhe incomodando. Pensar que a amiga fugiria sem avisar nada parecia algo tão infundável quanto afirmar que a eletricidade era uma fantasia, ou que a Terra era plana. Ela sentia uma angústia; um aperto no peito. Não estava tendo um bom pressentimento.

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