CAPITULO UNICO

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— Era pra você ter nascido alfa, sua aberração. — Ele gritou em um rosnado, continuando sua sessão de socos. — Você é um inútil, levou a vida da sua mãe em troca de que? Ter que fazer eu aturar um ômega idiota? Um viadinho de merda?

Seus gritos continuaram por no mínimo mais uma hora, eu sentia o sangue quente escorrer pela minha orelha e pescoço, além do corte ardendo em minha testa e o meu braço que estava com uma dor insuportável, provavelmente tinha quebrado novamente.

Dizer que eu estou acostumado com isso é horrível, mas é a verdade. Eu perdi a conta de quantas vezes isso aconteceu e a quantos anos isso vem acontecendo, mas na maioria das vezes Ron chega bêbado em casa e desconta todas as suas frustrações em mim. Os socos e xingamentos persistem por no mínimo uma hora e meia e depois disso ele cansa e desmaia no sofá e eu vou para o hospital mais próximo com a mesma desculpa de sempre "me meti em brigas de rua", mas não é como se eles fossem se importar com a verdade, na nossa sociedade o alfa tem muito mais poder que o ômega.

Quando eu tive certeza que Ron estava completamente desmaiado, me esforcei para se levantar e ir para o banheiro lavar pelo menos o rosto, já que a minha visão estava embaçada.

Alguns minutos para chegar até a porta me fez ter a certeza que meu braço esquerdo estava quebrado, novamente, nada que eu não esteja acostumado, mas mesmo assim era um saco.

Tentei deixar meu rosto no mínimo apresentável e fiquei parado por uns minutos, esperando minha visão voltar ao normal. Quando eu tive certeza que eu poderia andar sem cair ou parecer um bêbado, eu fui em direção à porta, saindo com o máximo de silêncio possível.

O caminho até o hospital não foi muito longo, eram no máximo dez minutos de caminhada, mas isso não impediu os olhares tortos que eu recebia de todos que passavam do meu lado.

Entrei pelas portas duplas e fui até a recepcionista, que já me conhecia pelas minhas visitas quase semanais ali, nós conversamos as coisas necessárias de sempre e então eu me sentei em uma das cadeiras vazias, esperando a minha vez de ser chamado.


— Hm... Joshua? — O médico olhava em na prancheta e eu me levantei, esperando ele me dizer aonde ir. — Segunda porta à direita, o médico está te esperando.

Eu entrei no corredor e fui até a porta indicada, batendo duas vezes antes de entrar.

— Boa noite, eu sou o seu médico hoje. — Um garoto, com um sorriso enorme disse, estendendo a mão. — Noah Jacob Urrea, você deve ser o Joshua, certo?

— Eu não consigo mexer o meu braço. — Murmurei em resposta, vendo ele abaixar a mão com um rosto compreensivo. — Sim, sou o Josh.

— O que aconteceu com você? Deveria tomar mais cuidado, menino.

— Algumas brigas de rua. — Desviei o olhar, olhando para baixo. — Pode cuidar disso logo? Preciso voltar para a casa.

— Tem certeza que é só briga de rua? — Seu rosto ficou sério e ele se aproximou, examinando meus ferimentos. — Só se essa foi uma briga onde só você apanhou, os seus dedos nem vermelhos estão. Você tentou dar um soco pelo menos?

— Isso não é da sua conta. — Rosnei baixo, desviando o olhar. — Pode, por favor, cuidar disso logo?

— Não rosne para mim, isso é falta de educação. — O sorriso voltou em seu rosto e ele começou a limpar as feridas. — E então, vai contar o que aconteceu?

— Eu já disse que não importa. — Fiz uma careta de dor. — O seu trabalho é cuidar dos meus machucados, não tomar conta da minha vida.

— Você é bem estressado, não acha? — Ele se afastou, rindo. — Muito estresse para um corpo tão pequeno.

What's a soulmate? • ABO • one shot [Nosh]Onde histórias criam vida. Descubra agora