Fuga Noturna

210 15 6
                                    

      - Vamos Eliza! - Implorou Peggy - Diga quem é, juro que não vou implicar com ele.
      Quando a Schuyler do meio pediu acobertamento para sair a escondida a noite, suas irmãs reagiram de formas totalmente opostas: Angélica suspirou e lhe lançou um olhar de reprovação, Já Peggy (que era quem normalmente aprontava esse tipo de coisa) deu uma piscadela murmurando "até que enfim".
      As duas passaram o dia todo a sondando para saber quem era "o tal garoto que estava desvirtuando Eliza" (palavras da mais velha)
      - Já disse que não vou contar quem é - disse pela centésima vez, enquanto terminava de se arrumar
      Philip Schuyler era extremamente rigoroso com suas filhas e era impossível que ele autorizasse qualquer um a sair a noite, principalmente para um encontro. O único porém era seu sono pesado, do qual as garotas (principalmente Peggy) se aproveitavam.
     - como vamos te encobertar sem nem sabemos quem é o sortudo? - disse Peggy - É o John Laurens?
     - O John não é gay? - Perguntou Angélica - Oh, não me diga que é o Burr...
     Eliza fez uma careta:
     - ele namora a Theo...  Acha mesmo que eu faria isso?
     - Você está fazendo tanto mistério sobre quem é... - A mais velha deu os ombros - Provavelmente é alguém com quem você não deveria estar
      - É o Lafayette? - Gritou Peggy com tom de acusação - É por isso que não quer nos contar! Eliza, se você estar saindo com o Laff eu nunca vou te perdoar...
      Eliza riu. Ela sabia bem da queda que a caçula tinha pelo francês e, mesmo se não soubesse, ela e o rapaz não chegavam a ser mais que colegas.
     - Você sabe que não é comigo que tem que se preocupar, com Mulligan em cima dele...
      Foi interrompida pelo som de um único buzinar de moto
      Eliza correu para a janela com suas irmãs em seu encalço. Angélica, consumida pela curiosidade, até esqueceu de sua compostura.
     Lá embaixo, uma garota esperava escorada em sua moto. Olhava constantemente para os lados. Tinha cabelos negros, assim como todas suas roupas, exceto por sua jaqueta vermelho viva, assim como seu batom de mesma cor, que contratava com o breu da noite.
      As irmãs olhavam boquiabertas
      - Maria Lewis? - Peggy murmurou, depois do que pareceu uma eternidade de olhares estranhos
     - Agora vocês entendem porque eu não queria contar...
      Angélica a olhava consternada ainda procurando palavras.
      - Você é lésbica? - perguntou Peggy sem rodeios
      - não, eu sou bi
    A Schuyler mais velha bufou, semicerrando os olhos
      - Olha Angie, não me olhe assim, eu não escolhi isso e...
      - Do que você está falando? Eu não ligo se você fica com garotos ou com garotas, mas você sempre me contou as coisas e achei que confiasse mais em nós... - sua expressão continuava ressentida
      Lá embaixo, mais uma vez a buzina soou
      - fiquei com medo de vocês me julgarem...
      - nós nunca faríamos isso - disse Angélica, passando o braço por seus ombros
      - inclusive isso torna você um pouquinho mais interessante - Peggy agarrou sua cintura
      Ficaram abraçadas até Maria buzinar pela terceira vez
      - Ande logo com isso, antes que essa garota acorde toda a vizinhança - Angélica a empurrou pela porta - e juízo!
     Desceu as escadas silenciosamente com o coração aos pulos.
      Maria estava pronta para buzinar novamente quando Eliza chegou na porta. A Lewis sorriu, fazendo-a corar. Sabia que as irmãs observavam da janela, mas estava bem com isso e pela primeira vez beijou a garota sem medo
    

Rise Up - Coleção de One shortsOnde histórias criam vida. Descubra agora