Prologue

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Quinta-feira 8 a.m.

Handong já sabia bem o que fazer naquele horário. Se retirou de seus aposentos e nadou até próximo da superfície da água, os feixes de luz solar atravessando a fina camada que dividia a água do ar.

Era um daqueles dias em que a manhã é fresca e a maresia se torna mais forte. O barulho das ondas batendo nas rochas ecoava por toda a praia, mas esse não era o único som presente.

Handong conseguia escutar ao longe aquela canção que lhe era tão familiar, naquela voz tão suave e doce, que preenchia seus ouvidos como uma frequência especial. E como se fosse a energia que ela precisava para começar o dia, se sentiu renovada.

Lá estava ela, como todos os dias, seus cabelos loiros refletiam a luz do sol conforme ela caminhava pela areia. O vento insistia em balançar seus fios dourados e bagunçá-los.

Como todos os dias, mirava o horizonte e cantava uma belíssima canção à plenos pulmões, e cada grão de areia que encostava em seus pés descalços, cada gaivota que voava naquela manhã, cada folha e cada molécula de ar, pareciam cantar junto com ela.

Como todos os dias, ela dançava sozinha ao som da própria voz e girava em seus calcanhares de braços abertos. Ao final da música, respirava profundamente, o ar fresco com cheiro de água marinha entrava por suas narinas e preenchia seus pulmões, e de olhos fechados, ela expirava, todo o ar oxigênio que fora transformado em gás carbônico ia se esvaindo aos poucos do corpo da garota.

Então ela abria os olhos, os dois olhos mais carregados de sentimentos e emoções que Handong já havia visto na vida.

Os humanos definitivamente são todos intrigantes, mas nenhum deles, jamais, chegaria aos pés dela.

Thalassophobia (fear of the sea) - YoodongOnde histórias criam vida. Descubra agora