Yoohyeon caminhou pela areia de volta ao encontro de seu pai. Sr. Kim havia acabado de pegar seus equipamentos de pesca na casinha de palafitas.
– Já fez sua cantoria diária, minha filha? – ele perguntou, num tom brincalhão que ele sempre usava com sua filha.
– Já, papai, você devia tentar cantar um pouco também, eu já disse ao senhor o quanto é relaxante?
– Você sempre diz, mas minha voz não serve pra isso, ao contrário da sua. Como esperado, puxou à sua mãe. – Sr. Kim comentou divertido, se concentrando em ajeitar a isca no anzol de sua varinha de pesca.
A menção à mãe de Yoohyeon sempre a trazia uma mistura de sensações. Não era apenas saudade, havia algo a mais.
Trina, mãe de Yoohyeon, faleceu quando a mesma tinha apenas quatro anos de idade, de causas desconhecidas. Quase 16 anos depois, ainda não haviam descoberto a causa de sua morte e isso a intrigava muito. Yoohyeon não tinha tantas lembranças de sua mãe, visto que era muito nova, mas algumas coisas marcaram a memória dela e, uma delas, era que Trina cantava maravilhosamente bem. Todas as noites, antes de dormir, ela cantava belíssimas canções de ninar para a pequena Yoohyeon e elas sempre funcionavam.
Yoohyeon suspirou pesadamente com a lembrança da mãe. Nesse momento, já estava de pé com seu pai no deck de pesca, apenas divagando sobre o passado.
– Papai, posso voltar pra casa? Preciso fazer uns trabalhos pra faculdade. – É claro que ela não iria fazer trabalho nenhum, apenas precisava espairecer.
– Claro, caranguejo, já já eu volto com o almoço pescado na hora. – Sr. Kim a fitou e deu uma piscadela. Caranguejo, era assim que ele a chamava desde criança, um apelido que, no início, a irritava, mas ela aprendeu a se acostumar. Seu pai dizia que era por que ela tinha casca grossa, e não deixava ninguém conhecer seus sentimentos de verdade. Bom, ela não podia dizer que era mentira.
A casa em que moravam ficava a apenas duas quadras da praia.
Yoohyeon poderia facilmente ser confundida com uma amante de praia. De fato, em certos momentos talvez ela fosse, gostava de sentir a areia entre os dedos, gostava de sentir o calor do sol acariciando sua pele, gostava de sentir a brisa e o cheiro de maresia que ela emanava, gostava até mesmo de pescar com seu pai, de deitar no deck à noite e observar as estrelas, disso tudo ela gostava.
O problema aparecia quando o assunto era o mar. O máximo que a menina de cabelos loiros conseguia era deixar a água gelada do mar encostar em seus pés. O tremor se misturava com o pânico e os batimentos acelerados, uma verdadeira crise de ansiedade, o oceano e toda aquela imensidão, realmente a assustava. Yoohyeon sofria de talassofobia, medo intenso de vastas águas salgadas, oceanos e até mesmo animais marinhos. Com excessão dos peixes, estes ela saboreava todos com o maior prazer e ajudava seu pai nas pescas e vendas dos mesmos.
Ao chegar em casa, Yoohyeon subiu as escadas e foi em direção a seu quarto. Os feixes de claridade da luz solar atravessavam as cortinas. Nas paredes pintadas num tom clarinho de salmão, haviam alguns posters enquadrados e pendurados, um deles era da própria banda dela. Sim, a garota era vocalista de uma banda no colégio, não era muito conhecida mas vez ou outra faziam shows em um bar próximo, shows esses que Sr. Kim não deixava de ir nenhuma vez. Yoohyeon montou a banda com suas amigas após inúmeras insistências de seu pai para que a menina utilizasse o dom que lhe foi atribuído pelos deuses.
Yoohyeon cambaleou desastrada até estar próxima de sua escrivaninha, apanhou uns lápis e um caderno de desenhos. Esse era um hobby meio secreto. Ela gostava de desenhar pra relaxar, por algum motivo, o barulho do lápis no papel e as formas criadas pela pigmentação do grafite transmitiam a garota uma certa paz.
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Thalassophobia (fear of the sea) - Yoodong
Fanfic"Talassofobia (grego: θάλασσα, thalassa, "oceano" e φόβος, phobos, "medo") é um intenso e persistente medo do mar. Pode incluir medo de estar em profundos corpos d'água, medo do vasto vazio do oceano, das ondas do mar, animais marinhos e medo de est...