A perda

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- Jeke, acorda pra vida, o sinal abriu vamos - Chamou minha mãe.

- Ah! - Sai do lugar onde tinha moscado e fui até ela, que já estava no meio da faixa de pedestres.

Um barulho de pneu cantando me chamou atenção. Um carro vermelho fosco estava a toda velocidade, ultrapassando o sinal vermelho, e já estava bem próximo à minha mãe.

- MÃE! - Gritei-a.

Ela virou e viu o carro tarde de mais.

Seu corpo foi arremessado longe com o impacto, parando no meio da rua.

- Mãe? - Murmurei.

Corri até ela, e me ajoelhei ao seu lado. Segurei seu corpo no chão e segurei sua cabeça, seus cabelos brancos estavam manchados de sangue, forçava os olhos pra ficarem abertos. Sua barriga sangrava muito e haviam varios cortes pelo corpo.

- Mãe aguenta!- Pedi desesperado.

Segurei firme sua mão sentindo lagrimas descendo.

Uma multidão se formou em poucos segundos.

O homem que a atropelou desceu do carro cambaleando.

- S-sua i-idiota... - Disse completamente alcoolizado e soluçando- n-não entre na frente do carro...- Então voltou pro carro.

As pessoas em volta o seguraram, outras chamaram a polícia, outras a ambulância.

- Alguem! Alguem por favor me ajude!- Pedi desesperado.

- Ei, tirem aquela criança de perto do corpo- Disse alguém da multidão.

As lágrimas não paravam.

Abracei seu corpo ensangüentado, senti alguém colocando a mão em meu ombro.

Levantei a cabeça e vi um homem vestido de bombeiro, ele tirou minha mãe dos meus braços contra minha vontade e um dos médicos se aproximou.

Ele examinou-a depois fechou os olhos.

- Sinto muito- Falou em minha direção.

As lágrimas saíram com mais força.

- Mãe...- Murmurei.

Me arrastei até ela e peguei sua mão de volta, ela me olhou como se fosse dizer algo e então fechou os olhos.

Sua mão afrouxou.

Levei sua mão ate meu rosto e fechei os olhos chorando.

Colocaram seu corpo em uma maca e levaram o corpo de minha mãe.

Olhei-os colocando seu corpo delicado na ambulância. Sua expressão serena foi a última coisa que vi antes de fecharem as portas.

Minhas pernas e braços estavam cobertos de sangue junto com minhas roupas, baixei a cabeça tentando segurar o choro. Comecei a tremer e soluçar.

Um tumulto começou.

Me virei e vi o homem que atropelou.

Uma raiva descomunal me invadiu. Por um momento parei de chorar me levantei com dificuldade, caminhei até o homem que tentava abrir a porta amaçada de seu carro.

A polícia que havia chegado pedia inutilmente para o homem fazer o teste do bafômetro.

Aproximei-me dele e agarrei seu braço.

Assim que ele virou afundei meu punho em seu rosto.

Ele cambaleou para trás e caiu.

- SEU FILHO DE UMA PUTA -Gritei Exaltado.

Dead LineOnde histórias criam vida. Descubra agora