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Enquanto Dazai estava esparramado no sofá, escutando sua música preferida em seus fones de ouvido, Kunikida estava instruindo Atsushi como ele deveria organizar perfeitamente os casos arquivados. Ranpo, como sempre, estava observando a janela da Agência de Detetives Armados, degustando um sorvete de baunilha. Tanizaki e Naomi estavam revendo os casos que teriam para a semana, Kenji e Yosano estavam conversando aleatoriamente, e logo o Presidente entrou na sala e todos instantaneamente deixaram o que estavam fazendo e prestaram 100% de atenção ao que o Presidente ia falar.

🌾 Hoje temos um caso importante para realizar, e envolve a Máfia do Porto. Devemos averiguar seus armamentos. Recebemos uma denúncia de que eles haviam sido roubados de uma corporação russa. - Conclui o Presidente, mantendo seu rosto neutro como sempre-

🌾 O Ranpo poderia resolver isso facilmente... - Dazai recoloca um fone de ouvido, fechando um olho suavemente, quase como em deboche. -

🌾 É, eu poderia.. mas sinceramente não estou muito a fim, e além de mais, se eu resolvesse todos os casos dessa agência, nenhum de vocês teria emprego. - Ranpo dá uma lambida em seu sorvete, fazendo com que qualquer comentário ou tentativa de empurrar o trabalho para si, fosse anulada instantaneamente. -

🌾 Bem... Retomando... - Kunikida retoma ao assunto, em uma tentativa de diminuir o clima tenso que se formou. - Nos diga, quem será encarregado dessa função?

🌾 Selecionei o Dazai para essa missão. Como sabemos, ele já trabalhou na Máfia do Porto, conhece bem os lugares e a mente de Mori, sabe exatamente como ele pode pensar, e também...

Enquanto o presidente falava, a mente do moreno viajou longe. Desde seu último encontro com o ruivo, nada foi esclarecido sobre ele dizer ''o retorno de Odasaku''. Sua mente martelava constantemente; será que escutei corretamente? Será que Chuuya não quis tirar uma com minha cara?

🌾 Dazai? Está nos escutando? Concorda com o plano? - O presidente fala diretamente com o moreno, fazendo com que todos o olhassem.-

A expressão de Dazai estava claramente atordoada por seus pensamentos, mas logo se transforma em um sorriso.

🌾 Claro, vou resolver isso logo.

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O clima frio de outono, juntamente com uma garoa fina compunham a atmosfera do local. Observar aquele cenário novamente era nostálgico para Dazai, principalmente quando Odasaku e Ango estavam consigo; ali sim, ele era feliz genuinamente. Claro, ele mesmo tinha consciência das atrocidades que cometera e se arrependia por tê-las feito, porém era a forma que o mesmo encontrara de viver em um meio tão caótico. Ao atravessar alguns galpões, a luminosidade do local foi diminuindo, e não por que era tarde da noite, mas sim por que a falta de iluminação estava atrapalhando sua visão.

🌾 Brincar de ''Esconde-Esconde'' nunca foi sua praia, não é mesmo? - Dazai fala em um tom sarcástico, sem se virar um centímetro sequer.-

Seu olhar estava direcionado para um beco escuro, aonde por alguns segundos, o silêncio tomava conta, até ser quebrado por uma voz comum.

🌾 Achei que tivesse ignorado totalmente o que eu havia lhe dito, já estava considerando cortar seu pescoço fora por me fazer de idiota esse tempo todo. -Um rapaz ruivo sai da escuridão, segurando seu chapéu com sua mão direita, e com a esquerda sustentava seu paletó atrás das suas costas.-

🌾 E como poderia? Aquela informação não saia de minha mente há semanas. Espero que não esteja me enganando novamente, você sabe o quant...

🌾 Tá, tá, ''o quanto aquele fracassado significa pra mim''. Você as vezes é previsível demais, isso me enoja. - A expressão de Chuuya se transforma em um completo desgosto ao se referir à Odasaku.- Me siga logo antes que desconfiem.

O moreno o olhou confuso; não entendeu o por quê do desgosto com seu antigo colega. Seguindo pelo beco escuro, o ruivo abriu um alçapão, e indicou que o moreno fizesse silêncio. Os dois desceram as escadas de concreto, e um corredor extremamente longo se formou diante dos dois. Ambos caminharam em silêncio, até darem de cara com uma sala. Sua porta era reforçada, continha cadeados e um sistema de segurança reforçado. Assim que o ruivo lança um olhar para as câmeras, as mesmas se desligam automaticamente.

🌾 Como você... - Dazai o olha perplexo.-

🌾 Akutagawa e Gin acham que você merece saber disso, então estamos contando com a ajuda deles.

🌾 Me lembre de agradecê-los em um próximo encontro.

🌾 Acha que sou o que? Sua empregada? Vá se fuder e abra logo essa porta. Se não formos rápidos, estamos ferrados.

O moreno revirou os olhos e caminhou até a fechadura da porta, a mesma era pesada e muito bem adornada, como um cofre que, em seu interior, continha uma grande fortuna. Para Dazai, Odasaku era sua fortuna.

Ele empurra a porta, fazendo um pouco de força e, assim que é aberta por completo, vê aquele local como uma biblioteca pequena. Todas as paredes eram forradas de livros das mais diversas temáticas. O chão era um carpete em tons escuros, indistinguíveis por conta da pouca presença de luz.

Levantando um pouco seu olhar, notou algumas bandejas de alimento, kits de primeiros socorros e, recostado na parede uma silhueta muito familiar.

🌾 O-odasaku...? -A voz de Dazai se fazia trêmula-

Sem resposta, a cabeça do homem pendia para baixo, com uma perna levantada e seu braço apoiado sob seu joelho.

🌾 Ele parece sedado... talvez por conta das dores. -Chuuya entra na sala, olhando ao redor- Gin achou isso em uma de suas patrulhas. Ela não se recordava muito do rosto, e quando me deu as características físicas - Ele lança um olhar de nojo à Odasaku- não tive dúvidas que era ele.

Lágrimas começam a escorrer do rosto de Dazai, ele se ajoelha na frente do amigo e o abraça, um choro silencioso e completamente envolvido em sentimentos se apossa do moreno.

🌾 Ande logo com essa idiotice e vamos indo.

🌾 Por que ele estava aqui? Não me diga que não buscou qualquer tipo de informação sobre isso.

🌾 Olha aqui, já foi muito eu ter lhe trazido aqui, tá?! Seu ingrato... Vamos logo embor...

O colarinho do ruivo é segurado com força e puxado contra o corpo do moreno. Seus rostos estavam extremamente colados, era como se eles pudessem se...

🌾 ME DIGA LOGO O POR QUE ELE ESTÁ AQUI, OU EU LHE MANDAREI DE VOLTA PARA O INFERNO! - O rosto de Dazai voltou-se para uma expressão totalmente revoltada e extasiada, juntamente com as lágrimas- EU SEI QUE VOCÊ TEM OS DOCUMENTOS, EU VI VOCÊ MEXENDO NELES ASSIM QUE NOS VIMOS.

O ruivo ficou sem palavras, o olhando perplexo. Ele sabia que se o contrariasse, ele realmente o mandaria para o inferno.

🌾 Estou tentando lhe proteger, Dazai. Confie em mim, pelo menos uma vez. Já está ótimo que Odasaku está vivo, não?

O moreno começa a apalpar as vestes do ruivo, procurando o bolso aonde ele colocara os documentos.

🌾 Eu não sou mais um adolescente de 15 anos, Chuuya. - Ele encontra um bolso falso no blazer de Chuuya, pegando um envelope marrom- E eu não consigo confiar em quem me esconde coisas.

Chuuya é solto. Assim que Dazai o faz, ele arruma seu colarinho e arruma seu chapéu, se virando e dando meia volta na sala.

🌾 Você é definitivamente um filho da puta. Estarei esperando no lado de fora da sala. - Uma lágrima escorre do rosto de Chuuya, que a limpa rapidamente.-

Assim que o ruivo vai se afastando, o moreno rasga euforicamente o envelope e começa a ver os antigos registros. Cartas antigas, com alguns dados e anotações, todas com...

🌾 A letra de Mori? Odasaku estava tendo uma conversa com ele... Mas...

Os olhos do moreno se arregalaram por um segundo, ele deixou os outros papéis caírem, enquanto lia a mesma sentença, pelo menos, mais umas 7 vezes.

🌾 ''Eu preciso que você me mate''... Você... deve estar se questionando o por que eu disse isso... né?

Uma voz rouca ecoa na sala, o moreno se vira lentamente, com lágrimas nos olhos novamente... porém não era visível se aquele choro era tristeza ou emoção.

🌾 Odasaku... por que?





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