O sorriso abre e os olhos fecham

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Desde pequeno, eu sorrio com os olhos. Digo, sorrio com a boca e também com os olhos. E volta e meia alguém ( principalmente mulheres) comenta: "acho tão bonito como você sorri com os olhos, como eles se fecham quando as bochechas sobem!". Dizem também que a minha gargalhada tem um sonoridade boa, contagiante; fico feliz ao ouvir isso, me parece um elogio sem segundas intenções. Digo isso pois também gosto de ficar perto de pessoas que me fazem rir só porque estão rindo.
  Levar alguém a sorrir por causa do nosso riso é um presente dos céus; não há treino, curso de verão ou ensaio frente ao espelho que dê jeito. Quando isso acontece, a barriga dói, os ombros relaxam e as diferenças, caso existam, se transportam para outra estação. Rir, gargalhar, com o riso descontrolado do outro é um ato tão sincero quanto involuntário. Esta, sem dúvida, é uma daquelas pequenas coisas da vida a que todos dizem que devemos dar mais valor no nosso dia a dia.
  Eu sempre fui de rir com facilidade. Na verdade, sempre fui fácil em muitos aspectos. Amo fácil, acredito fácil, perdoo fácil, me divirto fácil e fecho os olhos para sonhar com toda a facilidade do mundo. Quando sorrio, os meus olhos se fecham, mas não apenas fisicamente: eles se fecham para todos os preconceitos, todas as dessemelhanças, todas as coisas que não afetam a intensidade e a verdade do meu sorriso. Rir de olhos fechados é um estado de alma presente. Às vezes, fico pensando o que seria do mundo se todos ouvissem a gargalhada dos outros e fechassem os olhos para julgamentos...

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