3. Apaixonando-se

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Ela entrou em meu escritório sem hora marcada e perguntou à minha secretária se poderia falar comigo durante cinco minutos. Eu conhecia Janice há muito tempo. Ela estava com 36 anos e nunca se casara. Havia namorado vários rapazes no passar dos anos: um deles durante seis anos, outro durante três e diversos por curtos períodos de tempo. De vez em quando ela marcava uma consulta comigo para conversar sobre alguma dificuldade específica que estivesse atra- vessando em algum de seus relacionamentos. Ela era, por natureza, uma pessoa disciplinada, consciente, organizada, reflexiva e cuidadosa. Era completamente fora de suas características aparecer em meu escritório sem ter hora marcada. Eu pensei: "Só alguma crise terrível faria Janice vir aqui sem marcar hora!" Então, eu disse à minha secretária que a deixasse entrar. Eu realmente esperava vê-la debulhada em lágrimas, contando-me alguma trágica experiência logo ao abrir a porta. No entanto, ela literalmente pulou para dentro da sala, gritando animadamente. Perguntei-lhe:
— Como vai, Janice?
— Ótima! Nunca estive melhor em toda minha vida! Vou me casar!
— É mesmo? (Eu disse demonstrando minha surpresa!)
  — Com quem? Quando?

— Com David Gallespie, em setembro.
— Isso é maravilhoso! Há quanto tempo vocês estão namorando?
— Três semanas Sei que é loucura, Dr. Chapman, depois de ter namorado tantos outros e de tantas vezes ter chegado perto do casamento. Eu mesma não consigo acreditar, mas sei que o David é o rapaz certo para mim! Pela primeira vez, nós dois descobrimos isso juntos. É claro que não falamos sobre esse assunto na primeira vez que saímos, mas uma semana depois ele me pediu em casamento. Eu sabia que ele me pediria e eu aceitaria. Nunca me senti assim antes, Dr. Chapman. O senhor conhece os relacionamentos que tive nesses anos todos e as lutas que enfrentei. Em cada um deles, alguma coisa não dava certo. Nunca tive a certeza de que deveria me casar com algum deles, mas agora sei que David é a pessoa preparada por Deus!
Nesse momento Janice balançava-se para frente e para trás em sua cadeira, rindo e dizendo:
— Sei que parece loucura, mas estou tão feliz! Nunca estive tão feliz em toda minha vida.
O que acontecia com Janice? Ela estava apaixonada. Em sua mente, David era o homem mais maravilhoso que ela já conhecera. Ele era perfeito em todas as formas e também se tornaria o marido ideal. Ela pensava nele dia e noite. O fato de David já ter sido casado duas vezes, possuir três filhos e ter passado, somente no ano anterior, por três empregos diferentes, não lhe importava. Ela estava feliz e convencida de que seria feliz para sempre ao lado dele. Ela estava apaixo- nada.
A maioria de nós entra para o casamento pela porta do amor. Ocorre de conhecermos alguém que possui

características físicas e marcas em sua personalidade que disparam nosso sistema de alerta. Os sinos tocam, e iniciamos o processo da descoberta de quem é aquela pessoa. No primeiro encontro pode ser servido um hambúrguer ou um belo churrasco, dependendo do nosso orçamento, mas nosso real interesse não é a comida. Entramos em uma empreitada para conhecer o amor. "Será que esse sentimento ardente, borbulhante dentro de mim pode ser algo real?"
Algumas vezes essas borbulhas desaparecem logo no primeiro encontro, ao descobrirmos que ela, ou ele, funga. Dessa forma, as borbulhas escorregam por nossos dedos e não queremos mais comer hambúrguer com aquela pessoa. Outras vezes, porém, as borbulhas aumentam mais ainda, após aquele lanche. Arrumamos vários outros encontros e, pouco tempo depois, o nível de intensidade chega a ponto de afirmarmos: "Acho que estou apaixonada (o)!" Pensando que o sentimento é algo real, contamos à outra pessoa esperando que isso seja recíproco. Se não é, as coisas dão uma esfriada, ou então redobramos nossos esforços para impressionar e acabamos, eventualmente, conquistando o amor de nosso (a) amado (a). Quando há reciprocidade começamos a falar sobre casamento, porque todos concordam que estar apaixonado é um alicerce necessário para se manter um bom casamento.
Nossos sonhos, antes de nos casarmos, são de êxtase conjugai... É difícil pensar-se qualquer outra coisa, quando estamos apaixonados.
Nesse patamar, estar apaixonado (a) é uma experiência eufórica. Um fica emocionalmente obcecado pelo outro. Dorme-se pensando nele (nela). Levanta-se e

As Cinco Linguagens do Amor - Gary ChapmanOnde histórias criam vida. Descubra agora