Capítulo 8

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Eu não sabia como agir na presença dele, ficava constrangida sem razão, parecia uma daquelas adolescentes com os hormônios à flor da pele. Isso é no mínimo ridículo, o cara tem uma linda noiva, acham mesmo que vai reparar numa garota que se comporta como uma jovem descobrindo o que é um orgasmo?

Tenho que deixar de ser iludida.

Nesse momento me encontro virada para o outro lado do quarto, evitando olhar para o meu chefe que está a alguns passos da minha cama. Não sei se foram os remédios, mas minha mente não consegue se concentrar por mais do que alguns segundos, perco a linha de raciocínio facilmente.

Quando estava conseguindo pegar no sono, sinto alguém me cutucar.

- Ei, Melina?

- Hum? - Me virei meio grogue para ver o que ele queria.

- Seu celular. - Me mostrou o aparelho que estava com a tela acesa.

- Ah, atende aí. – Meu sono era tanto que não tinha forças nem para falar.

- Mas...

Senhor Jonathan falava alguma coisa que eu não faço a mínima ideia do que se tratava, só me entreguei ao sono que me puxava para um desligamento profundo.

***

Sentia um afago leve no meu cabelo, estava com preguiça e isso só fazia aumenta-la ainda mais.

Abri meus olhos encontrando duas esmeraldas me fitando, sendo imediatamente arrebatada em um tipo de magnetismo que fazia todos os meus pelos eriçarem.

Minha respiração começou a ficar entrecortada e minhas bochechas queimavam.

- Bom dia, Melina. – Oh merda, meu nome ficava extremamente sexy sendo pronunciado por ele.

- Bom dia, senhor. - Impressão minha ou estávamos - ele - nos tratando com muita intimidade? Definitivamente isso não está indo bem.

- Descansou? - Sua mão ainda continuava em meu cabelo.

- Hum, sim. - Eu não sabia o que falar, estava parecendo uma pata engasgada e sentia um turbilhão de borboletas no estômago.

Graças a uma luz divina a doutora Lídia entrou no quarto e isso fez com que ele se afastasse. Ainda sim vi o olhar inquisidor da médica sobre nós, era claro que ela iria achar estranho, percebi que os dois tinham intimidade - totalmente profissional, creio eu - e deduzi que a mesma deve conhecer a noiva dele.

Olha a minha reputação descendo as cataratas do Iguaçu gente.

- Você está ótima, vou te dar alta, mas recomendo que vá a um psicólogo o quanto antes. – Disse enquanto anotava algo em sua prancheta.

- Ah sim, vou procurar. - Não vou, a verdade é que não tenho dinheiro para isso e com certeza o plano de saúde da empresa não cobre.

- Posso te recomendar alguns que conheço. - Ofereceu educadamente.

- Agradeço por sua gentileza. - Sorri pouco confiante.

- Se ela não procurar, eu mesmo marco um, me preocupo com a saúde de meus colaboradores. - Senhor Jonathan é muito prestativo, mas isso só está piorando a situação, pare please!

- Oh claro, muito bem moça, pode se trocar e ir para casa. Boa sorte. - A doutora saiu da sala nos deixando novamente sozinhos.

- Vou te esperar lá fora. - Me olhou uma última vez antes de sair do quarto.

Fiquei por um minuto parada, mas logo me levantei e fui para o banheiro. Constatando que estava destruída, meu cabelo parecia um ninho e nem vou falar das olheiras.

Foi aí que me dei conta de que não tinha ligado para Alicia trazer roupas, na verdade nem sabia que ia receber alta. O jeito era vestir a roupa suja mesmo, quem manda ficar sonhando besteiras e esquecer das coisas.

Procurei por alguma sacola onde poderiam ter colocado, mas só encontrei uma daquelas lojas bem caras - que eu levaria o ano todo juntando meu salário para comprar uma calcinha - e tinha um cartão com o meu nome.

"Aceite como um pedido de desculpas.

J. "

Abri a sacola retirando um vestido preto de comprimento médio e mangas longas, juntamente com uma botinha na cor bege e uma lingerie que me deixou constrangida. Tomara que ele tenha mandado alguém comprar e não tenha aberto essa sacola, acredito nisso.

Já que não tinha opção para negar e não iria sair com a camisola do hospital mostrando minha preciosa bunda, vesti o que tinha ganhado.

Depois de enrolar uns dez minutos no banheiro tentando dar um jeito no meu cabelo, peguei minha bolsa e saí do quarto. Ele me esperava do lado de fora com uma mão no bolso e a outra segurando o celular, estava falando com alguém.

- Sim querida, vou estar em casa essa noite, tive um imprevisto... Ok, também te amo.

Viu só? Não adianta ficar fantasiando Melina, meninas não se enganem.

- Senhor? - Só então ele virou-se para mim dando uma "conferida".

- Ficou muito bom, espero que tenha gostado. - Ficou bem até demais, parece até que andou invadindo meu guarda roupa.

- Agradeço a gentileza. - Tentei me sentir menos constrangida ao seu olhar, mas falhei miseravelmente.

- Bom, vamos?

- Vou ligar para minha amiga vir me buscar, não se preocupe. - Procurei meu celular na bolsa.

- De modo algum, eu te levo e seu celular está sem bateria. - Pude constatar isso ao tentar ligar.

Parece que o universo está tentando me pôr a prova.

***

O caminho até minha casa foi num silêncio pouco confortável, só trocamos algumas palavras para que eu pudesse lhe ensinar em qual direção seguir. Por um milagre não pegamos trânsito e em pouco mais de trinta minutos estávamos em frente ao meu prédio.

- Enfim chegamos. - Quebrei o silêncio.

- Não é muito longe do hospital. - Respondeu me olhando.

- Muito obrigada por tudo mesmo, sobre a conta do hospital...

- Já falamos sobre isso, não insista. - Vi sua face endurecer.

- Mas não acho certo, foi um acidente mas o senhor poderia ter me levado até um hospital mais simples.

- Estou vendo que não desiste fácil, eu não poderia pensar naquele momento qual o tipo do hospital que você gostaria de ser atendida. - Esse diálogo não estava seguindo um caminho amigável por isso resolvi encerrar a conversa, além disso ele era uma pessoa conhecida imagina a confusão se fosse flagrado com outra mulher em seu carro mega luxuoso.

- Estou vendo que somos dois teimosos e não vamos chegar a uma conclusão tão cedo, não quero tomar mais seu tempo. Agradeço novamente. - Soltei o cinto e tentei abrir a porta do carro, sem sucesso.

- Deixa que eu abro. - Esticou o braço ficando muito próximo, de um modo que podia sentir ainda mais seu perfume.

- Obrigada. - Senti minhas bochechas quentes e pude ver um sorriso discreto em seus lábios.

- Por nada, até breve. - Olhou-me pela janela.

- Até. - Acenei uma última vez e entrei no edifício.

***

Oi gente, tô sumida né? Pois é, fiquei doente e depois tive um bloqueio criativo, tenso. Mas finalmente consegui voltar a escrever e esperamos que continue assim. Agradeço a todos(as) que me mandaram mensagem e se preocuparam, obrigada mesmo. Jonathan e Melina na área novamente, boa leitura!

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⏰ Última atualização: May 15, 2020 ⏰

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