Eu não sabia como agir na presença dele, ficava constrangida sem razão, parecia uma daquelas adolescentes com os hormônios à flor da pele. Isso é no mínimo ridículo, o cara tem uma linda noiva, acham mesmo que vai reparar numa garota que se comporta como uma jovem descobrindo o que é um orgasmo?
Tenho que deixar de ser iludida.
Nesse momento me encontro virada para o outro lado do quarto, evitando olhar para o meu chefe que está a alguns passos da minha cama. Não sei se foram os remédios, mas minha mente não consegue se concentrar por mais do que alguns segundos, perco a linha de raciocínio facilmente.
Quando estava conseguindo pegar no sono, sinto alguém me cutucar.
- Ei, Melina?
- Hum? - Me virei meio grogue para ver o que ele queria.
- Seu celular. - Me mostrou o aparelho que estava com a tela acesa.
- Ah, atende aí. – Meu sono era tanto que não tinha forças nem para falar.
- Mas...
Senhor Jonathan falava alguma coisa que eu não faço a mínima ideia do que se tratava, só me entreguei ao sono que me puxava para um desligamento profundo.
***
Sentia um afago leve no meu cabelo, estava com preguiça e isso só fazia aumenta-la ainda mais.
Abri meus olhos encontrando duas esmeraldas me fitando, sendo imediatamente arrebatada em um tipo de magnetismo que fazia todos os meus pelos eriçarem.
Minha respiração começou a ficar entrecortada e minhas bochechas queimavam.
- Bom dia, Melina. – Oh merda, meu nome ficava extremamente sexy sendo pronunciado por ele.
- Bom dia, senhor. - Impressão minha ou estávamos - ele - nos tratando com muita intimidade? Definitivamente isso não está indo bem.
- Descansou? - Sua mão ainda continuava em meu cabelo.
- Hum, sim. - Eu não sabia o que falar, estava parecendo uma pata engasgada e sentia um turbilhão de borboletas no estômago.
Graças a uma luz divina a doutora Lídia entrou no quarto e isso fez com que ele se afastasse. Ainda sim vi o olhar inquisidor da médica sobre nós, era claro que ela iria achar estranho, percebi que os dois tinham intimidade - totalmente profissional, creio eu - e deduzi que a mesma deve conhecer a noiva dele.
Olha a minha reputação descendo as cataratas do Iguaçu gente.
- Você está ótima, vou te dar alta, mas recomendo que vá a um psicólogo o quanto antes. – Disse enquanto anotava algo em sua prancheta.
- Ah sim, vou procurar. - Não vou, a verdade é que não tenho dinheiro para isso e com certeza o plano de saúde da empresa não cobre.
- Posso te recomendar alguns que conheço. - Ofereceu educadamente.
- Agradeço por sua gentileza. - Sorri pouco confiante.
- Se ela não procurar, eu mesmo marco um, me preocupo com a saúde de meus colaboradores. - Senhor Jonathan é muito prestativo, mas isso só está piorando a situação, pare please!
- Oh claro, muito bem moça, pode se trocar e ir para casa. Boa sorte. - A doutora saiu da sala nos deixando novamente sozinhos.
- Vou te esperar lá fora. - Me olhou uma última vez antes de sair do quarto.
Fiquei por um minuto parada, mas logo me levantei e fui para o banheiro. Constatando que estava destruída, meu cabelo parecia um ninho e nem vou falar das olheiras.
Foi aí que me dei conta de que não tinha ligado para Alicia trazer roupas, na verdade nem sabia que ia receber alta. O jeito era vestir a roupa suja mesmo, quem manda ficar sonhando besteiras e esquecer das coisas.
Procurei por alguma sacola onde poderiam ter colocado, mas só encontrei uma daquelas lojas bem caras - que eu levaria o ano todo juntando meu salário para comprar uma calcinha - e tinha um cartão com o meu nome.
"Aceite como um pedido de desculpas.
J. "
Abri a sacola retirando um vestido preto de comprimento médio e mangas longas, juntamente com uma botinha na cor bege e uma lingerie que me deixou constrangida. Tomara que ele tenha mandado alguém comprar e não tenha aberto essa sacola, acredito nisso.
Já que não tinha opção para negar e não iria sair com a camisola do hospital mostrando minha preciosa bunda, vesti o que tinha ganhado.
Depois de enrolar uns dez minutos no banheiro tentando dar um jeito no meu cabelo, peguei minha bolsa e saí do quarto. Ele me esperava do lado de fora com uma mão no bolso e a outra segurando o celular, estava falando com alguém.
- Sim querida, vou estar em casa essa noite, tive um imprevisto... Ok, também te amo.
Viu só? Não adianta ficar fantasiando Melina, meninas não se enganem.
- Senhor? - Só então ele virou-se para mim dando uma "conferida".
- Ficou muito bom, espero que tenha gostado. - Ficou bem até demais, parece até que andou invadindo meu guarda roupa.
- Agradeço a gentileza. - Tentei me sentir menos constrangida ao seu olhar, mas falhei miseravelmente.
- Bom, vamos?
- Vou ligar para minha amiga vir me buscar, não se preocupe. - Procurei meu celular na bolsa.
- De modo algum, eu te levo e seu celular está sem bateria. - Pude constatar isso ao tentar ligar.
Parece que o universo está tentando me pôr a prova.
***
O caminho até minha casa foi num silêncio pouco confortável, só trocamos algumas palavras para que eu pudesse lhe ensinar em qual direção seguir. Por um milagre não pegamos trânsito e em pouco mais de trinta minutos estávamos em frente ao meu prédio.
- Enfim chegamos. - Quebrei o silêncio.
- Não é muito longe do hospital. - Respondeu me olhando.
- Muito obrigada por tudo mesmo, sobre a conta do hospital...
- Já falamos sobre isso, não insista. - Vi sua face endurecer.
- Mas não acho certo, foi um acidente mas o senhor poderia ter me levado até um hospital mais simples.
- Estou vendo que não desiste fácil, eu não poderia pensar naquele momento qual o tipo do hospital que você gostaria de ser atendida. - Esse diálogo não estava seguindo um caminho amigável por isso resolvi encerrar a conversa, além disso ele era uma pessoa conhecida imagina a confusão se fosse flagrado com outra mulher em seu carro mega luxuoso.
- Estou vendo que somos dois teimosos e não vamos chegar a uma conclusão tão cedo, não quero tomar mais seu tempo. Agradeço novamente. - Soltei o cinto e tentei abrir a porta do carro, sem sucesso.
- Deixa que eu abro. - Esticou o braço ficando muito próximo, de um modo que podia sentir ainda mais seu perfume.
- Obrigada. - Senti minhas bochechas quentes e pude ver um sorriso discreto em seus lábios.
- Por nada, até breve. - Olhou-me pela janela.
- Até. - Acenei uma última vez e entrei no edifício.
***
Oi gente, tô sumida né? Pois é, fiquei doente e depois tive um bloqueio criativo, tenso. Mas finalmente consegui voltar a escrever e esperamos que continue assim. Agradeço a todos(as) que me mandaram mensagem e se preocuparam, obrigada mesmo. Jonathan e Melina na área novamente, boa leitura!
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O Companheiro
Roman d'amourTrilogia Irmãos McFury, livro 1. Jonathan McFury é um CEO reconhecido mundialmente por seu nome e as empresas que construiu e herdou. Um homem imparcial, amargo como o mais forte Whisky, vive um relacionamento por comodidade e não precisa pedir abso...