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Andei pelas ruas dessa cidade, mas nada me tirava da cabeça o teu olhar prateado como a lua cheia que se esgueira no céu azul.

Minha terapeuta falou que tenho ocupado tempo demais pensando em você, sentindo teu cheiro, vendo teu sorriso, ansiando teu toque.... bem, já me perdi outra vez, talvez ela tenha razão: tu fez morada em mim e eu insisto em deixar a porta aberta mesmo que você tenha partido.

Me vejo presa em castelos de areia que eu mesma construí, onde sou a bela donzela a procura de um amor e você foi a onda fria que me desmanchou e me deixou nos lábios um gosto que, embora salgado, me faz querer mais e talvez seja por isso que nunca fui uma amante dos pontos finais, porque sempre há um porém, uma vírgula, um travessão, uma vaguidão em que eu me prendo na busca de novos pretextos para continuar. Talvez esse seja meu erro, enxergar a vastidão em pequenos infinitos...

A verdade é que eu me agarro nos vestígios teus que andam soltos pela casa, sigo as pistas do mistério dos teus gestos contidos, do teu silêncio cortante, do teu beijo frio no dia em que me deixou, mas eu não sou boa com a lógica, na verdade acho que meus pensamentos racionais já se foram a muito tempo com os ventos de Netuno e minha mente floresce milhares de ilusões em que dançamos sob a chuva, em que nossos toques são como estrelas em colisão, em que teu beijo me desmancha e teu olhar agateado me mantém refém.

Eu não quero que isso seja mais um amontoado de palavras que descrevem um coração quebrado, um quarto vazio, uma tarde fria de novembro, um quadro desbotado na sala... Te esquecer não está sendo fácil, ainda mais quando presa em mil armadilhas, ouço o excesso tua ausência gritar em meus ouvidos.

Talvez eu deva escrever teu nome na areia como forma de deixar o vento levar teus vestígios de mim

ou

Talvez te cuspir em palavras numa poesia barata seja uma boa forma de aceitar tua partida; ou melhor, te eternizar como o amor inteiro que podia ter sido e não foi.





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⏰ Última atualização: May 26, 2020 ⏰

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