🎖️ Prólogo🎖️

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Quatro anos atrás...

- Linda isso não é uma aventura, que pode estar parando a qualquer hora, tem que ter disciplina e responsabilidade. - meu pai falava como se eu não tivesse juízo algum - Eu posso falar com alguns amigos, eles podem-te dizer como é difícil uma mulher no exército.

- O senhor só pode está brincando comigo General. - Virei os olhos de indignação - Pai, - respirei fundo para explicar - eu sinto essa necessidade, eu quero servir com honra meu país, e eu sei que posso!

- Carol meu bem, me ajuda aqui, - meu pai falava claramente perdendo a paciência - ela vai continuar com essa história até quando?

Se minha mãe estivesse aqui ela olharia de relança para nós e apenas sorriria, já até teria se acostumado com nossas sessões de discussão sobre eu servir minha pátria. Desde criança nunca parei em um lugar fixo, meu pai sendo militar sempre era transferido de um lugar a outro. Aprendi não me apegar a lugares, nem a muitas pessoas, principalmente depois que perdi minha mãe para câncer de útero a cinco anos. Ainda dói, a falta que ela me faz dói, ela era o ponto de equilíbrio entre eu e meu pai, nossa ponte de paz. Hoje somos dois fios descascados relando um no outro.

- O senhor sabe que não pode me impedir, - sentei no banco da cozinha, de frente a ele na ilha - não quero sua permissão, só sua aprovação.

- Menina! - esbravejou.

Vi em seus olhos verdes escuros o fogo da raiva queimando, iguais aos meus, ele passou os dedos na testa, depois apoiou ambas as mãos na ilha. O encarei de igual para igual por que sabia que não havia acabado.

- Vamos fazer um trato, - olhei curiosa, pois ele jamais voltaria atrás de uma decisão - você tem minha autorização para ir para USMA.

Saltei do banco e fui direto ao seu encontro para dar um abraço, mas ele ergueu a mão em protesto.

- Não terminei de falar Linda, - me coloquei em postura com as mãos para trás me preparando para mais um sermão - não pense que terá regalias por eu ser quem sou, se você reclamar ou quiser abandonar a faculdade, e eu estou falando sério menina, você vai fazer o curso que eu impor sem questionar, compreendeu?

- Sim senhor! - e bati continência com o rosto sério, mas explodindo de felicidade por dentro - Permissão para falar general?

- Permissão concedida. - ele disse relaxando com o assunto.

- Obrigada Pai! - falei indo ao seu encontro, e ele já com os braços abertos me recebeu.

- Filha eu sempre sonhei coisas melhores para você, trabalhei e trabalho duro para obter resultado nisso, e você quer seguir o mesmo caminho que trilhei?

- O senhor é o meu maior exemplo pai, - apertei ainda mais o abraço - eu sempre tive o mesmo objetivo que o senhor teve quando era da minha idade, é só aceitar.

Ele me soltou do abraço, olhou em meus olhos, iguais aos dele, e deve ter visto algo que lhe fez entender que eu realmente estava determinada a seguir carreira militar, pois saiu da cozinha em passos sempre firmes e cochichando. Tirei o celular do bolso e mandei uma mensagem para Jordan.

"Passarinho foi autorizado a pousar no ninho verde"

Logo recebi resposta;

"General caiu de cabeça é!? Como conseguiu convencer o coração de granada !?"

Ri alto, minha única amiga sabia que eu não voltaria atrás da minha decisão, e que iria batalhar por ela até obter resultado positivo.

"Tática de negócios"

Meu celular acendeu em chamada e eu já sabia que era Jordan.

- Ele acha que vou querer abandonar o curso, pelas dificuldades de uma mulher no exército. - atendi falando com cautela para evitar ele ouvir.

- Você sabe que ele pode mexer uns pauzinhos para você querer desistir. - Jordan falou com desprezo, ela é minha única amiga, nesses anos de idas e vindas, ela também era filha de militar e entende como é essa vida. Conseguimos manter a amizade firme e tínhamos o mesmo objetivo, West Point.

- Sei, mas nem por isso vou desistir. - falei um pouco mais alto para deixar clara a minha decisão. - E aí preparada para a mudança!?

- Não acredito que vamos para o exército Linda. - Jordan quase gritava do outro lado da linha.

- Calma J, tem quatro anos de formação acadêmica militar, depois que vamos para o exército. - Falei rindo da sua empolgação.

- Eu sei, eu sei... - ela deve ter feito aquela cara torta de quando não gosta que é corrigida - ...mas só de estarmos na USMA já é passaporte carimbado boba.

- J nos vemos em julho. - falei só para ter um pouco mais de certeza que realmente eu iria.

- Shanw nós vemos em julho. - e ela desligou, e eu fiquei ainda na cozinha, pensando que a partir daquele mês tudo iria mudar. E tudo foi mudado mesmo.

SAPPER - COMPLETAOnde histórias criam vida. Descubra agora