𝐒𝐄𝐗𝐓𝐀𝐏𝐄 ||CARLOS SAINZ

Eight|| Monaco

UM MÊS DEPOIS

JASMIN

Um mês havia se passado desde que o vídeo foi postado. Era estranho pensar em como minha vida tinha mudado tanto em tão pouco tempo. O escândalo ainda reverberava, mas, aos poucos, o mundo parecia seguir em frente. Eu também estava tentando. Não via Carlos desde a gravação do comunicado, e isso, de certa forma, me trouxe uma paz que eu não sabia que precisava. Não o ver me dava espaço para pensar, para organizar minha vida, e, principalmente, para seguir com o que realmente importava.

Enquanto o jatinho particular de Lewis cortava o céu azul, eu tentava me concentrar na tela do meu laptop. A continuação do meu livro de romance estava pela metade, e meus dedos pairavam sobre o teclado, mas as palavras não vinham com a mesma facilidade de antes. O escândalo, a pressão da mídia, e a culpa ainda pairavam sobre mim como uma sombra, mas escrever era a única coisa que me mantinha centrada.

Olhei pela janela, observando as nuvens passando depressa. Estávamos a caminho de Mônaco, onde Lewis tinha compromissos, e eu aproveitava para me afastar de Londres por uns dias. Ele sempre me dizia que era uma boa ideia sair um pouco, e eu concordava. Embora não fosse uma fuga completa, era o suficiente para respirar.

Lewis estava sentado à minha frente, folheando algumas páginas de um contrato, mas eu sabia que ele estava me observando de canto de olho, como sempre fazia quando estava preocupado comigo. Ele sabia que eu não estava totalmente bem, mesmo que não dissesse nada.

— Como vai a escrita? — Ele perguntou, finalmente quebrando o silêncio.

Suspirei, fechando o laptop e cruzando os braços, me recostando no assento.

— Devagar. — Admiti. — Minha cabeça ainda está em um milhão de lugares ao mesmo tempo, e isso me impede de focar no livro.

Lewis me olhou com aquela expressão calma e protetora que ele sempre tinha quando se tratava de mim. Ele não precisava dizer nada para que eu soubesse que ele entendia. Desde o começo dessa confusão, ele sempre esteve do meu lado, mesmo quando não concordava com minhas escolhas. Era reconfortante saber que, pelo menos, eu tinha uma pessoa em quem podia confiar cegamente.

— Não precisa se apressar com isso. — Ele disse, fechando o contrato e se inclinando para frente. — Sei que você gosta de manter sua carreira independente, mas não vai ajudar forçar algo enquanto sua cabeça ainda está a mil.

Assenti, sabendo que ele estava certo. Mas também sabia que o trabalho era minha forma de lidar com tudo. Escrever me ajudava a escapar da realidade, a criar um mundo onde as coisas faziam sentido, onde eu tinha controle.

— Eu sei. — Respondi, olhando para ele. — Mas a escrita é a única coisa que me ajuda a seguir em frente sem enlouquecer. Quando coloco tudo no papel, parece que estou processando melhor as coisas.

Lewis me deu um meio sorriso, aquele típico "eu entendo" que sempre me dizia mais do que qualquer palavra poderia.

— E quanto a... — Ele hesitou, claramente escolhendo as palavras. — E quanto ao Carlos? Vocês não se falaram desde o comunicado, certo?

Balancei a cabeça.

— Não. — Respondi rapidamente, quase num reflexo. — Não nos falamos desde então, e, para ser honesta, acho que é melhor assim.

Houve um silêncio, e eu sabia que ele estava ponderando sobre o que dizer em seguida. Lewis sempre foi cuidadoso quando se tratava de me aconselhar sobre minha vida pessoal, especialmente depois de tudo o que aconteceu.

— Acho que você está certa. — Ele disse, finalmente. — Mas... você está bem com isso?

— Estou. — Afirmei, com mais convicção do que realmente sentia. — A verdade é que, por mais que Carlos tenha sido importante para mim em algum momento, eu preciso me afastar de tudo isso. O que aconteceu foi... um erro. Nós dois sabíamos disso desde o começo, e continuar a alimentar qualquer tipo de relação, seja pessoal ou profissional, só ia complicar ainda mais as coisas.