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  #suspense

 

Ana chega em casa cansada, exausta, era sempre assim, acordava as seis, trocava seu bebê, preparava o café da manhã, comia e alimentava o filho, só então se arrumava para ir ao trabalho, deixando o pequeno com a mãe, em uma casa grande e verde, cheia de flores diversas, que ao lado da sua parecia um cafofo, na verdade a casa verde era dela, mas sua mãe achou mais propício que a filha ficasse com sua antiga residência, uma casa moderna de dois andares, que ela comprou com facilidade quando mais jovem, quando esbanjava dinheiro, quando seu pai a achava atraente o suficiente para ficar ao seu lado, eles não eram casados no civil, então quando arranjou outra minha mãe ficou somente com a casa, era a única coisa que estava em seu nome, e quando ela disse estar grávida, um ou dois meses depois, ele quase não aceitou registrar a menina como sua filha.
  Ela troca o bebê que estava em seu colo e o põe no berço, segundo sua mãe o bebê passou o dia todo berrando, por sorte então, ela não teria dificuldade em dormir essa noite, ela vai cedo a cama e a casa permanece em silêncio até a escuridão total tomar conta de seu corpo.
O silêncio acaba, uma voz grossa e familiar atinge os ouvidos de Ana e ela sente um sacolejo desesperado, abre os olhos, esperando o pior, mas solta um breve suspiro ao ver que é seu irmão mais novo, havia se mudado com ela para casa quando foi despejado de seu antigo apartamento no Rio.

- Engasgou, o bebê engasgou! - Gritou ele, com um rosto desesperado, sacudindo os ombros da irmã freneticamente.
Ao ouvir isso, Ana imediatamente pula da cama e vai ao berço acodir seu filho, agora ela podia ouvir o som de engasgo que fazia, esse som entraria mais tarde a sua lista imaginaria de sons que ela deseja não ouvir nunca mais, talvez entre para o top três. Após salvar seu bebê a ficha cai, seu irmão não a podia ter ajudado, ele estava morto, morreu ano pasado, em um incêndio e não tinha como as autoridades terem se confundido.
Ela mesma se certificou de que aquele idiota não tivesse chances de sobreviver.

Contos E Crônicas Demasiados CurtosOnde histórias criam vida. Descubra agora