O chapéu e a cobra

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Expresso Hogwarts

O barulho da locomotiva fazia com que Mia sentisse seu coração bater em diferentes partes de seu corpo. Não conseguia se concentrar no livro que trouxera,apenas raspava a capa de couro com as unhas curtas, quase imprensando seu nariz contra a janela. A luz refletia em seus olhos, e como um espelhos as imagens passavam feito um filme, sentia que poderia decorar cada detalhe daquele caminho.
Seus calcanhares batiam ansiosamente e a fraca luz do sol que entrava pelas janelas era o suficiente para aquecer o vagão,o que era ótimo já que estava tão frio na estação.

Mia por um segundo sentiu mais uma vez a sensação de vazio causar-lhe um mal estar. Já haviam passado meses desde a morte de seu pai adotivo,mas ela ainda sentia sua falta.
Lucio de longe não era perfeito e a garota sabia bem disso,mas ele fora seu pai para todos os efeitos. Investiu em sua educação, em encaminha-la no caminho que julgava ser o melhor para ela e a manteve escondida para que não pagasse pelos crimes de sua mãe.  Só porque Voldemort estava morto não significava que os comensais da morte deixaram de existir,ouviu seu pai mencionar algumas vezes um "projeto" de altíssimo sigilo com os comensais. Isso pouco lhe importava,na verdade a única informação relevante era a seguinte: Lucio Malfoy era seu pai,de quem experimentava o mais próximo de afeto real,o comensal da morte que também tinha um coração,um bruxo que sempre desejou a grandeza para seus filhos. Então comensal,auror ou até mesmo professor ,o que muitas vezes ele se fazia,Lucio era apenas seu pai.

Sua reflexão se fazia cada vez mais profunda e como um suspiro, as memórias invadiam sua mente lentamente como o ar em seus pulmões.

- Seja mais firme com a sua varinha,Amélia! Levante- a mais e execute o feitiço com mais clareza!   - Lucio fitava a menina mais nova com seus olhos gélidos transbordando descontentamento. - Estupefaça! 

E sem qualquer resquício de pena,um de seus funcionários fora estuporado,tamanha era a força do impacto quase diretamente na lareira.  Mia abriu a boca em surpresa,seus olhos buscavam desesperadamente um sinal de ferimento grave e quase respirou aliviada ao não encontrar nenhum. Sentindo o olhar de Lucio sobre si,apenas virou -se para o outro homem a alguns metros. Ergueu a varinha sem deixar transparecer o nervosismo de usar o feitiço, e com a melhor postura,alto e claro executou;

- Estupefaça!  - Um leve brilho emanou de sua varinha, o homem caiu três metros para trás em uma queda limpa e aparentemente sem dor.

Mia abaixou a cabeça e trouxe os braços para junto ao corpo. Fracassou depois de tantas tentativas do mesmo feitiço,mesmo que complicado para um bruxo de pouca idade,estava treinando já faziam dias. Decepcionada consigo mesma,arriscou levantar o olhar para seu pai e recuou meio passo ao ver indiferença em sua expressão.

- Volte para seu quarto e estude mais um pouco. Eu vou precisar sair agora. Se possível peça ao Draco para que repasse isto com você. -  Seu tom pingava a decepção de quem passou horas ali para nada.

- Sim, senhor. - Murmurou entristecida,abaixando a ponta da varinha.

Lucio tomou o queixo da criança na mão  esquerda e o ergueu para que seu olhar frio pudesse penetra-la com todo o impacto necessárioProferindo em seguida as palavras mais importantes,presentes em todas as lições e ensinamentos com a mesma intensidade.

 Journey of horcruxOnde histórias criam vida. Descubra agora