Ônix ( A Pedra Do Poder)

Capítulo 11

Era por volta das 17:00 horas, os raios dourados do sol da tarde refletiam nas brancas nuvens, revelando uma paisagem quase celestial no céu. As aulas se encerraram as 16:15 e todos os alunos já haviam seguido para suas casas cansados de um dia longo de estudos, com exceção de Iris que teve que ficar na escola até mais tarde para ajudar na limpeza, como parte de sua detenção. Ela estava juntando as folhas secas do jardim enquanto os outros faxineiros cuidavam da parte central do prédio, a escola era uma lugar bem grande para apenas dois funcionários cuidarem da limpeza, mas a escola não tinha verba o suficiente para pagar mais um funcionário, o que fez Iris pensar que essa detenção seria uma grande exploração. A garota já havia limpado uma boa parte do jardim, faltava pouco para terminar, até que foi surpreendida por uma aparição inesperada.

-Finalmente te encontrei. -Ela ouviu alguém dizer atrás de si.

Com o susto, ela olha para trás abruptamente deixando o enorme saco cheio de folhas secas e lixo cair no chão ao perder o equilíbrio por conta da velocidade no qual seu virou, fazendo com que novamente o gramado ficasse sujo. Ela não esperava que houvesse alguém na escola àquele horário, mas Trevor estava diante dela com aquele lindo sorriso que fazia seu coração querer explodir em seu peito. Agora ele estava usando uma jaqueta jeans com capuz, por cima de uma camisa branca com uma fênix tribal desenhada acima do peitoril. Iris teve que fazer um grande esforço para não ficar encarando-o.

-Tre-Trevor... O que ta fazendo aqui a essa hora? As aulas já acabaram a um bom tempo. -Ela quis saber, sentindo suas bochechas queimarem.

-Fiquei meio que "preso" ajudando a diretora com alguns papeis. -Disse ele timidamente, enquanto passava a mão em seu ombro.

-Ah... Entendi... -De alguma maneira Iris sentia que Trevor estava mentindo, mas não quis dizer nada. Até porque o que ele faz ou deixa de fazer depois da aula, não era de sua conta.

-Fiquei sabendo de sua detenção... Então pensei em vir aqui e quem sabe te levar pra casa. -Acrescentou, inclinando a cabeça para o lado como se procurasse o olhar de aprovação da garota, que logo ficou ruborizada.

- Por mim tudo bem... -Iris respondeu, após alguns segundos.

Normalmente Iris costuma ficar muito nervosa com a aproximação do garoto, mas hoje ela se sentia feliz. Eles quase nunca tem tempo para conversarem, pois sempre tem a interrupção de alguém, ou a garota acaba ficando nervosa de mais e foge. Mas alí estava ele, sorrindo gentilmente, fazendo seu coração palpitar, e não havia ninguém para os interromper... Ela não iria fugir dessa vez.

-Deixa que eu te ajudo! -Sugeriu, esticando o braço em direção ao saco de lixo, mas Iris o interrompeu.

-Você não esta vestido adequadamente para o serviço, senhor Trevor. -Disse tentando imitar a voz e a postura da coordenadora Amélia, fazendo Trevor erguer uma sobrancelha parecendo um pouco confuso. O garoto ainda não tinha reparado nas grandes luvas azuis nas mãos de Iris e nem no avental branco que protegia sua roupa, realmente ele não estava bem "equipado" para o serviço -E além disso não quero te envolver nas minhas bagunças... Então... Eu não vou demorar.

-Sendo assim... Vou esperar por você. -O tom suave na voz de Trevor, fez Iris sentir um leve arrepio e seu coração errou uma batida.

Era difícil se sentir a vontade perto de alguém como ele, que a trata como se fosse uma rosa rara e delicada. Fingindo uma tosse seca, Iris volta a juntar as folhas que haviam se espalhado, ela pretendia terminar a limpeza o mais rápido possível para enfim poder ir pra casa, e também ela estava curiosa quanto a presença de Trevor. Por que ele iria querer esperar por ela? Era uma questão a se discutir.

O tempo passou rápido e as luzes do prédio da escola se acenderam com o início do crepúsculo, Iris agora estava terminando de limpar as arquibancadas da quadra de futebol, que estavam cheias de chicletes grudados enquanto um dos faxineiros limpava o chão da quadra. Trevor estava escorado na parede da lanchonete com os braços levemente cruzados sobre o peito a observando de longe, em silêncio, como se temesse dizer algo que a fizesse fugir. Todos da escola sempre dizem que o melhor é se manter distante dela, e que a garota é uma péssima influência e poderia lhe meter em encrenca, mas vendo-a tão dedicada em terminar seu serviço, ele começou a se questionar se isso realmente era verdade.