Prólogo

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Em seus 25 anos, existiam poucas coisas nas quais Type se arrependia. Ele, de fato, era cabeça quente e sempre agia segundo seus impulsos e instintos, no entanto, por ele ser (ou se achar) uma pessoa com um forte senso de justiça, ele nunca se arrependia de suas ações, porque a maioria delas eram (para ele) justificáveis.

Isso tudo mudou depois que ele conheceu, e se juntou, a Techno. Muitos diziam que ele e o outro homem eram completamente o oposto um do outro e Type concordava plenamente com essa afirmação, porque ele nunca seria tão idiota quanto seu melhor amigo.

Jesus, Techno era aquele que tinha o direito de ser reconhecido como seu melhor amigo.

Assustador.

Mas voltemos a idiotice de Techno, que é o foco dessa narrativa.

Desde o momento em que ele se uniu a esse idiota, a vida de Type foi de mal a pior. Isso porque Noh tinha as ideias mais brilhantes quando se tratava de animá-lo quando, segundo ele, Type estava pra baixo.

Deixe-me frisar que Type nunca, nunca!, pediu por isso. Mas então, continuemos.

O moreno de fato tinha tido uma semana de merda no trabalho, e só Deus conseguiu impedi-lo de matar todos aqueles incompetentes, mas ele não estava "pra baixo".

Type estava de fato um pouco irritado demais, mais que o normal para Type, mas isso de maneira nenhuma justificava Techno ter aparecido em sua casa em plena sexta-feira (em sua noite de paz) para arrastá-lo de casa e terminar com suas bundas sentadas em um maldito bar.

A porra de um bar gay.

E não, ele não era um idiota homofóbico. Type sabia muito bem que Techno gostava de receber um pau em sua bunda e a muito tempo atrás ele havia superado isso, obrigado, mas o moreno ainda odiava esse tipo de lugar. Isso porque os malditos homos não o deixavam em paz.

Type sabia muito bem que era atraente e por fora parecia bem comportado (quase doce), mas isso era apenas uma ilusão. Ele não se importava com a tentativa patética de flerte em si, mas com todas as expectativas e julgamentos concretizados que os idiotas carregavam no olhar enquanto se aproximavam dele.

O olhar de decepção assim que Type abria a boca era o suficiente pra acalmar sua irritação, verdade. Mas ainda não era o suficiente pra força-lo a permanecer ali por mais de uma hora. E ainda ser obrigado a testemunhar mais uma crise de ciúmes patética do namorado de seu amigo.

Então, sim. Ele definitivamente iria matar Techno.

Type olhou novamente para o canto em que o namorado de Techno havia arrastado o idiota apenas alguns minutos depois deles terem entrado no bar. Mesmo depois de uma hora, a discussão parecia continuar firme e forte e Type sinceramente não sabia como Noh conseguia suportar aquele cara.

Afinal, como diabos ele conseguiu encontrá-los tão rápido? O próprio Type nunca tinha posto os pés nesse bar e sabia que seu amigo também não, então era verdadeiramente um mistério entender como esse ser se teletransportou para cá em míseros minutos.

Bastardo assustador.

Então, sim. A noite que deveria ser para animar Type, terminou exatamente desse jeito.

Type desviou o olhar quando um movimento a sua esquerda lhe chamou a atenção e fuzilou com o olhar o babaca que o encarava sorrindo. O cara continuou a sorrir mesmo sobre o peso do seu olhar, parecendo não muito assustado.

Bom, porque Type ainda não havia mostrado o quão aterrorizante ele poderia ser, e ele estava entediado.

Type não poderia ir embora enquanto Noh não lhe dissesse que estava tudo bem, enquanto Type não sentisse que estava tudo bem, então o moreno se resignou ao seu destino.

Ele estava pensando em como lidar com o idiota, quando seus pensamentos foram interrompidos por uma salva de palmas.

Quase automaticamente, não só Type, mas todos no bar se voltaram pra vê quem ou o quê era responsável por essa repentina animação.

Ao que parecia, uma banda começaria a tocar em breve. O moreno observou o grupo se mover com seus instrumentos enquanto se lembrava vagamente de Noh ter lhe dito mais cedo que esse bar de merda tinha uma programação de música ao vivo.

Bom. Ele tinha algo pra se distrair agora e mesmo o idiota que o observava mais cedo havia desviado sua atenção para o pequeno palco.

Excelente, Type pensou. Continuem assim.

Em poucos minutos, tudo parecia arrumado e o vocalista se apresentou, sorrindo animado demais e invocando uma pertubação no ambiente.

Tudo bem, ainda era bom.

A primeira música começou e Type perdeu o interesse rapidamente ao ouvir a letra com frases extremamente melosas se unir a melodia.

Ele aproveitou para pedir ao garçom que circulava uma nova cerveja e estava prestes a se levantar e ir ao banheiro quando uma batida chamou sua atenção.

Seu olhar inevitavelmente voltou ao palco.

Levou menos de um minuto pra achar o que havia chamado sua atenção e Type não pode deixar de arquear uma de suas sobrancelhas quando o encontrou.

Era o baterista.

Type sabia absolutamente nada sobre música, mas até ele conseguiu perceber que o homem tocando era muito bom. O som que a bateria fazia era chamativo, mas ritmado, energético e exigindo atenção.

Tudo isso era nada comparado a expressão no rosto do baterista. Existia alguma forma de alguém estar fazendo sexo sem realmente estar fazendo sexo? Porque era a única explicação para o que Type estava vendo agora. E esse tipo de expressão era algo que se deveria mostrar em público assim tão abertamente?

O homem parecia...

Em uma reação inédita, Type se sentiu ficar duro em suas calças. Não era realmente sua culpa nem nada do tipo, era quase uma reação normal com algo tão erótico sendo apresentado a sua frente.

Type, Type. Pobre bebê, idiota.

Você nunca deveria ter olhado.

Porque no momento que você olhou, você caiu

Aqui começa o chamado "destino".

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