Brumilla: amor improvável

Ela me deseja?

POV BRUNNA

A temporada fora do Brasil finalmente acabou, retornei para casa há um mês e me sinto muito mais feliz na companhia da minha família e dos meus amigos. Aprendi muito morando sozinha ou compartilhando alojamento com diversas pessoas do mundo, isso com certeza enriqueceu a minha vida, mas já era hora de voltar pra casa.

Nesse período fora do país, tive alguns encontros casuais, acabei ficando com alguns caras até interessantes, mas nenhum relacionamento sério. Faltava algo. Eu também não me interessava em manter um relacionamento, nunca procurei desvendar o motivo, me faltava vontade, sei lá.

Assim que retornei e o Bibiu, meu grande amigo, ficou sabendo, tratou de me chamar novamente para fazer parte do balé da cantora Ludmilla, ela estava em uma nova fase da carreira e testava algumas abordagens diferentes. Fiquei nervosa, claro, afinal ela se tornou muito importante na mídia e quando fiz alguns trabalhos no balé dela, a sua carreira estava só começando. Hoje a garota domina as plataformas com sua música e ainda compõe bastante para diversos artistas.

Hoje tivemos nosso primeiro ensaio com a Ludmilla presente, já tinham rolado outros ensaios sem ela e me entrosei bastante com a equipe do Bibiu, principalmente com a Lari. Nos tornamos amigas assim que pousamos os olhos uma na outra, ela era um doce.

Quando a Ludmilla entrou na galeria em que estávamos ensaiando, todos olharam pra ela, parecia que a garota tinha uma ímã, uma presença de espírito absurda, quando ela chegava nos lugares parava tudo. Também, a mulher era enorme e muito bonita, claro. Ela mudou muito desde a última vez que nos vimos, seu rosto estava diferente e seu estilo também. O que me assustou um pouco foi que ela não tirou os olhos de mim durante o ensaio, parecia me avaliar.

Acabei me lembrando que estava bloqueada em todas as redes sociais da Ludmilla, menos em seu Snapchat. Não sei o que diabos eu fiz para que ela me bloqueasse, mas na época não liguei muito. Só que agora fiquei intrigada, afinal ela me olhava diferente. Podia ser impressão minha, mas fiquei com medo de ter feito algo que a deixou chateada, mesmo que eu não me lembrasse.

No final do ensaio, ela se aproximou de mim e puxou conversa. Claro que comecei a mexer nas minhas coisas para disfarçar o nervoso, ela estava falando comigo, caramba! E ela me fitava de cima a baixo, como se estivesse memorizando meus traços, minha roupa, meu rosto. Fiquei intrigada, mas não disse nada. Foi então que a garota me chamou pro seu famoso fervo, umas festas que ela dava com amigos íntimos e convidados, eram festas famosas porque rolava de tudo e ia até o outro dia, na mesma energia do início. Eu participei de uma festinha dessa logo quando nos conhecemos, mas confesso que nem tive resistência para ficar até o fim, acabei pegando um táxi na madrugada de volta pra casa.

Fiquei surpresa com a Lud me convidando, isso, Lud, ela me disse que preferia que eu a chamasse assim... achei fofo. Por detrás da pose de bandida dela, tenho certeza que havia uma Lud fofa. No entanto, lembrei que ela podia ser má, afinal eu continuava bloqueada sem saber nem o motivo. Quis perguntar, mas deixei pra lá. Apenas aceitei o convite e disse que iria com o meu amigo. Mario Jorge ia surtar!

Ela se despediu ainda me olhando diferente, apenas respirei fundo e comecei a chamar o meu Uber pra casa. Será que era coisa da minha cabeça?

No entanto, não pude deixar de notar as olheiras em seus olhos, parecia que ela não tinha dormido bem, será que estava em uma festa noite passada? Enfim, não passou desapercebido, embora ela parecesse animada, no fundo prestei atenção que ela estava mesmo era abatida.

De qualquer maneira, isso não me importava, afinal eu era só a bailarina dela que ela bloqueou das redes sociais. Ri internamente no caminho pra casa, quando ouvi meu celular tocando.