Depois de passar o dia todo em reuniões no escritório e uma audiência no tribunal de justiça, cheguei em casa exausto e com uma dor de cabeça excruciante.
O caso de hoje era de um empresário que infligia maus tratos físicos e psíquicos a sua ex-cônjuge. Minha cliente sofreu por anos nas mãos de seu abusador e devido as ameaças contra sua vida, de familiares e do filho de ambos, a mesma se retesou em procurar seus direitos. No entanto, quando o ex-marido passou a usar de sua violência contra a criança, ela fugiu em busca de ajuda. Não foi fácil no início, infelizmente a lei que protege os direitos das mulheres no Brasil é falha, ainda mais frente a alguém que tem meios suficientes para manipular a justiça. Minha cliente sofreu não somente em seu matrimonio, como também no percurso do processo, sofria constantes ameaças, chegando até a ter medo de prosseguir com o litígio. Felizmente, a causa veio parar em minhas mãos e depois de meses defendendo os direitos de minha cliente, a vitória veio para nós. Dando todo prestigio ao escritório de advocacia Barzoni & Associados. Minha constituinte conseguiu o divórcio, ganhou a guarda integral do filho e o ex-marido foi indiciado por violência doméstica, maus tratos infantil, ameaça e lesão corporal.
Deixei minha pasta juntamente com carteira, chaves e celular em cima do sofá e segui para a cozinha. Precisava urgentemente de um analgésico. Abri a geladeira e peguei uma jarra de água, colocando-a em cima do balcão de mármore. Enquanto procurava pela caixa de remédios nos armários, passei os olhos no relógio do micro-ondas que naquele momento marcava onze e quarenta e cinco. Já era relativamente tarde, considerando que não sou um homem com o costume de dormir tarde, a não ser quando precisava rever alguns processos ou fazer estudo de caso. Ao encontrar a caixa, busquei logo por um comprimido de Neosaldina.
No instante em que voltei a pisar na sala, vi a tela do meu celular brilhando em cima do estofado. Retirei o terno, jogando o em cima do mesmo e peguei o aparelho. Encarei a tela com o cenho franzido ao ver que se tratava de uma ligação perdida de Bárbara, minha sócia do escritório.
O que ela queria a essa hora?
Joguei o celular no sofá decido a não retornar sua ligação. Tudo que eu queria era subir para o meu quarto, tomar um banho quente e me jogar em cima da cama, no entanto o celular voltou a tocar duas vezes.
Bufei e atendi, irritado por sua insistência.
— Pois não, Bárbara? — perguntei, em um tom visivelmente irritado.
— Nossa, estou atrapalhando, querido?
— Estou exausto e você sabe bem como o dia foi estressante. — Desatei o nó da gravata, com uma certa dificuldade por estar usando uma única mão, e puxei pelo colarinho, sentindo de imediato o alívio por tirar aquele enforcamento. — Pode ir logo ao assunto?
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Você pode me amar
Roman d'amourAos 36 anos, Tiago Barzoni Guerra é um advogado muito bem prestigiado. Dono de uma personalidade forte e princípios tenazes ele não admite, sob forma alguma, a inadvertência. Um homem-feito que fatalmente teve seu coração afetuoso ferido, tornando o...