O Tempo Não Para

cap. 2

- nunca pensei que aqui fosse tão belo- disse Alice  empolgada para sua mãe, nem eu acreditaria  que aqui em recife fosse tão  lindo antigamente, mesmo sendo em 2068, até  porque foi aí  que tudo começou a dar mal. Sua mãe estava tentando pegar um táxi, elas iriam enfrentar um caminho  longo até  a casa de seu primo, essa cidade ficou cada vez mais caótica com os passar dos anos, pelo menos eles tentavam buscar o máximo de coisas ecológicas,  enquanto na sua cidade natal não era assim, o México havia se tornado um país em quem não  havia muitos visitantes desde a década 2020, talvez isso não mude muito a história, porém fazer o que, certo?! fatos são fatos, infelizmente. Depois de enfrentarem uns 40 minutos de puro trânsito  chegaram então  na casa de seu primo.
-ei garota, estamos ficando velhos não acha?- seu primo falou em direção  a sua mãe, logo depois que abriu o portão  de sua linda casa, à algumas ruas da praia.
– pare com isso fernando, é  assim que você  recebe visitas?- Clarisse disse num tom de ironia logo entrando naquela linda casa. – ai que saudades daqui, sinto até  falta da sua presença- ela falou mais uma vez com um ar de brincalhona para Fernando, que estava ajudando com algumas malas que ali estavam presentes.
-e olha como essa garotinha cresceu, está ficando linda, aposto que é  inteligente- Alice  sorriu para o homem que estava em sua frente, esperando sumir dali, “era para eu ter ficado no México” disse em sua mente. -olhe, essa é  minha esposa Pietra, e esse é Miguel meu filho mais velho, Marina está  desenhando em seu quarto- ele disse enquanto apresentava sua esposa, e seu filho, que se aproximavam para cumprimentar elas. – Alice querida, muito prazer, como vai a vida coisinha linda? Aqui é  muito diferente do México? Você  fala portugues docinho?- enquanto Pietra, aquela mulher parada na sua frente, que não parava de tagarelar querendo saber sobre a sua vida, tinha um porte parecido com aquelas tias que você ver em cinema. As palavras de Pietra não fizeram mais sentido, pois ela só  olhava para seu filho, aquele menino de pele morena, cabelos um pouco cacheados, uma beleza indefinida, mas ele certamente era lindo,- mas minha querida, me conte, e os namoradinhos?- parece que coisas não  mudam com o passar doa anos certo?! Alice congelou, “queria que fosse o seu filho" mas ela não falou aquilo, seria muito embaraçoso, disse que não tinha ninguém e sua mãe a chamou para guardar as malas, uma oportunidade que ela não perderia. Depois de se instalar na casa de seu tio temporariamente para que ela e sua mãe  conseguisse arrumar um apartamento e também  esperar o resto de suas coisas chegarem pelos correios.
– se você  quiser pode vir da uma olhada- disse Marina enquanto Alice a olhava enquanto pintava um quadro.
-eu não quero lhe atrapalhar, mas é  que sua mãe  disse que eu iria dormir aqui com você- Alice falou aquilo meio apreensiva, apesar de tudo, ela era uma menina muito tímida, por incrível  que pareça. -eu sei- disse Marina enquanto fazia sinal para ela entrar, -pode ficar aqui por enquanto- falou e logo puxou papo com Alice, Marina tinha cabelos cacheados, tinha umas pequenas sardas em seu rosto e era muito magrinha, mas era linda, apesar de ser muito tagarela, teimosa e com uma personalidade forte e ao mesmo tempo frágil,  ela tinha um sorriso lindo.

-você não  quer conhecer a praia?- perguntou Miguel, olhando para ela, enquanto sentada sentia a brisa do mar, mesmo não tão  perto da praia o vento chegava mesmo assim, e seus pensamentos: o México,  teria deixado uma vida para traz, parecia que ela não existia mais, que aquela menina não pertencia a ela mesma.
-pode ser- os dois então  seguiam para a praia, não muito longe, continuavam andando.
- mas me fala, tem algo de interessante em que eu preciso saber sobre você?-disse ele olhando para Alice, aqueles cabelos encaracolados, e aquele sorriso, ela não  se conteve na sua imaginação, e olhou no fundo dos olhos dele e falou
-tem algo que você  queira saber?-
-ok!... han... Foi difícil  sair do México?- disse intrigado, enquanto tirava suas sandálias para sentir a areia daquela praia –na verdade nem tanto, tenho me acostumado com mudanças, além  do mais, não fica difícil sair do local onde você  não tem amigos e alguns lhe odeiam- falou em tom sarcástico, mas ainda sim com um fundo de verdade.
-me desculpa, não  queria tocar  nesse assunto- falou Miguel olhando para seus pés  enquanto sentia a areia passarem em seus dedos.
– não sinta, as pessoas não  gostam de pessoas melhores que elas, intelectualmente e fisicamente- Alice disse debochando de sua lembrança e riu para si.
-como assim?- perguntou ele que não  estava mais entendendo.
- as pessoas não  gostavam de mim por eu ser mais inteligente e ainda sim ser muito boa em alguns esportes- falou enquanto prendia seus cabelos ondulados, para que não ficasse mais entrando em sua boca.
– além de linda, inteligente, gosta de esportes ... e ainda é nerd- falou olhando para ela envergonhado querendo não ter dito aquilo
-como sabe que eu sou nerd?- disse assustada com aquilo, ela tinha medo que as pessoas zombassem dela, mais do que faziam. Apesar de ter seus 19 anos, ela parecia não ter aquela postura "adulta", e parecia que Miguel também não tinha, agiam como dois adolescentes de 16 anos.
– não  fique assim, quando passei pelo quarto da minha irmã fiquei observando  você  tirar seus itens de colecionador e histórias  em quadrinhos.... você  só  me surpreende ainda mais-
-então  você  me bisbilhotou?-disse rindo, uma gargalhada alta -mas e você, tem algo que eu queira saber?!-
- não sou nada importante feito você, não  sou inteligente nem jogo nada, só  faço  assistir série- ele falou de um jeito engraçado  e pegou na mão  de Alice, fazendo-a se assustar mas não ceder, ele fez um sinal para que ela seguisse ele e obedeceu, após uns 3 minutos em silêncio, eles chegaram a um local lindo, uma pedra no mar, em que com ajuda de Miguel, consegui subir, e os dois ficaram lá, observando o pôr do sol daquele dia.

-eu pensei que você  fosse tímida-
-e eu pensei que você  fosse um babaca- os dois riram daquela situação e não deixaram de notar o quão  próximos  eles estavam, aquela atração  foi sendo nítida, os centímetros  foram virando milímetros, até  que seus lábios  se tocaram, uma explosão  de sentimentos, mesmo que se conhecendo a pouco tempo, sua conexão  foi mais forte, porém...

- não  podemos!- exclamou Alice interrompendo o beijo -somos primos, isso não  pode acontecer- falou triste e inconformada.

- não  precisamos dizer a ninguém, ninguém  vai saber, se isso estiver  saindo do controle nós  paramos de se encontrar, porém, se é  o que queremos, ninguém  vai impedir, afinal, somos grandes o suficiente para saber o que queremos- disse por fim, encerrando aquele clima tenso, e a puxou para um longo beijo, em cima daquela pedra, de frente para o mar, enquanto o sol partia.