Avanço.
Não é a mais graciosa das caminhadas até o altar, nem a mais rápida. Com a perna de Shawn machucada, precisamos nos
arrastar até lá. Mas a quem mais eu poderia ter pedido para entrar comigo? A quem mais eu teria pedido? Shawn passara a ocupar um lugar desesperadamente vago em minha vida. Não de namorado nem de amigo, mas de família. Tive medo de que ele ficasse ofendido e dissesse não. Mas respondeu que seria uma honra e me abraçou quando pedi. Leal e sincero, até o fim. Esse era o meu Shawn.
Enfim, vejo um rosto familiar na multidão. Ally está lá, com sua família. Está radiante de orgulho por mim, embora seja incapaz de desgrudar os olhos de Shawn. Ele estufa um pouco mais o peito quando passamos diante dela. Sei que logo será sua vez, e aguardo ansiosamente. Shawn não poderia ter feito escolha melhor.
E então vejo minha mãe e Sofi. Elas se abraçam com tanta força que parecem estar apoiadas uma na outra. Tantos sorrisos
ao redor delas. Tenho a sensação inexplicavelmente boa de ser muito amada.
Estou tão distraída com seus rostos que nem noto que já estou muito perto do fim do corredor. Ao olhar para a frente… lá está ela.
E então parece não haver mais ninguém além de nós duas.
Nada de câmeras, nada de flashes. Apenas nós. Apenas Lauren e eu.
Ela usa um terno feminino. Eu disse que era essa é a roupa que ela usa pra ir trabalhar, mas ela insistiu que não.
Os últimos passos de Shawn são lentos, mas firmes. Quando chegamos ao nosso destino, me viro para ele. Shawn abre um último sorriso, e eu me aproximo para beijá-lo na bochecha. Trocamos um olhar por alguns instantes. Por fim, ele toma minha mão e a põe sobre a de Lauren, me entregando a ela.
Ambos fazem um sinal afirmativo com a cabeça. Não há nada além de respeito entre eles. Acho que jamais entenderei o
que se passou entre os dois, mas tudo parecia estar em paz naquele momento. Shawn dá um passo para trás e eu, um para a frente, chegando ao lugar onde jamais pensei que estaria.
Lauren e eu caminhamos bem próximas. Começa a cerimônia.
— Olá, minha intercambista favorita — ela sussurra.
— Nem comece — retruco, e nós duas sorrimos.
Ela segura minhas mãos como se fossem a única coisa que a mantinha em pé. Olho fixamente para essa cena enquanto me
preparo para as palavras que estão por vir, para as promessas que jamais quebrarei. É realmente mágico o poder deste dia.
Mas, mesmo agora, sei que não se trata de um conto de fadas. Sei que teremos tempos difíceis, confusos. Sei que as coisas
nem sempre acontecerão como desejamos e que precisaremos nos esforçar para nunca esquecer os motivos de nossa escolha.
Não será perfeito, não o tempo todo.
Isto não é um “felizes para sempre”.
É muito mais que isso.
