Acredita-se que todos nós possuímos uma alma gêmea. Alguém que no qual já estariam pré determinado pelo destino, antes mesmo do nascimento, a nos amar pelo resto da vida. E quando este amor é tão forte e resistente, ele tem a capacidade de, até mesm...
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Ponto de vista — Eliott
Março de 1997
A neblina cinzenta aos poucos engolia toda a paisagem das ruas da cidade. O que antes era apenas um toque sutil, dava-se agora lugar a uma densa nuvem cinza que parecia ter descido do próprio céu.
Aquele cenário todo era tão... melancólico.
Era como se tudo que existisse em meu peito agora transpassava-se para o ambiente ao redor. Suspirei pesadamente.
Eu encontrava-me em frente ao meu colégio enquanto aguardava Matt, meu melhor amigo. As aulas haviam encerrado-se há cerca de vinte minutos, mas meu amigo ainda não havia terminado sua prova de matemática, então tive de aguarda-lo pacientemente. — Matemática nunca foi o seu forte, ri nasalado enquanto pensava comigo mesmo.
Enquanto eu observava a neblina surgir, vi Matt passar pela saída e vir ao meu encontro. Sorrimos um para o outro e então logo pusemo-nos a caminhar juntos em direção às nossas respectivas casas. — Éramos vizinhos há anos, então esta era sempre a nossa rotina.
— Estou me sentindo em um filme de terror. — Comentou Matt enquanto seu olhar rodeava as ruas vazias de nossa cidade. — Parece que há qualquer momento vamos dar de cara com o Freddie Kruguer, ou até mesmo o Jason...
— Nem me fale. — Comentei enquanto encolhia meus próprios ombros, inseguro. Digamos que eu tenha um pouco de... medo dessas coisas sobrenaturais.
Senti o olhar de Matt me analisar.
— Eliott, que tal a gente jogar nintendo hoje pelo resto do dia? — Questionou-me. — Você anda muito desanimado ultimamente. Será bom para você esfriar a mente.
Dei de ombros, como se dissesse; "pode ser".
— E então, diga-me, como você está? — Questionou-me.
— Bem... Aquele sentimento de tristeza está cada vez maior. — Desabafei sincero. — E eu nem se quer entendo porque sinto isso. É tão estranho.
— Bem, tenho certeza que uma partida de Mario Bross vai te animar! — Exclamou, mudando de assunto rapidamente.
— Claro, mas já vai se preparando porque você vai pedir pra mim. — Sorri, tentando dispersar-me de toda aquela melancolia.
— Haha, vai sonhando!
Logo começamos e conversar animadamente sobre jogos de videogame que eu mal percebi quando finalmente chegamos ao nosso destino. Adentramos à casa de Matt, e enquanto eu colocava meu casaco sob o cabideiro, vi a irmã mais velha de Matt e sua tia sentadas na sala de estar conversando. Estranhei pois esta tia de Matt morava em outra cidade, logo, não era muito comum vê-la ali.
