Capítulo 02 - Entrega

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Se para encontrar Yaku, Kuroo tinha ficado nervoso, agora que o momento da sessão de fato chegara, ele estava muito nervoso. Ele tinha lido atentamente a lista de recomendações pré sessão um milhão de vezes: proibidos qualquer tipo de jóias, adereços, pierceings em qualquer localização do corpo, vetado uso de maquiagem, perfume, desodorante, cremes e até mesmo gel e ou modeladores de cabelo. Ponto este que deixou Kuroo chatiadíssimo, seu topete/franja ficava muito caído sem sua pomada modeladora.

Recomendação de jejum de 6 horas pré sessão para evitar qualquer desconforto, e esvaziar a bexiga momentos antes do início. Unhas curtas, vetados os esmaltes. Pelos do corpo o mais natural possível, barba feita. Vestimenta, indiferente. Iria tirar tudo, não é mesmo?

No caso de qualquer sintoma de enfermidade, tais como espirro, tosse, dor de garganta ou ouvido, e até mesmo dores musculares, a sessão seria suspensa. Kuroo respirou fundo como que testando se seu nariz não estava entupido quando leu esse ponto.

Era proibido também estar sob efeito de qualquer remédio psicoativo, relaxantes musculares ou analgésicos. Qualquer tipo de droga, cigarro ou consumo de álcool nas últimas 24hrs também era vetado. Kuroo tinha certeza de que estava 100% dentro das recomendações e que daria tudo certo. O problema era o que o "tudo certo" significava. Ele já não sabia mais o que esperar e as buscas que fez na internet só o confundiram mais ainda.

Chegou ao mesmo escritório alguns minutos antes do horário combinado e Yaku lhe recebeu a porta gentilmente. A fotografia de Shimizu lhe recepcionou da mesma maneira intensa. Antes ele não queria olhar, mas seus olhos não conseguiam desviar. Hoje ele simplesmente não queria olhar para outro ponto. Em breve seria ele ali, totalmente impotente, sabe-se lá de que maneira ficaria.

- Se todos os preparativos estiverem prontos para iniciarmos, Kuroo-san, deixe seus pertences aqui na sala e pode me acompanhar por aqui.

Yaku indicava a porta do fundo da sala que levava para um outro ambiente, maior que a sala em que estavam. Alguns pontos rapidamente chamaram a atenção de Kuroo. Primeiro, logo ao entrar, havia um daqueles tradicionais espaços japoneses de se deixar os sapatos, um mini degrau abaixo do nível do piso. Yaku e Kuroo deixaram seus sapatos ali e seguiram apenas de meias.

A segunda coisa que chamou atenção de Kuroo foi o silêncio. A sala certamente era a prova de ruídos, isolada acusticamente. Ele já havia estado múltiplas vezes em estúdios de gravação e conhecia bem a sensação do silêncio. Era engraçado como o som da própria voz não rebatia de volta nos seus ouvidos, não havia um mínimo eco ou interferência externa. O "zunido" do silêncio era fácilmente ouvido, e a própria respiração de Kuroo parecia ter um volume perturbador.

Entrando na sala, ele também percebeu mais uma semelhança com outros estúdios que já tinha estado. Todas as paredes eram fundos infinitos, ou seja, não havia uma "esquina" no encontro do chão e da parede, e sim uma curvatura. Esse tipo de parede é amplamente usado em estúdios fotográficos para criar a ilusão de não haver fundo algum.

Por último, e não menos importante: as cordas. Metros e mais metros de cordas estavam em carretéis grandes, juntos em um dos cantos da sala. Haviam cordas de vários materiais diferentes e múltiplas cores. Umas curtas separadas, outras longas e bem enroladas. Algumas cordas pendiam do teto (que era bem alto) presas em roldanas e ganchos.

Além das cordas, os únicos mobiliários da sala eram equipamentos de iluminação típicos de estúdio fotográfico e uma pequena cômoda com algumas gavetas. A luz da sala estava baixa, a temperatura agradável, talvez alguns poucos graus mais quente que a recepção. Não havia janelas nem qualquer outro acesso. Mais ou menos no centro da sala, longe dos equipamentos, havia um foco de luz um pouco mais clara que o resto do ambiente.

A Arte do Shibari [KuroKen]Onde histórias criam vida. Descubra agora