Capítulo dois

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Padre ON:

Um grito alto e estridente me faz despertar de maneira abrupta do meu sono.

— Mas o quê? – digo me levantando em um pulo da minha cama.

Ajeito rapidamente minha roupa de dormir enquanto saio do quarto. Já no corredor encontro a irmã Lily também trajando seu pijama, trocamos um breve olhar antes de nos apressarmos até a porta principal a qual abrimos em um empurrão. Varrendo a propriedade com os olhos encontro uma criança de cabelos grisalhos e olhos azuis de joelhos na terra, a olhando melhor reparo em algo que me faz arregalar os olhos, a menina está coberta por faixas sujas de sangue, seus cabelos desgrenhados com várias folhas e seu rosto demonstrando dor, confusão e medo. Ela parecia não saber o que estava acontecendo, dou uma olhada de canto para a irmã Lily e nós dois começamos a andar de maneira ligeira até a garotinha de grandes olhos azuis, que estavam marejados, ela se encolhe demonstrando medo enquanto lágrimas finas começam a descem por seu delicado rosto, tento me acalmar para passar segurança para ela, algo que parece funcionar já que ela também começou a se acalmar o que nos permitiu uma aproximação segura, já que no estado dessa criança qualquer movimento brusco poderia a ferir ainda mais.

Irmã Lily a pegou no colo delicadamente o que fez a mais nova relaxar um pouco mais, nós voltamos para a igreja, mas agora com um terceiro integrante, assim que passamos pela porta, a fechando logo em seguida, vimos as outras crianças paradas nos olhando com curiosidade. Irmã Lily continuou seu caminho entrando no próprio quarto, eu fiquei para trás parando próximo das crianças.

— Vocês devem ter acordado com todo esse barulho, certo? – perguntei vendo eles assentir com a cabeça afirmando.

— Bom, encontramos uma criança lá fora, ela estava ferida então cuidaremos dela, certo? – novamente eles assentem, parecendo ainda mais curiosos e interessados.

— Eu vou ajudar a irmã Lily. Por favor, se comportem.

Saí logo depois de terminar de falar, estava preocupado e curioso sobre o que tinha acontecido com a menina, ela parecia ter fugido. Cheguei na porta do quarto e a abri me deparando com a irmã Lily afagando os cabelos branco da criança, eu me aproximei das duas me agachando também, olhei no fundo dos olhos azuis profundos da mais nova e perguntei.

— Qual o seu nome, pequena?

— Keiko.

Ela me respondeu fracamente se entregando a inconsciência. Olhei apreensivo para irmã Lily, e esta retribuiu meu olhar, não trocamos nenhuma palavra, eu apenas me retirei do quarto para pensar no que faríamos com aquela menina misteriosa que agora sabemos se chamar Keiko. Sabia que Lily cuidaria bem dela, então não teria que me preocupar com isso, mas aquela criança, aqueles machucados e o olhar triste e quebrado, aquilo com certeza séria um problema. Suspirei com meus pensamentos e olhei para baixo apenas para suspirar novamente ao encarar vários pares de olhos me encarando curiosos, em busca de informações que nem mesmo eu tinha, e é isso com certeza será um problema.

Padre OFF

AUTORA ON:

Depois que o padre se retirou do quarto a freira começou os primeiros socorros na menina, mesmo ela sendo cuidadosa a criança inconsciente soltava baixos resmungos. Lily começou a retirar as faixas se chocando com os diversos ferimentos e cicatrizes, a pele pálida estava maltratada, com diversos hematomas. O olhar dá freira transmitia um misto de pena e raiva, pena daquela criança que não devia ter mais de que oito anos e se encontrava naquele estado preocupante e raiva do ser que teve a coragem de machucar aquele pequeno ser de aparência extremamente frágil. A criança era tão pequena e magra, parecia não comer com frequência. Tentando superar suas emoções e se concentrar na menina, a freira sacudiu a cabeça e voltou ao seu trabalho. Ela passou vários minutos limpando os ferimentos, para nenhum infeccionar, depois ela pegou faixas limpas e tornou a enfaixar o pequeno corpo, vários minutos se passaram e ela enfim terminou seu trabalho. A de cabelos negros aproveitou também para limpar a garota com um pano molhado e retirar as folhas do cabelo dela, depois de ter terminado, ela se levantou observando a grisalha deitada com agora uma face serena, dormindo tranquilamente, não parecia mais a garotinha assustada, agora ela lembrava uma boneca de porcelana, claro, uma boneca quebrada, mas se vissem seu rosto todos diriam a mesma coisa. A freira recolheu os materiais que usou, deu uma última olhada no corpo repousado na cama e saiu, deixando a grisalha nos braços acolhedores de Morfeu.




        FIM DO CAPÍTULO DOIS.

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