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Eu rapidamente desvio o olhar, ele parecia preocupado por eu ter começado a chorar, eu levanto minha mão na intenção de chamar a atenção da professora.

− Sn você está bem? − A professora diz preocupada ao perceber minhas lágrimas.

− Sim estou, posso ir ao banheiro? − Digo pondo as mãos no rosto e enxugando as lágrimas.

− Claro querida.

A atenção dos alunos é voltada para mim, alguns riam, outros ficavam preocupados, outros apenas estavam curiosos para saber o motivo de eu ter chorado, eu mais uma vez olho para o garoto que parecia envergonhado, ele coçava sua nuca enquanto olhava para os lados a fim de desviar o olhar de mim.

Eu corro até o banheiro e me tranco em uma das cabines, eu me sento no chão apoiando a cabeça nos joelhos e colocando meus braços em volta deles. Eu começo a me culpar, pensamentos ruins vem a tona, vozes dizendo que eu não deveria ter existido, que eu era um erro.

Você é só mais um erro desse mundo.

Era o que eu ouvia, repetidamente, a todo momento, a todo segundo. Eu acabo por gritar e as vozes param, eu percebo o que estava acontecendo, eu estava louca? O que os outros pensariam? A maioria dos alunos ja me achavam estranha.

Eu me levanto saio da cabine, e me coloco em frente a pia do banheiro, logo abro a torneira e jogo a água em meu rosto, eu enxugo meu rosto com a manga do moletom e suspiro.

Eu preciso fazer algo, eu preciso fazer algo.

Era o que eu repetia em minha mente, eu não sabia o que faria, mas eu não ficaria parada, eu não podia deixar alguém tão jovem morrer assim de repente. Percebendo o tempo que ja estava ali no banheiro eu volto rapidamente para a sala.

Assim que chego recebo olhares, todos me julgavam por algo, talvez por eu ter chorado na frente de todos? Isso não era sinal de fraqueza, só mostrava o quanto sou humana, assim como eles, eu olho para a professora e me curvo.

− Desculpe a demora professora, não irá se repetir. − Digo e logo volto a minha postura e vou me sentar.

− Tudo bem querida, está melhor? − Eu ja sentada concordo com a cabeça e volto a fazer anotações da aula.

O sinal bate, a professora se retira da sala e os alunos saem junto, eu permaneço sem notar que o aluno que eu havia encarado mais cedo também fica na sala, ele cutuca meu ombro e me viro olhando para ele.

− Ei... eu... você está bem? − Ele diz meio tímido.

Eu percebia que ele não era de interagir muito, mas mesmo assim se preocupava, eu conseguia notar o esforço que ele fazia para conseguir falar algo, então apenas tento facilitar sendo direta.

− Sim estou, se acha que foi por sua culpa eu ter chorado... não foi, só tive pensamentos ruins, está tudo bem. − Eu solto um sorriso sem mostrar os dentes para não parecer tão grossa.

Ele parece ficar mais aliviado.

− A claro... desculpe estar te encarando. − Ele solta um sorriso fraco.

− Tudo bem. − Eu me levanto e guardo meus materiais que estavam na mesa em minha mochila.

− Bom acho que é isso... até... − Parecia que ele estava me vendo pela última vez, como se ele também soubesse que tinha apenas mais 4 dias.

Eu não podia perder essa oportunidade, ele parecia não ter amigos, talvez ele ficasse feliz em ter pelo menos uma amiga... ou eu estava me intrometendo de mais? Ele estava prestes a sair quando eu chamo atenção dele o chamando. Ele para de andar e se vira para mim, eu rapidamente pego minha mochila e ando em passos apressados até ele.

− Eu... você não parece ter muitos amigos, e nem eu tenho muitos também, gostaria de ficar comigo durante esse tempo? Sei lá para se conhecer, ou... não sei...

Eu começo a desviar o olhar pensando se seria uma boa ideia, ele parece notar meu nervosismo e coloca uma de suas mãos em meu ombro esquerdo, ele dá um sorriso fraco e faz um gesto positivo com a cabeça.

Let me save you.Onde histórias criam vida. Descubra agora