Lembranças

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Sophie Blanchet

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Sophie Blanchet

Eu levantei, com o barulho de um carro.

E percebi que não fazia a mínima ideia do que estava fazendo ali.

Baixei os olhos para minhas vestes e vi que estavam cheias de barro,assim como as minhas mãos que estavam no mesmo estado, a parte do cabelo que eu conseguia ver estava dura e suja.
Eu fiz denovo. Eu tinha certeza do que tinha acontecido, porque minha cabeça doía, assim como meu peito, e meus pulmões clamavam por ar. Eram eles. Tudo por minha causa.? Era saudade, uma pitada de incapacidade. E ... Culpa. Esse sentimento me corroía e martelava minha cabeça a todo momento.

Eu olhei ao redor e percebi que estava começando a chover, eu estava tremendo da cabeça aos pés, e não sentia mais meus pés e mãos. Tinha certeza de que minha lágrimas congelaram, por causa do peso em meu rosto e do incômodo em meus olhos.
Eu podia ter morrido ali de hipotermia. Uma parte de mim pôs a culpa em mim, por ser assim,não ser normal,por eu me colocar em situações como essa. O outro pedaço de mim me culpou também. Mas por outro motivo,por não ser capaz nem disso. Porque eu merecia ter morrido com eles. Assim não teria pesadelos com o demônio de olhos vermelhos, não teria desconfiança por qualquer um que chegava perto de mim.

E pelas dores de cabeça.

Não, eu não tinha enxaqueca. Eu tinha fragmentos da janela no meu cérebro, e um perto do coração. Os médicos retiraram os que eram mais fáceis e não envolviam um grande rico ou consequências severas para mim, porque ficar paraplégica,com outro transtorno mental/fisco no mesmo tempo em que perdeu os seus únicos conhecidos e progenitores, aos oito anos, era muita coisa.

Então, sempre que meu coração dilatava as artérias para passar mais sangue, em situações como raiva e medo essa dilatação fazia com que os fragmentos se mexessem minimamente, mas me cortavam como navalha. Os fragmentos na cabeça me deixaram mechas brancas no cabelo, que se escondiam no meu cabelo loiro. Enquanto eu pensava isso consegui achar o caminho de volta para a bicicleta, subi nela e continuei meu caminho para casa, cheguei rápido, joguei minhas coisas do lado de fora, fui para o banheiro,arranquei as peças de roupa e olhei meu reflexo.

Encarei meu rosto sujo, com rastros de lágrimas, as unhas marrons,meu cabelo com galhos e folhas,e meu corpo com arranhões aqui e acolá. Mas,o meu olhar ficou preso aonde sempre ficava.No meu ombro e pescoço,porque ali eu tinha a lembrança e uma marca do que aconteceu no dia da morte dos meus pais. Um pedaço de pele rugosa e desforme, causada pelo fogo que me queimou. Eu sempre usava camisa de manga comprida e gola alta, não por charme ou preferência, mas sim porque aquilo era mais uma coisa que me tornava incomum.

Eu era uma caixinha de surpresas, quebrada e quase pifando, mas era. Uma caixa de presente com um prêmio incomum e inútil. Eu era tudo isso.

Menos normal.

Tomei banho, peguei roupas quentes, e fui limpar a casa, minha bicicleta, meu fone e celular que eu joguei na estrada e ficaram imundos. Arrumei a casa, e segui minha rotina, fiz meu jantar, tomei um suco de laranja para acompanhar, limpei o que sujei, separei minha roupa para o dia seguinte, e coloquei o alarme para despertar, uma hora antes do início da aula. Fiz questão de revisar tudo. E assim que feito, eu liguei a lareira no mesmo horário que o usual e comecei a ler um livro. Baseado nos mitos gregos, eu me via como um semideus.

Porque nas histórias, semideuses eram sempre ferrados, e tudo de mal acontecia nas aventuras e missões que só faziam, para provar seu valor diante os deuses. Só que, na minha vida real eu não era super poderosa, mas tinha que arcar com as consequências de qualquer jeito. Não que eu quisesse ser outra pessoa, mas eu achava que era problema demais para uma pessoa só.
Sendo eu o meu próprio problema, é claro.

Fechei o livro, e fui para a cama, eu não tive um feedback do meu advogado sobre meu novo tutor, o meu antigo tinha minha guarda, ou seja, eu estava Órfã novamente. E eu poderia até parar num Orfanato. Por isso estava meio aflita. Com esses pensamentos eu fui perdendo a consciência lentamente até entrar no mundo dos sonhos.

[...]

Outro dia na escola .

Outro dia para ser encarada e alvo de piadas.

Outra semana se inicia.

Outra vez que acordo, fazendo a mesma rotina.

Eu acordei com o alarme,e o desliguei me sentando lentamente na cama, esfregando meus olhos. Me levantei para me trocar, dobrei as roupas que usei para dormir, escovei meu cabelo e desci para preparar minha comida. Mas senti que estava sendo observada, e olhei para trás. Mas não vi nada, então voltei para frente e ele estava ali. O homem de lábios roxos, presas e muito sangue vertendo de sua boca. Ele sorriu e me pegou pelo pescoço, me lançando para trás, e fazendo com que eu atingisse a parede com a cabeça.

Uma forte dor se alastrou com o impacto, e eu perdi o ar. Minha cabeça e peito estavam doendo. Ele me arrastou segurando meu tornozelo, me fazendo atingir móveis e derrubar o que estava em cima, ele se dirigiu até o porão da casa, eu fui batendo a cabeça nos degraus da escada cada vez mais tonta. O demônio me amarrou com as correntes dos vasos que antes estavam pendurados nas vigas, e me enlaçou no cano de ferro do gás. Ele era fino, mas resistente, então não havia nada que eu pidesse fazer. Ele ficou minutos me observando enquanto eu gritava para me matar logo.

Ele deu um tapa no meu rosto que me fez virar a cabeça, e tapou minha boca. Tentei gritar inutilmente, mas ele pressionou meu pulso e eu ouvi um estalo, junto com uma dor horrível que me fez verter lágrimas e perder mais ar. Ele esfregou seu nariz gelado em meu rosto, deslizando em minha bochecha e descendo até o meu pescoço, em um movimento de vai e vem. Eu arregalei os olhos quando ele segurou meu rosto apertando-o nas bochechas e formando um bico em meus lábios,ele me virou para me encarar.Ele tinha um brilho doentio nos olhos e um sorriso maldoso brincando em seu rosto, me encarou alguns segundos a mais, então disse:

-Sua família não foi o bastante... Eu quero você. - Eu me espremi mais ainda na parede quando ele veio com as presas em direção ao meu pescoço, mas não consegui fazer nada. Eu senti furos sendo feitos em minha artéria, e meu sangue sendo sugado.Eu senti sua boca percorrer meu pescoço, suas mãos me apertarem na cintura e suas presas fincarem em meu pulso. Em seguida, uma queimação horrível,como se chamas percorressem minhas veias, pinicando minha pele. Ao mesmo tempo, o sangue me impedia de respirar, e ia lentamente levando minha consciência embora, enquanto se esvaia de meu corpo em torrentes.

A noção do que viria a seguir me fez me fez dar um sorriso.

Porque era isso. Eu estava morrendo.

'Finalmente'.

Notas da Autora:

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Bom próximo capítulo!

Srta.BlanchetOnde histórias criam vida. Descubra agora