Capítulo 2

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   Amanhece e eu procuro não pensar no cinema. Desco as escadas de minha casa e, meu cachorro pula em cima de mim, por ser menor, só arranha as minhas pernas.

    Ele era de um vira-lata bonitinho, como eu costumava dizer. Uma mistura de cocker com border collier amareladinho. Possuía uma estatura mediana pra sua raça, entretanto tinha uma enorme energia. Corria de um lado para o outro e vivia arranhando minhas pernas.

    Como ele tinha tanta energia tão cedo? Eu morrendo de sono, me canso dele e grito:

- Bebê, sai.

    E ele corre em direção ao seu cantinho. Apesar de ter sua "casinha", ele prefere ficar com a cabeça enfiada debaixo do vaso. Mas para o bem de todos nós ele saía quando íamos fazer nossas necessidades.

    Me deparo com meu pai tomando seu café matinal, mas to bagunçada e com roupa de dormir. Então apenas lhe digo:

-Oi pai.

-Oi? Você tem ido dormir tarde. Não para em casa, Alice.

-Tá pai, mas hoje vou ao cinema. E não chegarei tarde em casa.

    Ele não responde. Meu pai era legal mas às vezes, passava um pouco dos limites. Ele era baixinho e magrelo, com cabelos grisalhos e usava um óculos dos anos 80. Era perito criminal, o que eu sempre achei bem divertido e ao mesmo tempo perturbador.

    Meu celular vibra e vejo que há uma notificação de mensagem. Abro toda animada e leio:

"Caro cliente, você foi sorteado e acaba de ganhar 40 mil reais. Para receber este prêmio, digite SIM."

    Ótimo, mensagem da cadeia. - Penso frustrada. Me recuso a mandar mensagem pra ele. Recebo outra mensagem mas cansada de me sentir frustrada, decido nem ler. E deixo o celular em cima da mesa.

    Tomo um banho, vou caminhar e não encontro Robert. Se passam 30 minutos e volto correndo pra casa por estar morrendo de fome. Tem bolo de coco na mesa que meu pai comprou na padaria, mas minha mãe comeu a metade.

    Corto um pedaço, pego um copo de suco de maracujá na geladeira e vou comer. Sinto falta de algo e pego meu celular e vejo que tem 22 mensagens e 13 ligações perdidas. O celular toca mais uma vez e desta vez, eu atendo.

"Alô!"

"Você tá bem? Não me responde a um tempo. Não queria te atrapalhar mas fiquei curioso pra saber se ainda quer sair comigo?"

"Claro, porque não iria?!"

"Não sei, vai que seu cachorro morreu e você tem que ir no enterro?! Brincadeira, amor."

Ele me chamou de amor, odeio o fato de estar gostando dele mas por outro lado, esse jeito misterioso dele me atrai.

"Está me zuando, Sr. Robert?"

"De maneira nenhuma, Srta. Alice."

"Bobo. Eu tenho que desligar se importa se conversarmos por mensagem?"

"Não anjo, apesar de querer ouvir sua voz, espero até mais tarde pra tê-la."

"Tudo bem, falo com você em breve. Beijo.'

"Beijo"

    Desligo o celular e fico conversando com Robert por mensagem, decidimos que ele iria me buscar às 19 horas. O dia parece passar rápido e quando vejo, são 17h30. Procuro um vestido preto que me deixava linda e também minha sapatilha preta.

    Me olho no espelho e vejo, uma menina alta, com cabelos longos e cacheados. Pele branca e olhos negros, assim como os cabelos. Faço uma maquiagem com os olhos escuros e a boca nude.

    Se passam aproximadamente 10 minutos e minha mãe grita dizendo que Robert estava a minha espera. Desco a escada e me deparo com Robert. E a realidade me diz que vamos ao cinema.

O estranho romance de duas pessoas estranhas.Onde histórias criam vida. Descubra agora