Liv VI, Cap VII, 493b à 493c

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– Cada um dos indivíduos a quem o povo chama de sofistas e considera como rivais seus não tem outro objetivo de ensinamento senão essas opiniões que o vulgo expressa nas assembléias e a isso chamam de sabedoria. É como se alguém, ao cuidar de um animal grande e robusto, procurasse conhecer-lhes as reações e os desejos, por onde deve aproximar-se dele e tocá-lo, quando e por que ele se torna mais agressivo e mais dócil, qual a razão do tom que dá a cada um de seus urros, e a que tom de voz se Amanda ou enfurece; e, depois de aprender tudo isso, com a convivência e gastos de tempo, a isso desse o nome de sabedoria e, como se tivesse constituído uma arte, se dedicasse a ensiná-la, na verdade nada sabendo o que, entre essas opiniões e desejos, é belo ou feio, bom ou mau, justo ou injusto, mas tudo isso, com base mas opiniões do grande animal, chamasse de boa as coisas que o agradam, de más aquelas que o irritam e, a respeito disso, não desse nenhuma justificação, mas apenas chamasse de justo e belo o que é inevitável, sem ver quanto realmente a natureza do inevitável difere da natureza do bom e também sem ser capaz de mostrar isso a outrem.

Contos e analogias da República de PlatãoOnde histórias criam vida. Descubra agora