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- Yeonjun P.O.V - 

Meus dias eram sempre iguais, nada mudava sua maneira de ser mesmo que eu saísse uma vez ou outra para ir colocar o lixo no caixote ou mesmo para apanhar um pouco do ar que muita gente não merece respirar.

Sinceramente eu não sei como consegui o que tenho, eu tenho uma casa por causa do dinheiro que consegui de um trabalho que assim que viram que eu estava "bem da vida" me despejaram mais rápido do que eu entrei naquele estabelecimento.

Eu não fazia muita coisa, mas precisava do dinheiro. Mesmo que algumas pessoas possam me chamar de ganancioso por eu só querer o dinheiro, eu me esforço para o ter, para viver.

Abri a porta de minha casa e vi um pequeno envelope no chão e o peguei sem nenhuma expressão no rosto, nada mais era surpresa para mim. Eu via tudo igual, tudo sem alguma mínima cor.

Era uma carta que anunciava o dia de meu despejo caso se eu não pagasse a renda desse mês e ainda as duas atrasadas num prazo de um mês. não sei se meu senhorio estava sendo bom comigo ou se estava sendo um total vigarista pois ele aumentou minha renda de um dia para o outro enquanto as dos outros vizinhos continuam no mesmo preço.

Se eu tivesse sonhos, sonhava em não ter problemas da vida, ser um garoto feliz, sem nada para se preocupar. Às vezes tenho saudades de ser criancinha, mas o caos da minha vida aconteceu exatamente aí. Gostava de saber o que era infância sempre que oiço as mulheres do bairro falando dos filhos uma da outra. Me sinto isolado, mas estou bem, estou no meu canto sem preocupar ninguém. É quase que como eu não existisse, que a casa 41 no fundo da extensa e animada rua.

Sim, eu era a única pessoa que não conseguia entender como que essa rua tem tanta alegria, eu apenas vejo tudo de pior. Quando as riem sem parar, parece que as oiço gritando por socorro enquanto estão machucadas de todas as formas. As mães alegres eu vejo sofrendo tentando mostrar que estão bem para os filhos nos últimos minutos de vida.

Aquele homem ao tirar a vida a quem lhe deu amor e um filho saudável, estragou minha vida por completo. Eu não consigo lhe chamar mais nada do que um total monstro horripilante que só não é o do Lago Ness pois eu tenho pena desse monstrinho ao lado de quem eu já chamei de pai.

Quando eu estive vivendo num local onde eu poderia ser feliz e esquecer tudo o que aconteceu, sempre tinha alguém me chamando de quieto, que nunca brincava com os outros garotos, mas eu tinha medo de os machucar, de os encher de sangue quando no final eu só queria eles não me deixasse. Me chamavam de estranho por eu não gostar do que eles gostavam. Eu dormia com meu panda pequeno, manchado de sangue da minha mãe. Eu jurei para mim mesmo que lavaria aquilo com algum produto melhor que o da instituição, mas apenas ficou tingido ainda mais de vermelho quando eu deixei sem querer um boxer meu vermelho lavar com isso.

Por causa desse meu desastre eu preferi me livrar do panda e comprar outro peluche qualquer para ocupar o espaço do meu coração do meu pequeno Bine.

Eu não sei de onde surgiu o nome Bine, mas simplesmente não sai da cabeça o nome dele, realmente eu andava com ele para todo lado, e era com ele que eu brincava escondido. Eu sorria e prometia que não o deixava, no final deixei por um desastre meu.

Agora quem ocupa um pouco do lugar de Bine é uma girafinha, que apelidei de Óreo, que eu coloco do meu lado quando leio algo. Claro que me considero louco, mas eu não tenho ninguém que possa falar o que eu sinto, pois além de eu não conseguir, eu não acredito que minha vida possa melhorar. O destino apenas disse que eu tinha de sofrer para ser um homem aceite, sofrer consequências para não cometer nenhum daqueles erros.

Respirei fundo e coloquei a carta de qualquer maneira em cima de meu sofá e corri até meu quarto para trocar de blusa. Essa blusa velha não era apresentável para eu ir em busca de trabalho.

Eu preciso encontrar um trabalho que me pague pelo menos na semana, mesmo que seja difícil.

Coloquei uma boina preta pois eu acho que estaria mais apresentável. A calça preta que eu já tinha vestido fazia uma bela impressão com a blusa branca.

Poderia dizer que estou bonito, mas eu não acho que esse adjetivo exista para pessoas como eu, um perturbado doente mental cuja vida foi destruída pelo seu próprio progenitor a quem não consigo chamar de pai.

Pai não é quem faz, mas sim quem cuida. E eu posso bem dizer, eu não tenho pai... Tudo bem que ele me fez junto com minha mãe, mas o mal que ele fez não se faz. É horrível para alguém viver com isso, sobretudo, quando a pessoa que assistiu nem tinha completado 10 anos!

Peguei minha carteira que não continha nada além de meus documentos e saí de casa. Meu celular não existia desde que ele me caiu da mesa de jantar semana passada. Ele já era um pouco velinho, mas mesmo assim, foi um presente que me deram na instituição. Mas como eu sempre eu não sei cuidar de nada. Nem de mim mesmo.

Sai da minha rua e olhei em volta, não sabia por onde andar mesmo sabendo todos os caminhos por ser um ótimo memorizador. Soube isso no primeiro dia que entrei nesse mundo de "você é livre da sua vida, faça o que quiser.". 

Mas admito que de noite eu consigo me perder se perder o ângulo de minha visão, mas sinceramente, não sou perfeito nem quero ser!

Passei as mãos no meu rosto quando eu vi um monte de adolescentes na paragem de autocarro, não queria ver coisas ruins, mas como sempre não consegui evitar, eu vi eles serem engolidos pelo chão enquanto tentavam gritar, mas a fraqueza do corpo era tanta que eles não conseguiam.

Eu claramente não sei ver o lado bom de nada... Sempre tem algo que torna diabólico. Meu cérebro está tão assimilado aos horrores do mundo que eu não aguento mais, mas é assim que eu vejo tudo, além de ser tudo a preto e branco, o que deixa mais terrivelmente assustador.

Corri para o outro lado da rua e me sentei num pequeno parapeito de uma janela fechada. Minha cabeça estava latejando de horrores, eu não conseguia ver nada normal. Eu neste momento só conseguia ver as pessoas morrendo, mas sempre pedindo ajuda a alguém no final e, eu nunca entendi se eles me pediam ajuda a mim.

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- Garoto você está bem? - Depois de momento horripilantes formados em minha cabeça eu consegui enxergar algo. A rua não estava mais movimentada como antes, não sei se era um alivio ou um aviso.

- Se afaste de mim, não quero ver você morrendo de uma forma que só minha cabeça consegue formar. - Pensei, mas não falei. Encarei e vi que era uma figura masculina. Me levantei pronto para colocar meu pé nos pedais e sair correndo daqui até minha casa deixando a possível causa em jogo: procurar emprego, totalmente para o último da lista deste dia.

Só queria ir embora. 

- Você estava falando sozinho. Eu estudei que quando alguém fala sozinho ou é porque tem algum tipo de demência ou por outras causas desconhecidas. - Nem me dei ao trabalho de responder, o homem falou de novo. - Acabei de abrir uma terapia e se eu pudesse queria te ajudar. Não julgo as pessoas pela capa, caso tenha dado esse relance. É apenas meu jeito de falar. Quando poder apareça lá, será o primeiro. Aqui meu cartão. - Claramente isto devia ser apenas uma paranóia minha pois já não bastava ver tudo o que já via nas pessoas.

Um montão de pessoas encheu do nada ao sair de um restaurante perto e eu não consegui ver mais aquele homem, inclusive, eu nem consegui analisar o rosto dele. Eu queria ir tanto embora que esses detalhes eram míseros para mim.

Claramente foi uma paranóia minha. Podia até achar piada, mas já era o habitual.








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Oioi, sentiram saudades minhas escrevendo fanfic gay? Sinceramente vou admitir, eu nem sei como consegui fazer um capítulo tão fácil assim. 

Espero que gostem e obrigada por tudo, foi graças a vocês que eu voltei com fanfic deste termo! <3

Até o próximo!

Black Colored - YeonbinOnde histórias criam vida. Descubra agora