O Jogo do Meu Coração

2. Days Gone

Eu, Manu e nosso pai voltamos para casa, com uma bagagem nova de experiências e um pacote de novos amigos.

Ao longo dos meses, minha amizade com os meninos foi sendo refinada, Guaxi e Calango desde o princípio foram mais acessíveis, então trocamos os números do celular logo quando nos conhecemos. Devido à maior fama, Cellbits demorou algumas semanas a mais para confiar em mim à esse ponto, antes disso nos falamos através do Facebook, Instagram e Snapchat.

Além das frequentes conversas, era muito comum que eles me convidassem para jogar, desde Gartic à Far Cry 4. Com isso, meu novo grupo de amigos se expandiu e conheci outros Youtubers e gamers, como Alan, Felps, Pk e Mount, além das meninas, chamadas Maethe e Gabs, que eram namoradas de Alan e Felps.

No início de 2015, comecei a aparecer nos vídeos de Calango e Cellbits, jogando com eles. Eu era uma desconhecida e a princípio os inscritos deles não se importaram tanto assim. Mas após quase um mês aparecendo nos vídeos de gameplay, comecei a perceber grande aumento na quantidade de inscritos no meu canal e principalmente um grande aumento nas curtidas do vídeo que gravei sobre a BGS.

Com isso, me comprometi comigo mesma a produzir vídeos melhores, um conteúdo mais original e uma edição de maior qualidade, o que era um pouco difícil porque eu não tinha um editor e entendia o mínimo sobre o assunto. Nesse aspecto, Cellbits (ou Rafael, como passei a chama-lo em alguns momentos, após nos tornarmos amigos) me ajudou muito com isso, ele tinha mais experiência e editava sozinho seus vídeos, me disse que era cansativo, mas por enquanto ele ainda conseguia. E pode me dar conselhos, me ensinar alguns truques, para que eu pudesse melhorar.

Resumindo, esse período foi basicamente um divisor de águas para o meu canal. Passei a montar roteiros mais organizados e ao mesmo tempo, gravar cenas importantes da minha vida, tendo o equilíbrio perfeito entre a espontaneidade e a organização. Criei alguns quadros que eu mesma achava interessantes e que tinha vontade de gravar, passei a pesquisar informações e novidades.
Também voltei a fazer o curso de inglês que eu havia começado na infância e abandonado quando começou a tomar tempo demais, pois seria muito útil entender os Youtubers gringos para poder trazer ideias novas para o canal.

A partir desse momento, meu canal se tornou realmente uma parte minha e ao mesmo tempo, possuía tudo de mim.

Passei a ter uma relação com as pessoas inscritas, a partir dos comentários dos vídeos e até de redes sociais e com certa frequência me perguntavam sobre Cellbit, Calango, sobre Guaxinim e os outros meninos. Eu já esperava por isso, mas minha influência não podia se resumir apenas a eles. Então várias vezes tive que restringir informações ou pedir pela mudança de assunto, isso fez com que muitas pessoas não voltassem a entrar em contato, mas a vida é assim.

Enquanto isso, eu continuava a jogar com os meninos e a ganhar inscritos.

Quando atingi 10 mil inscritos (o que foi um choque para mim, por ser em tão pouco tempo), meus amigos à distância decidiram fazer uma pequena festa para mim.
Rafael pegou um avião de Carazinho (uma cidade do interior, menos de 300 km de Porto Alegre), até minha cidade. Ele e os outros meninos haviam combinado isso com Manu e meu pai, sem que eu soubesse.

Tive menos de um dia para arrumar minha mala e pegamos um avião para São Paulo. Cellbit não me disse por que estávamos indo para São Paulo, muito menos o por que de ele já ter comprado uma passagem para mim sem me avisar e eu admito que tive um pouco de medo.

Quando enfim chegamos, pegamos um táxi e ele disse ao motorista um endereço que eu absolutamente não conhecia. Durante esse momento pensei como Manu e meu pai havia aprovado uma coisa dessas. Eu já estava cansada de perguntar sobre isso, então apenas aceitei.