penúltimo capitulo

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— O que está acontecendo? — Park Jimin questionou ao se aproximar de um colega e pegar metade das caixas que ele carregava.

— Em que mundo você estava, Jimin? O Coronel Choi disse que precisamos chegar em Seul ainda hoje. Algo grande vai acontecer.
— Alguma ideia do que seja?

O homem balançou a cabeça.

— Só disse que devemos chegar à ponte Hangang antes do meio dia e protegê-la. Muitos refugiados estão chegando à cidade, teremos muito trabalho.

Sem perguntar mais nada, Park Jimin se juntou à multidão de homens trabalhando para desmontar o acampamento. Várias horas de viagem depois, o batalhão chegou à ponte próxima à capital. Os boatos eram de que o exército inimigo se aproximava e os civis estavam em risco. Os políticos mais influentes já haviam evacuado a cidade e o dever era proteger os cidadãos. Ele sabia que a equipe de saúde estava lá, provavelmente cuidando das pessoas que chegavam à cidade em busca de ajuda, mas não conseguia parar de pensar em Helena e em como estaria se sentindo em meio aquela confusão.

Depois de serem divididos em equipes menores, o Coronel passou as instruções. Deveriam passar as horas seguintes plantando explosivos na ponte, para evitar que os norte-coreanos chegassem à capital. A noite caiu antes que se desse conta, mas o trabalho estava feito. Num momento de descanso, Park Jimin conseguiu escapar para checar Helena, com a desculpa de que estava se sentindo mal depois de passar tanto tempo no sol.

— Com licença. — murmurou, entrando na barraca improvisada para atender os feridos — Eu preciso falar com a enfermeira Carson.

As outras enfermeiras conversaram, repetindo a pergunta até que entrassem em um consenso e a que parecia ser a mais velha se pronunciou.

— Ela encontrou um garotinho perdido e disse que o levaria até o outro lado da ponte para encontrar a família.

Park Jimin assentiu e agradeceu, saindo apressado da barraca.

— Jimin, onde pensa que está indo? — o soldado guardando a ponte perguntou, parando Park Jimin.

— Preciso encontrar uma pessoa do outro lado da ponte, é urgente. Estarei de volta logo.
— Ninguém atravessa. — o outro determinou.
— O que está dizendo? Milhares de pessoas estão atravessando. — disse confuso, apontando os refugiados na ponte.

— Ninguém do exército. — reforçou. — O Coronel já ordenou a explosão, estamos checando pela última vez antes de destruir tudo.

— E ninguém achou que seria interessante avisar aos civis?!
— Ordens do Coronel, Jimin.
— Quanto tempo?
— Cerca de trinta minutos.
— Eu volto antes disso! — prometeu. — É muito importante.

O soldado suspirou e deu de ombros, indicando que não diria mais nada. Revirou os olhos ao ver Jimin correndo contra o fluxo de pessoas que chegavam à cidade, empurrando-as em desespero. Por favor, Helena, esteja por perto, ele implorava mentalmente enquanto corria, examinando a multidão em busca de qualquer sinal do uniforme branco da namorada. Minutos mais tarde, finalmente a avistou e correu até ela.

— Finalmente! — Park Jimin murmurou aliviado, segurando a namorada pelos ombros. — Precisamos sair daqui, Helena, não temos muito tempo.
— O que quer dizer?

— O Coronel ordenou a explosão da ponte, temos que ir.
— Eu ainda não encontrei a família dele. — murmurou, olhando o menino que segurava sua mão.

— Helena, por favor, eu nem deveria estar aqui, vamos. Eu não posso perder você.
— Eu não posso largá-lo aqui, Park Jimin!

— Você tem alguma ideia de onde estão? — perguntou, olhando em volta.
— Do outro lado, talvez? Ele não falou muito. Mas sinto que estamos perto.
— Helena...

— Por favor, Park Jimin. — ela pediu, os olhos brilhando.
— Tudo bem, mas vamos logo.

Num movimento rápido, ele pôs o menino no colo e os dois começaram a correr juntos pela ponte em busca de sua família.

— Daehan! — o rapaz foi parado por uma senhora, que arrancou o menino de seus braços e o abraçou com força. — Eu estava tão preocupada com você. — então olhou para Park Jimin. — Muito obrigada!

— Enfermeira Carson que o encontrou, eu só estava ajudando. — ele murmurou sem graça, indicando a namorada.
— Muito obrigada a vocês dois.

— Precisamos ir agora. — disse, colocando uma das mãos nas costas da mulher, guiando-a para longe.

— Não vai avisá-los sobre a destruição? — ela perguntou com urgência.
— As ordens do Coronal são para não avisar os civis. — respondeu, andando apressadamente em meio às pessoas.
— Jimin Park Jimin! — Helena parou. — Eu não posso deixar essas pessoas aqui, precisamos ajudá-las. Esse é o meu trabalho e o seu também.

Ele suspirou, passando as mãos pelo cabelo e sabendo que ela tinha razão.

— Tudo bem, mas seja discreta. Diga para se apressarem e, com sorte, conseguiremos passar a mensagem para a maioria. — Helena assentiu e se virou, mas foi parada quando o rapaz agarrou seu pulso. — Onde pensa que vai?

— Será mais rápido se nos dividirmos. — argumentou.
— Eu me arrisquei para te salvar, Helena, não posso fazer isso.
— Te encontrarei no fim da ponte, Park Jimin. Eu prometo. — o sorriso confiante o impediu de contestar a mulher e ela sumiu no meio da multidão segundos depois.

Ele xingou e chamou o grupo mais próximo, avisando o que aconteceria e que deveriam se apressar. Repetiu algumas vezes e a mensagem não demorou pra se espalhar conforme as pessoas apressavam seus passos para chegar ao outro lado o mais rápido possível. Park Jimin lutou para conseguir caminhar no contrafluxo, sem muito sucesso, atento para qualquer sinal de Helena.

— Uma enfermeira se machucou lá atrás. — ouviu alguém comentar e aumentou a velocidade, sem poupar esforços para encontrá-la, pois sabia que o tempo estava acabando.
— Helena! — gritou ao passar pelo maior grupo de pessoas.
— Estou aqui! — a voz familiar soou e ele a viu alguns metros à frente, no chão.

Correu até a mulher, jogando-se ao seu lado e surpreso ao encontrá-la cheia de ferimentos, um sorriso fraco e culpado estampado em sua face.
— As pessoas se exaltaram um pouco quando contei. — disse baixo. — Antes que eu percebesse o que acontecia, estava no chão.

— Não se preocupe, vou te tirar daqui. — garantiu, passando os braços por trás dos joelhos e costas dela, tirando-a do chão com facilidade.
— Você estava certo. — Helena murmurou, agarrando o uniforme do rapaz para ter mais firmeza. — Deveríamos ter ido.
— Não diga isso. — ele rebateu. — Pense em todas as pessoas que salvamos graças a você.


continua...

Tudo foi Destinado (BTS)Onde histórias criam vida. Descubra agora