Capítulo IV

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"𝑃𝑟𝑜𝑐𝑢𝑟𝑒 𝑎 𝑔𝑎𝑟𝑜𝑡𝑎 𝑐𝑜𝑚 𝑜 𝑠𝑜𝑟𝑟𝑖𝑠𝑜 𝑝𝑎𝑟𝑡𝑖𝑑𝑜, 𝑝𝑒𝑟𝑔𝑢𝑛𝑡𝑒 𝑎 𝑒𝑙𝑎 𝑠𝑒 𝑒𝑙𝑎 𝑞𝑢𝑒𝑟 𝑓𝑖𝑐𝑎𝑟 𝑝𝑜𝑟 𝑢𝑚 𝑡𝑒𝑚𝑝𝑜..."

Meu quarto é maior do que o andar de baixo de toda a minha casa, tem espaço para ao menos duas famílias. A cama é enorme e tem lençóis de seda, a colcha que cobre meu leito é azul celeste, com bordados dourados. Kelly estava avaliando o closet, enquanto trocava o jeans surrado com que vim ao palácio, por um vestido vermelho com mangas ciganinha.

— Acha que está a altura do palácio? — Dou uma voltinha, assim que entro no closet — Não vou vestir nada chamativo. Vamos só até o jardim, não é?

— Acho que você está radiante, senhorita Madeleine. — Kelly tem um sorriso nos lábios, tem um tom de voz brincalhão — E sim, vamos só até o jardim!

— Vou levar como um elogio! Vamos então?! — Digo com animação, ela está em frente ao espelho que toma conta de metade da parede do closet

— Tem certeza que devo usar esse vestido rosa? — Ela passa as mãos pela barra do vestido. — Achei ele tão apagado. — Ela vira de uma lado a outro na frente do espelho, buscando um possível defeito. Seu vestido está na altura dos joelhos, é rosa com pequenas bolinhas brancas

— O que lhe falta é um decote. — Digo entre risos, então me coloco atrás dela e abraço-a por trás, Kelly balança sua cabeça de forma negativa.

— Sem decotes, ainda não é o momento. — Ela sorri — Mas você está maravilhosa, se me permite dizer cara amiga. — Rimos juntas

Ficamos em silêncio, por alguns segundos. Estamos olhando nossos reflexos no espelho. É visível que estamos buscando nossos próprios defeitos. E qual é a mulher que não é insegura, consigo mesma?! Gosto dos meus olhos azuis e bem expressivos, mas detesto as pequenas sardas em meu nariz e bochechas. Kelly se solta do abraço e sai de frente ao espelho. Passo a mão por meus cabelos, as ondas louras caem por meu rosto.

Talvez devesse cortar meu cabelo, as vezes é cansativo olhar para mesma cara todos os dias.

— Não gostou do abraço?  — Começo puxando assunto, ao voltar para o quarto. Kelly está prendendo seus longos cabelos em um rabo de cavalo.

— Não é isso! — Ela explica — Espelhos me irritam, não gosto do que vejo. — Da de ombros.— Vamos Mads, temos o jardim pra ver.

— Você é maravilhosa, pele dourada querida! — Bato palmas. — Para eu ter esse tom de pele passo por pelo menos três dias como um camarão. — Estendo meus braços — Eles estão bronzeados agora, mas há três dias, você sentiria pena. — Ela força uma risada

— Sem essa! Não vamos ficar rasgando seda uma para outra não! — Dou risada. — Jardim, vamos ao jardim! — Ela já está com a mão na maçaneta.

— Vamos dona apressada! — Sigo-a, porém antes de fechar a porta atrás de mim, abro um sorriso para meu novo quarto.

Caminhamos de braços dados pelos corredores do palácio. Aparadores, com vasos cheios de flores, enfeitam o local. Em determinados lugares há pinturas que parecem representar os reis do passado; me seguro para não tocar com a ponta dos dedos os quadros. Os degraus da escada são cobertos por um tapete vinho, o corrimão é de madeira maciça, lustroso ao ponto de chamar a atenção.

— Quero tirar essas sandálias dos pés, tira comigo? — Digo logo que saímos das dependências do palácio, um gramado bem cuidado é apresentado, assim que cruzamos a porta dos fundos

— Isso aqui é incrível!! — Diz encantada. — Óbvio que tiro as sandálias dos pés, vamos aproveitar cada pedacinho daqui. — Tiramos as sandálias dos pés e deixamos pelo gramado, corremos lado a lado para os canteiros de flores.

O perfume é simplesmente incrível!Sinto cheiro das tulipas, rosas e dos lírios. A mistura de cores é um brinde aos olhos. Me sinto viva e de certa forma confortável ao estar ali, então começo a girar em meio as flores.

É como estar em um conto de fadas, estou em um palácio, tenho um jardim encantado e nem preciso mencionar quanto ao príncipe.

— Mads, Mads! — Kelly me chama com certa urgência, deixo de girar para me voltar para ela.

— Calma, eu estou tonta. — Abro meus braços buscando equilíbrio. — Menina do céu, o mundo está girando! — Dou uma risada alta, então me sento no gramado ainda rindo.

— Temos companhia, temos guardas por aqui. — Ela se ajoelha de frente para mim, tem as mãos apoiadas em suas coxas. — Pelo amor de Deus, estamos passado vergonha! — Choraminga

— Vergonha, por quê? Estamos nos divertindo, qual o problema? — Me apoio em seus ombros para me levantar. A sensação de tontura causada pelos giros sumiu.

— Que tal olhar para os guardas? Assim talvez entenda o que estou dizendo. — Seu tom de voz é debochado

Merda.

Com amor, Mad ♥️Onde histórias criam vida. Descubra agora