Capítulo 04

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Lilianna

     Quando abri meus olhos, percebi que já havia amanhecido.
Caminhei ainda sonolenta, até a janela de meu aposento que dava vista para o jardim da casa. Barulhos e mais barulhos da cidade atravessavam meus pensamentos, e me vi sentindo saudade de casa . Eu sentia saudades de papai ,Liza e  do campo em si . Nunca fui uma apreciadora da cidade .
       Já havia visitado Londres diversas vezes, desde que era criança e sempre me surpreendia com a beleza desta cidade. Entretanto, sempre amei Petersburg . Acredito que seja porque foi o único lugar que eu realmente tive a oportunidade de chamar de lar .        Assustei - me quando ouvi duas batidas á porta.
 virei-me  dizendo para o visitante, que entrasse.
       A porta abriu-se e de lá, saiu mamãe mais sorridente do que o normal.
      - Bom dia Lilianna! Vamos , levante-se ! Nós temos que nos aprontar ! O senhor Edward vem aqui hoje, ou esqueceu-se? 
     - Não esqueci-me mamãe, Mas não vejo necessidade de me aprontar tanto, tendo em vista que Sir Edward Laurence virá para ver minha irmã.
     -Não diga tolices ! É claro que há necessidade de você aprontar-se ! És a irmã mais velha! Tens de estar apresentável.
     - Certo.- suspirei- Irei tomar o café da manhã e logo após este, aprontar-me .
Mamãe  veio em minha direção,  aproximando-se e pegando minhas mãos.                                     Olhou-me nos olhos, e  pôs uma mecha de meu cabelo, que estava uma bagunça, atrás da orelha.

     - Eu quero que você saiba, querida, que todos estes anos venho preparando suas irmãs para o casamento e agora ... Com a percepção de que Annabeth vai se casar ... E ir embora de casa ... Me dá um certo vazio no peito . Logo, logo será a vez de Liza , mas você meu bem , estará sempre ao meu lado não é ? Sempre será minha filha .
        Ela ergueu-se para beijar o topo de minha cabeça . Um sorriso com lágrimas , escorria de seu rosto . Mamãe realmente não percebia o quanto suas palavras me machucavam, de que me doía que ela não percebesse que eu também queria casar-me. 
 Eu queria gritar para ela, dizer que eu também queria ter o prazer de ter uma família, que eu gostaria de ser mãe e cuidar de meus filhos da maneira que eu gostaria que ela tivesse cuidado de mim, mas a verdade é que eu era uma covarde.  Dito isto, apenas dei-lhe um sorriso fraco, e ela,  saiu de meu aposento completamente contente. 
       Eu havia entendido que eu sempre vinha em segundo plano e  agora que Annabeth iria, segundo a lógica de mamãe, "se casar ", restaria apenas Liza,  que segundo mamãe, era um completo desastre, eu seria a sua nova filha preferida. Eu seria a substituta de sua querida filha...
      Olhei- me no espelho, vendo lágrimas escorrerem de meus olhos  e meu nariz avermelhar-se. Enxuguei as lágrimas,  em seguida estampando o sorriso mais convincente que pude, para por fim, descer para o café da manhã.

Edward

     Acordei em meu aposento, ainda pensando na jovem Annabeth.
Ela seria uma excelente esposa, pensei.
      Eu queria me casar o mais rápido possível ,pois não queria ter que arcar com o título que meu pai queria que eu sucedesse.
Para que isto não ocorresse, eu precisava de uma esposa, na qual levaria embora de Londres, para um lugar afastado,( provavelmente o campo) onde não pudesse ter sinais ou notícias de meu pai. Poderia também, por fim, viver através de meu próprio dinheiro, sem precisar da intervenção de meu pai diante de minha vida. 
       Eram 08:00 da manhã,  quando verifiquei no relógio. Eu visitaria o túmulo de minha mãe e logo em seguida, passaria na residência de Edith Riggs. 
 Ontem á noite, eu e Annabeth havíamos marcado um encontro: sairíamos escondidos e voltaríamos antes do jantar formal de sua tia. 
        Ao descer as escadas de casa , vi meu pai sentado à mesa, lendo seu habitual jornal e tomando seu café preto matinal.
         Ao me juntar a ele na mesa, Lucy, a subordinada da família , desejou-me um bom dia , que retribuí com sorriso. Meu pai ignorou minha presença, sem sequer erguer o olhar para me fitar. Retribuí o gesto. Enguli o café da manhã com pressa e antes que eu percebesse , já estava saindo de casa.

Não deveria ser você - Irmãs Riggs 01Onde histórias criam vida. Descubra agora