𝟎 𝟏 𝟑

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— Essa cama é incrível, maior que meu quarto inteiro. — E pulei com tudo em cima dela.

Christopher riu, negando com a cabeça. O sorriso dele era de tirar o fôlego, tão espontâneo e bonito, até senti uns coisos estranhos no pé da barriga.

— É sério, minha casa é toda pequena. A gente vive se esbarrando um no outro, mesmo não querendo. — Contei.

— Você mora com seus pais?

— Sim — Concordei.

— Não tem irmãos? — Insistiu, tomando um gole da cerveja.

— Só de coração. — Sorri e me lembrei dos amigos que sempre me fortaleceram. Quando eu era criança, sempre tive a vontade de ter um irmãozinho mais novo pra cuidar, mas minha mãe naquela época já queria largar do meu pai e se mandar de casa, ela sabia que se engravidasse de novo seria ainda mais difícil. — E você? Tem irmãos?

— Tenho quatro, sou o mais novo. — Christopher respondeu e me segurei para não dar risada.

— Caramba, sua mãe gosta hein... Ela queria o quê? Formar um time de basquete? — Ele pigarreou, parecendo não gostar muito bem do que eu falei. — Foi mal, é zueira. — Fiquei vermelha.

Ele balançou a cabeça.

— Então, qual o nome dos seus irmãos? — Incentivei ele a continuar. Já tinha percebido que Christopher não era muito de conversa, era bem reservado e só falava quando necessário.

— Cecília é a mais velha, seguida de Caleb, Conrado e Catarina. — Ele falou enquanto marcava com os dedos.

— Uau... — Assobiei. — Sua mãe tem uma adoração pela letra C.

— Na verdade, a ideia foi do meu pai. Meus avós queriam fazer isso com ele e os meus tios, mas não deu muito certo. — Deu de ombros. Senti que ele finalmente estava relaxando comigo.

Os efeitos das bebidas e droga que usei começaram a passar, me fazendo mais consciente.

— Alfonso me contou que tu vai se casar. — Murmurei e ele me olhou de canto. Acho que pensava que eu estava o julgado por ter trepado comigo, mas mal sabia ele que eu faria o mesmo, talvez pior. Pra que me contentar só com um se eu podia ter um monte? — Como conheceu a sua mulher?

Christopher franziu a testa.

— Não quero falar sobre ela com você. — Foi frio ao dizer.

— Tudo bem — Ergui os braços e me levantei.

— O que está fazendo, Dulce? — Perguntou assim que viu eu tirando minhas roupas.

— Até parece que não vou aproveitar isso tudo, pô. — Apontei para a banheira e ele desviou os olhos para outro canto assim que fiquei nua. Coloquei a banheira para encher e fui jogando na água todos os pós estranhos que estavam em cima do mármore. — A água tá quentinha, nossa! — Comentei assim que coloquei meus dedos para medir a temperatura.

Christopher ficou sem me olhar até que eu entrasse na banheira, meu corpo ficando por debaixo das espumas.

— Você não pode sair tirando a roupa assim na frente das pessoas! — Brigou.

— Certo papai, agora cala a boca e vê se relaxa um pouco. — Revirei os olhos e soprei espuma no chão do quarto.

— Estou falando sério, Dulce! — Ele me encarava de forma dura com os braços cruzados, sem parar de segurar sua latinha de cerveja. — Você é muito inconsequente, qualquer dia vai dar de cara com a porta por conta disso.

— Até lá eu sigo bem plena... — Sorri e deixei minha cabeça afundar um pouco na água, molhando meus cabelos. — Uma dúvida, por que tu escolheu ser da polícia?

— Meu pai foi militar, serviu o exército por muitos anos, e depois a polícia civil. Eu cresci tendo adoração pelo que ele fazia. — Christopher deu de ombros, sem muito interesse no assunto.

— Eu quero ser enfermeira... — Suspirei, tocando o pingente em meu pescoço.

— Sério? — Ele me encarou surpreso, deixando a latinha de cerveja no chão.

— Por que a surpresa? — Rebati.

— Sei lá, você não tem cara de querer seguir na área da saúde, só isso.

— É muito difícil, meu pai não quer bancar minha faculdade, quer que eu faça o que ele faz. — Encolhi os braços.

— No que ele trabalha? — Christopher indagou, curioso.

— Tu não vai querer saber... — Desviei os olhos. — É errado. — Completei e ele pareceu entender do que eu falava. Na verdade, não era muito difícil. O que tinha de mais errado em favelas? O tráfico!

— Não desista do seu sonho, Dulce. Logo você encontra um bom emprego e banca seu próprio estudo. — Ele tentou ser simpático.

— Valeu! Sabia que vendo agora tu não é de todo ruim? — Sorri e ele revirou os olhos. — Pega alguma coisa pra eu beber? Tô com sede. — Fiz bico enquanto minhas mãos esfregavam sem muita força minhas coxas.

Christopher me olhou por alguns segundos e caminhou até o frigobar, virando ele na minha direção.

— Vai querer o quê?

— Caralho, Christopher! Isso aí na porta é champanhe? — Perguntei com os meus olhos brilhando. Sempre adorei beber essa água com bolhas no ano novo, o gostinho era muito bom.

— Sim, e do bom! — Christopher disse, pegando a garrafa e a avaliando. Ele parecia surpreso, certamente não esperava algo de qualidade vindo de um motel.

Fiquei observando ele com o braço dobrado da banheira, enquanto Christopher enchia uma taça com champanhe. Assim que sorvi de um grande gole, gemi com os olhos fechados.

— O que foi? — Perguntei, vendo que ele me encarava estranho.

— Nada... — Murmurou e voltou a se sentar na cama. — Está tarde... Preciso ir embora. — Falou mais uma vez assim que olhou para o relógio pendurado na parede.

— Vai trabalhar? — Christopher negou com a cabeça. — Então por que precisa ir?

— Porque minha mulher está me esperando. — Ele respondeu como se fosse óbvio.

— Tu é bem gado, não é? — Gargalhei.

— O quê? — Rebateu, franzindo o cenho.

— Esquece! — Dei risada.

Mordi os lábios e fiquei pensando em ideias para não o fazer ir embora agora.

— Tem certeza que vai embora? — Perguntei, colocando uma das minhas pernas para fora da banheira cheia de espumas. — Se você não fosse tão mala, a gente podia se divertir bastante, Christopher. — Sussurrei de modo sedutora e contornei com o dedo a taça.

Ele sacudiu a cabeça, parecendo bravo.

— Não sou mala!

— Ah não? — Mordisquei o lábio inferior mais uma vez. — Me prova então... — Me ergui, colocando os pés para fora da banheira, toda peladinha da silva. — Me prova, Christopher! — Abri os braços, erguendo as sobrancelhas.

 — Me prova, Christopher! — Abri os braços, erguendo as sobrancelhas

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Atração Perigosa [M] [EM BREVE SERÁ RETIRADA PARA REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora