— Essa cama é incrível, maior que meu quarto inteiro. — E pulei com tudo em cima dela.
Christopher riu, negando com a cabeça. O sorriso dele era de tirar o fôlego, tão espontâneo e bonito, até senti uns coisos estranhos no pé da barriga.
— É sério, minha casa é toda pequena. A gente vive se esbarrando um no outro, mesmo não querendo. — Contei.
— Você mora com seus pais?
— Sim — Concordei.
— Não tem irmãos? — Insistiu, tomando um gole da cerveja.
— Só de coração. — Sorri e me lembrei dos amigos que sempre me fortaleceram. Quando eu era criança, sempre tive a vontade de ter um irmãozinho mais novo pra cuidar, mas minha mãe naquela época já queria largar do meu pai e se mandar de casa, ela sabia que se engravidasse de novo seria ainda mais difícil. — E você? Tem irmãos?
— Tenho quatro, sou o mais novo. — Christopher respondeu e me segurei para não dar risada.
— Caramba, sua mãe gosta hein... Ela queria o quê? Formar um time de basquete? — Ele pigarreou, parecendo não gostar muito bem do que eu falei. — Foi mal, é zueira. — Fiquei vermelha.
Ele balançou a cabeça.
— Então, qual o nome dos seus irmãos? — Incentivei ele a continuar. Já tinha percebido que Christopher não era muito de conversa, era bem reservado e só falava quando necessário.
— Cecília é a mais velha, seguida de Caleb, Conrado e Catarina. — Ele falou enquanto marcava com os dedos.
— Uau... — Assobiei. — Sua mãe tem uma adoração pela letra C.
— Na verdade, a ideia foi do meu pai. Meus avós queriam fazer isso com ele e os meus tios, mas não deu muito certo. — Deu de ombros. Senti que ele finalmente estava relaxando comigo.
Os efeitos das bebidas e droga que usei começaram a passar, me fazendo mais consciente.
— Alfonso me contou que tu vai se casar. — Murmurei e ele me olhou de canto. Acho que pensava que eu estava o julgado por ter trepado comigo, mas mal sabia ele que eu faria o mesmo, talvez pior. Pra que me contentar só com um se eu podia ter um monte? — Como conheceu a sua mulher?
Christopher franziu a testa.
— Não quero falar sobre ela com você. — Foi frio ao dizer.
— Tudo bem — Ergui os braços e me levantei.
— O que está fazendo, Dulce? — Perguntou assim que viu eu tirando minhas roupas.
— Até parece que não vou aproveitar isso tudo, pô. — Apontei para a banheira e ele desviou os olhos para outro canto assim que fiquei nua. Coloquei a banheira para encher e fui jogando na água todos os pós estranhos que estavam em cima do mármore. — A água tá quentinha, nossa! — Comentei assim que coloquei meus dedos para medir a temperatura.
Christopher ficou sem me olhar até que eu entrasse na banheira, meu corpo ficando por debaixo das espumas.
— Você não pode sair tirando a roupa assim na frente das pessoas! — Brigou.
— Certo papai, agora cala a boca e vê se relaxa um pouco. — Revirei os olhos e soprei espuma no chão do quarto.
— Estou falando sério, Dulce! — Ele me encarava de forma dura com os braços cruzados, sem parar de segurar sua latinha de cerveja. — Você é muito inconsequente, qualquer dia vai dar de cara com a porta por conta disso.
— Até lá eu sigo bem plena... — Sorri e deixei minha cabeça afundar um pouco na água, molhando meus cabelos. — Uma dúvida, por que tu escolheu ser da polícia?
— Meu pai foi militar, serviu o exército por muitos anos, e depois a polícia civil. Eu cresci tendo adoração pelo que ele fazia. — Christopher deu de ombros, sem muito interesse no assunto.
— Eu quero ser enfermeira... — Suspirei, tocando o pingente em meu pescoço.
— Sério? — Ele me encarou surpreso, deixando a latinha de cerveja no chão.
— Por que a surpresa? — Rebati.
— Sei lá, você não tem cara de querer seguir na área da saúde, só isso.
— É muito difícil, meu pai não quer bancar minha faculdade, quer que eu faça o que ele faz. — Encolhi os braços.
— No que ele trabalha? — Christopher indagou, curioso.
— Tu não vai querer saber... — Desviei os olhos. — É errado. — Completei e ele pareceu entender do que eu falava. Na verdade, não era muito difícil. O que tinha de mais errado em favelas? O tráfico!
— Não desista do seu sonho, Dulce. Logo você encontra um bom emprego e banca seu próprio estudo. — Ele tentou ser simpático.
— Valeu! Sabia que vendo agora tu não é de todo ruim? — Sorri e ele revirou os olhos. — Pega alguma coisa pra eu beber? Tô com sede. — Fiz bico enquanto minhas mãos esfregavam sem muita força minhas coxas.
Christopher me olhou por alguns segundos e caminhou até o frigobar, virando ele na minha direção.
— Vai querer o quê?
— Caralho, Christopher! Isso aí na porta é champanhe? — Perguntei com os meus olhos brilhando. Sempre adorei beber essa água com bolhas no ano novo, o gostinho era muito bom.
— Sim, e do bom! — Christopher disse, pegando a garrafa e a avaliando. Ele parecia surpreso, certamente não esperava algo de qualidade vindo de um motel.
Fiquei observando ele com o braço dobrado da banheira, enquanto Christopher enchia uma taça com champanhe. Assim que sorvi de um grande gole, gemi com os olhos fechados.
— O que foi? — Perguntei, vendo que ele me encarava estranho.
— Nada... — Murmurou e voltou a se sentar na cama. — Está tarde... Preciso ir embora. — Falou mais uma vez assim que olhou para o relógio pendurado na parede.
— Vai trabalhar? — Christopher negou com a cabeça. — Então por que precisa ir?
— Porque minha mulher está me esperando. — Ele respondeu como se fosse óbvio.
— Tu é bem gado, não é? — Gargalhei.
— O quê? — Rebateu, franzindo o cenho.
— Esquece! — Dei risada.
Mordi os lábios e fiquei pensando em ideias para não o fazer ir embora agora.
— Tem certeza que vai embora? — Perguntei, colocando uma das minhas pernas para fora da banheira cheia de espumas. — Se você não fosse tão mala, a gente podia se divertir bastante, Christopher. — Sussurrei de modo sedutora e contornei com o dedo a taça.
Ele sacudiu a cabeça, parecendo bravo.
— Não sou mala!
— Ah não? — Mordisquei o lábio inferior mais uma vez. — Me prova então... — Me ergui, colocando os pés para fora da banheira, toda peladinha da silva. — Me prova, Christopher! — Abri os braços, erguendo as sobrancelhas.
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Atração Perigosa [M] [EM BREVE SERÁ RETIRADA PARA REVISÃO]
Fanfiction+18| Dulce Arantes é moradora do Vidigal e leva a vida como se cada dia fosse o último. Certa noite, enquanto voltava de mais uma das suas belas noitadas, ela se vê encurralada em um beco por um homem mal encarado e disposto a machucá-la. Mas, antes...