Parte 1: III

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"Eu já estou crescido, mas
이제는 훌쩍 자란
Era muito mais novo naquela época
조금은 어렸던 나
Como se fosse um sonho, como se fosse ontem
마치 꿈처럼 어제 일처럼
Minhas histórias estão sendo contadas
흘러나오는 나의 얘기"

Time Machine, VIXX

Marcelo era uma criança de nove anos quando se apaixonou pela primeira vez. Foi um sentimento inocente e puro e um tanto confuso para o menor.

Aconteceu em um final de semana, era domingo, Marcelo estava na casa de seu tio Mauricio. Estavam festejando o aniversário de seu primo Pedro com um churrasco no fundo do quintal. Enquanto os mais velhos ficavam no quintal junto com algumas crianças que corriam por lá, a mãe de Marcelo ficava na cozinha ajudando a dona de casa, e os adolescentes estavam na sala vendo televisão. Marcelo estava no lado de fora com seus dois primos brincando com o patinete de um deles.

Ele foi se sentar na calçada de frente a casa do seu tio assim que terminou a vez dele no patinete, era Eduardo que brincava no momento quando um portão se abriu na casa ao lado. Uma criança saia de lá com um par de patins na mão. Marcelo olhava para o objeto maravilhado, ele sempre quis ter um patins mais do que ter patinetes como seus primos, mas era muito caro e ele tinha vergonha de pedir aos seus pais.

O patins era preto com uns detalhes cinza, parecia um tamanho maior que os pés da criança que tentava calça-los no momento. Marcelo se questionou se os patins pertenciam mesmo aquela menina de madeixas tão longas, que depois ficara surpresa em saber que se tratava de um menino.

Soube disso porque Eduardo foi até o mesmo conversar com a criança, e descobriu que seu nome era masculino. Nome que com o tempo fora esquecendo. A unica coisa que lembrava dessa criança era que eles brincaram juntos, ele até lhe emprestou o patins o que rendeu a Marcelo uma cicatriz no joelho que ele tem até hoje. Lembrava de seu cabelo longo e de como era um menino muito magro, e lembrava-se de algo que Marcelo questionava se era real. Lembrava-se de um selinho que o menino lhe roubara.

Era uma criança que não saia de sua mente, apesar de que com o tempo as lembranças foram ficando menos descritivas e mais borradas, Marcelo foi esquecendo-se dos detalhes. As lembranças foram dando sentimentos diferente com o decorrer dos anos. Antes era só um querido amigo que tinha feito, agora pensava que provavelmente fora sua primeira paixonite na infancia.

Lembrava das cartinhas de amor que escrevia para o menino que havia visto apenas uma vez na vida, cartas essas que parou de escrever quando chegou na pré adolescencia, mas até hoje imaginava como seria essa pessoa atualmente, como ele estaria e se ele teria lembranças daquele dia, se aquele selinho fora real.

Marcelo adorava pensar em sua infancia. Fora um tempo em que tivera momentos dificeis, sofrera bullying na escola e sentia-se diferente dos demais já naquele tempo. Mas fora um tempo que se permitia sentir tudo que sentia, desde os sentimentos errados como os certos. Não tinha essa muralha que construira com o tempo. Queria não voltar na sua infância, mas queria de volta um pouco da ingenuidade do mundo que tinha quando mais novo.

E Marcelo acordara percebendo que sonhara novamente com aquele dia. Sentia que sua cabeça queria lhe dizer algo com aqueles sonhos que sempre se voltavam a repetir, mas ele não conseguia entender.

Agora ele não tinha mais nove anos, sete anos se passavam e Marcelo era agora um adolescente de dezesseis anos que faria dezessete no final do ano. O capricorniano que não acreditava em signos, se levantara e fora direto ao banheiro. Era o ultimo dia da semana que teria aula, poderia ser um dia animado já que o final de semana se aproximava, mas era dia de educação fisica e pra piorar as aulas eram pela tarde.

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