A cerca de dezessete anos (quase dezoito), minha mãe e me pai deram a luz a uma linda criança, e quando eu digo linda é linda mesmo, cabelos castanhos, pele lisa e delicada e claro um sorrisinho encantador. O tempo passou e digamos que eu não mudei tanto, eu cresci (porém nem tanto porque ainda me considero uma anã), fiz algumas tatuagens, cortei o cabelo, mas continuei uma "belezinha". Mas assim que fiz dezessete anos eu já não tinha mais a mesma vontade de mudar como eu tinha antes.
- Kadin, você vai se atrasar! - mamãe gritou da sala de estar
Mamãe me acorda todos os dias já que o alarme não da conta disso sozinho, já que meu sono é bem fundo. Ergui meu corpo saindo da cama ainda cambaleando indo até o banheiro que se encontrava no local me olhando no espelho. Meu cabelo já cresceu bastante e se encontra um pouco acima dos ombros, e minha pele branca que se encontrava vermelha por conta do calor que fazia na cidade com o início do verão.
Escovei meus dentes, lavei meu rosto e obviamente tomei um banho gelado que me ajudava a ter algum tipo de coragem pra viver mais um dia. Eu estudo no Santa Nazaré desde meus doze anos e por conta disso bastante gente me conhecia, mas mesmo assim nunca gostei do fardamento daquele lugar, em dias frios usavamos uma calça moletom preta com o símbolo azul e branco do colégio e a camisa padrão azul marinho e caso precisássemos a escola também disponibilizou um moletom. Já a roupa normal é uma "bela" bermuda preta com o símbolo da escola posto estrategicamente para que as meninas não encurtem a mesma e a camisa padrão. Sinceramente, só derrotas.- Mãe, você viu minhas meias? - perguntei descendo as escadas olhando mamãe na cozinha
- Acho que estão no varal
- Valeu gata! - digo num tom brincalhão e ando ao jardim
Pego as meias no varal caindo meu olhar sobre a casa da vizinha que era onde Lis conhecida como senhorita monster já que ela vivia movida a energético. Lis era minha melhor amiga desde que nasci digamos, já que nossas mães eram amigas, ela tinha cabelos castanhos que caiam sobre seus ombros e tinha um sorriso impecável.
Após retornar ao meu quarto, calço minhas meias e meus tênis e desço as escadas novamente agora com minha mochila em mãos pegando uma torrada encima da mesa postos em um prato.- Não vai se sentar dona Kadin? - mamãe disse me
olhando com sua xícara de café- Não da mãe, a Lis deve tá me esperando e como hoje começa o correio anônimo ela tá louca pra enviar uma carta pra paquerinha dela - revirei os olhos me aproximando da mesma deixando um beijo no topo de sua cabeça
- Uh, a Lis tem um paquerinha? E você? Escreveu uma cartinha? - mamãe me olhou por cima dos óculos redondos
- Ahn... não. Tô mais ocupada tentando passar na aula da Dona Irma
- Até entendo, também nunca fui boa em química - mamãe sorrio
- Enfim, não é agora que você terá alguém pra te chamar de sogra - solto um beijo no ar
Pego uma caixinha de achocolatado e saio pela porta da cozinha atravessando pelo pequeno beco lateral da casa e saindo pelo portão da frente.
Lis já se encontrava na frente de sua casa mexendo em seu telefone me fazendo desarrumar seu cabelo quando me aproximo- Qual é! Eu escovei ele hoje! - exclamou
- Sabe o que eu fiz no meu? Penteei, só isso mesmo
- Ele tá precisando é de uma hidratação sua imunda - falou me fazendo revirar os olhos
- Vamos logo pra aquele inferno vamos
Digo e pego na mão da garota a puxando em direção a caminho da escola que era a dez minutos do ponto que partimos.
As aulas passaram até que rápido, talvez porque a maior parte deles hoje fosse de humanas e somente uma de exatas. No fim das aulas todos estavam fazendo fila para receber e entregar suas cartas, eu podia ver a animação no olhar das meninas com suas cartinhas em mãos, a maioria não era anônima o que fazia algumas garotas surtarem ao saber que um dos meninos do time de futebol queria sair com elas.
- Não vai olhar se tem carta pra você - Lis disse se aproximando
Eu resolvi ficar apenas encostada em uma das pilastras do colégio olhando o movimento tomandonmeu chocolate em caixinha
- Não, porque sei que não tem e se tiver é do Pietro - rebati
Pietro é meu ex namorado, digamos que namoramos por seis meses e depois eu resolvi terminar já que não sentia mais nada.
- Eu vou ir entregar a minha, e obviamente vou tentar descobrir se tem alguma pra você
- Isso não me impressiona já que você sempre foi bem curiosa - Rio fraco
- Eu sei que no fundo que você tá querendo que eu faça isso - dei de ombros após suas palavras
- Talvez... tanto faz, eu vou ao banheiro
Digo jogando a caixinha no lixo caminhando ao banheiro enquanto Lis foi cumprir a sua missão. Adentrei no local mexendo em meu cabelo enquanto me olhava no espelho e fui em direção a um dos box subindo minha saia e fazendo minhas devidas necessidades, até que escuto passos dentro do banheiro
- Kadin! - era a voz de Lis
- Tô aqui, o que foi! - exclamei revirando os olhos
- Você tem uma carta!
Levantei bruscamente do local onde estava e ajeito minha roupa abrindo a porta
- Me entrega isso - estico a mão em direção a loira
- Toda sua
Peguei o envelope abrindo o mesmo é ainda dentro do box do banheiro começo a ler a pequena carta que não confia tantas palavras.
"Querida Kadin, não faço a mínima ideia de como começar essa carta já que nunca fui muito boa com palavras mas isso é de coração. Li algumas frases de grandes escritores mas achei elas muito toscas para serem ditas a você e não quero perder as chances que terei contigo (na verdade espero ter alguma). Espero que se acostume pois continuarei te enviando cartas, não serão cartas de amor cheias de filosofias, mas serão cartas de amor com algumas verdades que precisam ser ditas por mim. Espero que goste
Assinado: De uma garota para uma garota"
Entreabro a boca assim que término a lida mentalmente e olho lis que olhava para meu rosto com uma feição curiosa
- Conta! O que tem ai?
- Lis... é de uma garota - digo pausadamente
- O QUE!? - Lis pegou a carta da minha mão passando os olhos pelo papel até chegar no fim vendo a assinatura - Puta merda Ka! Uma garota!
- O que eu faço!? Eu nunca imaginei que isso ia acontecer! - digo caminhando saindo do box até a frente do espelho
- Você acha que é alguma das meninas do time de vôlei?
- Não. Elas estão viajando, não tem como elas terem deixado uma carta
- Okay, precisamos descobrir quem é - Lis disse dobrando a carta
- Não! E se ela achar que também tenho interesse?
- Isso é o de menos agora okay!? Tem uma mina gostando de você e você vai ficar surtando no banheiro quieta? - ergueu a sobrancelha cruzando os braços
- Não... Eu só... sei la, eu não tava esperando
- Então se apronta, a gente vai ir atrás dessa garota. Espero que ao menos ela seja bonita - Lis disse caminhando a porta
- Aí cala a boca Lis
Falei saindo do local indo atrás da garota que ainda estava com minha carta em mãos.
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DE UMA GAROTA, PARA UMA GAROTA ⚢
JugendliteraturEm pleno ensino médio e com os hormônios a flor da pele, os alunos do colégio Santa Nazaré decidem criar um correio anônimo entre os alunos do colégio onde os meninos e meninas poderiam mandar cartinhas de amor (e até de ódio) para alunos do colégio...