Ange Matias

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- Okay, vamos precisar de lupas, uma van e roupas descoladas - Lis falava jogando as compras na pequena sexta de mercado

- Pra que você quer uma van!?

- Eu não sei, vi em um filme uma vez - a garota deu de ombros e andou ao caixa.

Lis havia pedido minha ajuda para fazer as compras do jantar após o colégio então assim que sai da aula fomos direto a mercearia mais próxima.

- A questão é que a gente não tá em um filme! A gente só precisa... sei la! Olhar as câmeras de segurança do colégio - digo encostada próxima ao caixa

- Isso seria errado, e outra! O colégio recebe milhares de cartas por dia, como vamos descobrir qual é a sua? - Lis extendeu o dinheiro ao caixa

- Eu não sei Lis. Não sei. - olho o chão balançando meu pé.

Por um lado ela estava certa, todos os dias o moço das cartas recebe várias delas e com certeza não lembrava de nenhuma carta em especifico. Mas se ele recebe tantas cartas, ele precisaria de ajuda né?

- E se... - falei erguendo meu rosto com um sorriso travesso

- Qual foi a ideia de gênio? - Lis me olhou segurando as sacolas

- E se eu me candidatar a vaga pra receber as cartas?

- Tá falando sério? Você vai trabalhar só pra tentar descobrir quem é a garota que tá te enviando cartas? E aliás! Nem sabemos se é uma garota mesmo. - Lis me entregou uma sacola - Pode ser um garoto bobo do fundamental

- Não seja pessimista - estreito os olhos

- Estou sendo realista, apenas. Agora vamos, esse jantar tem que ser feito antes da tia Luiza chegar.

Revirei os olhos e comecei a caminhar com a mesma para sua casa. Luiza era a tia que cuidava da Lis quando a mãe dela ia passar a noite no hospital.
Lis deixou as compras sob a mesa do jantar e tirou todas as verduras, molhos e outras coisas. Me sento em uma das cadeiras do local e olho Lis que começava a preparar o jantar

- A gente bem que podia ir tomar um café no café da Hebe depois do jantar - digo batucando a unha na mesa

- É, pode ser. Assim que eu terminar o macarrão a gente vai - Lis piscou pra mim me fazendo sorrir.

[...]
Após alguns minutos eu e lis estávamos devidamente banhadas e arrumadas. Lis como sempre com seus vestidos grudentos que ela podia jurar de pé junto que eram confortáveis, já eu usava meus tênis de sempre, um short de academia cinza e um blusão preto de uma banda de blues antigo.
Eu e lis fomos caminhando até o café da Hebe que ficada a quatro ruas dali. A rua estava movimentada já que era o horário que todos voltavam pra suas casas após um dia cheio, obviamente não podia faltar os velhos pedofilos que buzinavam para Lis que tentava parecer não ligar pra aquela situação.

- Então, temos que pensar em como vamos descobrir quem é a pessoa que te envia cartas - Lis disse pondo as mãos sob a mesa

- A minha ideia de trabalhar não serve!? - digo cruzando os braços me encostando na cadeira acolchoada do local

- A sua ideia é ridícula!

- Então da uma ideia melhor senhora monster - digo vendo a garota que trabalhava no café chegar com nossos pedidos

Ange Matias, dezoito anos, saiu do time de vôlei porque brigou com uma das meninas do time por um pacote de ataduras, a Ange socou o olho da garota que passou um mês sem jogar. Tirando isso, Ange anda com uma galera LGBTQIA+ do colégio, é branca, tem os cabelos numa mistura de castanho claro e loiro.
Ange saiu da mesa após colocar dois cafés no local.

- A ange... - sussurrou lis

- Que!? - perguntei levando o café a boca

- A ange... ela pode nos ajudar! - Lis se inclinou

- Você tá usando droga Lis!? A gente nem conhece a garota! - me inclinei em sua direção

- Sabe muito bem que sou contra drogas! A gente pode oferecer grana a ela

- Lis, eu não acho...

Fui interrompida por lis chamando Ange a mesa novamente, arregalei os olhos levando minha mão ao rosto escondendo o mesmo.

- Pois não? - Ange disse

- Eu e minha amiga queremos te fazer uma proposta

Ergui meu rosto levemente tirando minha mão do local vendo Ange me olhar enquanto sorria fraco olhando para mim e para Lis.

- Eu não troco beijo por café grátis ok? - Ange disse rindo

- Não é isso, a gente precisa de uma informante lésbica - Lis cruzou os braços

- Da onde tiraram que sou lésbica? - A garota cruzou os braços

- Seu jeito, suas roupas, você era do time de vôlei não é? E acabou de falar sobre nos beijar

- Eu poderia ser bi

Um silêncio se formou na mesa e lis me olhou

- A gente quer saber quem tá me enviando cartas anônimas - digo olhando Ange e Lis

- Sério? Tão mesmo enviando cartas naquele correio anônimo? - Ange rio e me olhou - Olha, eu posso tentar te ajudar já que conheço diria que quase todas as meninas que pegam meninas da escola

- Ajudaria a gente mesmo? - Lis a olhou

- Ajudo, mas vocês vão ter que me pagar pizza todo fim de semana

- Não, não... - Lis começou mas logo interrompi

- Fechado! Começamos amanhã - estendi a mão

- Tá fechado então - Ange apertou minha mão e saiu do local voltando ao caixa

Cai meu olhar sob Lis que estava radiante me fazendo rir e levar a xícara de café novamente a boca.
Lis poderia ter muitas ideias de girino mas desta vez seria uma boa, Ange conhece bastante pessoas e provavelmente seria mais rápido acharmos a nossa doce e cara anônima, mas a questão é: por onde vamos começar?

DE UMA GAROTA, PARA UMA GAROTA ⚢Onde histórias criam vida. Descubra agora