Eu me lembro bem de quando eu te encontrei no chão enrolado com uma manta, você era um bebê humano muito quieto, eu achava estranho, humanos sempre eram barulhentos. Você me olhava com tanta calma, como se eu fosse alguém familiar para você.
Seus pais haviam sido assassinados, havia muito sangue entre seus corpos, você esteva jogado um pouco longe, pobrezinho.
Eu lembro que suspirei pesadamente como se meus pulmões estivessem funcionando ainda, o peguei no colo trazendo-lhe para mim.
- Criaturinha nojenta.
Você riu para mim como se fosse um tipo de piada, você estava sem dentinhos, completamente banguela e confesso que achei maravilhosa sua inocência pura.
Te trouxe para o meu lar, o meu castelo, meus criados não entendiam o por quê de trazido um humano, se eles não entendiam, imagine eu, que apenas estava seguindo um extinto, que tinha que ser feito.
Eu não deixava ninguém cuidar de você, tocar e muito menos olhar de perto, eu passava a maior parte do tempo sempre cuidando de você, frágil por precisar de leite materno e não sangue. Era difícil mas superamos o difícil.
Me impressionava como você crescia, aos poucos se movia na cama, depois conseguia por força em seus braços e ficar engatinhando, você sempre grudava na minha capa ou em minhas pernas. Eu não tive uma "infância", eu nasci vampiro, a infância de um é diferente, eu cresci rápido ao contrário de humanos que crescem lentamente com o tempo certo.
Com o passar do tempo seus murmúrios foram substituídos por palavras emboladas, você vivia brincando no jardim entre as flores, perturbava os insetos. Eu não podia brincar durante o dia com você, eu odiava o sol, preferia ficar embaixo da sombra o observando brincar.
Você deixava os empregados bravos com sua bagunça e com suas roupas branquinhas cheias de terra e furos, eu não me incomodava, você era apenas uma criança em crescimento.
Nos dias de chuva e nas madrugadas com trovões, você gritava pelo meu nome, não queria dormir sozinho, estava com medo do alto som dos trovões, então eu era sua companhia a noite toda, tentando contar histórias que eu havia vivido e você sempre ficava admirado por ser inocente.
Logo você estava se tornando um rapaz, eu lhe ensinava tudo que eu sabia, você odiava inglês.
- Por que devo aprender isso? É tão chato... - reclamava enquanto escrevia nas folhas com uma caneta mergulhada no tinteiro que você fazia questão de sujar, você odiava escrever em inglês, preferia o coreano.
E eu apenas dizia que você agradeceria por saber mais de um idioma.
Você começava a se irritar fácil, gritava com todos, as vezes você se isolava em alguns cantos apenas procurando o silêncio, ignorando todos, passava o dia sozinho no balanço tomando um sol até o anoitecer. Eram momentos seu, humanos são tão sentimentais eu pensava.
As vezes você me pegava encarando-o enquanto estávamos na mesa do jantar, eu não comia, apenas bebia minha taça de sangue, você era bem curioso com seus olhos grandes e escuros em direção a minha taça.
- Eu posso beber também? Qual o gosto?
- Não, espero que nunca prove disto. - demorei um pouco para responder a outra pergunta, você já até havia voltado a comer. - É a coisa mais saborosa que já senti e única na minha vida.
E não tocamos mais no assunto.
Eu tinha pegado um costume inútil de aprender mais sobre humanos, pois eu tinha você sob meus cuidados, eu deveria fazer o certo. Mas também eu fazia de tudo para incluí-lo em minha "cultura" vampirica. Mas teve um dia em que você chegou curioso, parece que humanos também eram inteligentes quando queriam, suas intuições, seus instintos em alerta.
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Memento Mori | Kookmin
FanfictionDesde o dia em que você chegou, você me fez ter o motivo de continuar vivendo pela eternidade. Vamos viver cada lua juntos, compartilhar nossos segredos, aflorar nossos sentimentos, vamos ficar juntos até o amanhecer e o anoitecer, mostrarei a você...