CAPÍTULO 1 — YOU'RE SO GORGEOUS, I CAN'T SAY ANYTHING TO YOUR FACE.
Eu gostava de pensar que eu era resistente a bebidas alcoólicas, mas isso era mais uma das coisas que eu digo pra me sentir um pouquinho melhor.
Mas esse pensamento era patético, porque após 4 míseras taças de vinho, eu estou dando risada de cada palavra que a mulher a minha frente dizia, e eu tenho certeza que nenhuma delas é engraçada.
A última parte do meu dia de trabalho seria a entrevista, mas infelizmente entre um vídeo agradecendo aos fãs e o início da entrevista duas garrafa de vinho foram abertas e eu não pude evitar, agora eu estava tentando me lembrar do nome da jornalista que contava piadas ruins mas que soavam hilárias. Jude? Julia? Jules?.....Julie!
Julie — eu espero que esse seja seu nome — tinha traços asiáticos, provavelmente alguma descendência um pouco distante. Seus ombros eram largos e seu sorriso era fechado mas cheio de dentes brancos e alinhados. Seus cabelos estavam tão longos que mesmos presos batiam no meio de suas costas, e ela prendia uma das mechas negras entre os dedos, quando se virou pra mim segurando alguns papéis: — Bom Harriet, nós vamos fazer algumas coisas diferentes hoje..e acho que vai ser interessante, contando que todos nós estamos levemente alterados.. Bom, basicamente separamos alguns plots de fanfic's, que são pequenas histórias criadas por fãs. E em todas você a personagem principal, é claro!
— Hum, posso dizer que estou um pouco de medo desse novo quadro, podendo assim dizer... - na verdade, eu estava aterrorizada. Nada de bom sairia dali, isso eu posso apostar.
— Oh, querida, não há nada para que se preocupar, eu prometo que são tomos clean! - disse dando risada, se eu estava bêbada, Julie estava o quádruplo. Ela me entregou um dos papéis e eu dei um sorriso nervoso para a câmera, pedindo socorro silenciosamente para o "público".
O primeiro plot era simples e nada muito irreal, uma história simples onde eu era uma professora do fundamental e que acabava me apaixonando pelo pai solteiro de uma das minhas alunas, qual era interpretado por um modelo que eu não sabia pronunciar o nome direito. O segundo foi incrivelmente perturbador, era sobre eu ser uma intercambista em Londres e acabar esbarrando em um cantor famoso numa cafeteria e ele se apaixonar instantaneamente, acho que sem contar com todas as atrocidades desse plot, a pior parte era que o cantor era o namorado da minha melhor amigo, simplesmente bizarro.
Leio mais 2 plots, dou minhas notas, nunca saindo do 3/10 e 6/10. Eu ja havia dado muitas gargalhadas e feitos comentários impróprios, acho que nunca havia me divertido tanto numa entrevista antes. Culpe a bebida!
Finalmente havia chegado a última, estalei os dedos e comecei a ler em voz alta.
O plot começou muito bem, o melhor até o momento, onde eu era uma modelo famosa e que começava a namorar um ator famoso conhecido pela fama de fuckboy, estava tudo muito comum até eu ler o nome das pessoas que a autora definiu como os personagens. E como o ator, estava Patrick Nigh. Puta que pariu.
Eu não esperava que o nome causasse tantas sensações no meu corpo, mas meu rosto esquentou com tanta força que eu pensei que estava debaixo do sol do meio dia em Los Angeles, mas era inverno e estávamos em Nova York, dentro de um estúdio gelado. Dei uma gargalhada e culpei as taças de vinho, felizmente Julie prosseguiu com o comentário falando que só não retirava a própria camiseta pois havia feito uma aposta com a sua mãe sobre manter o emprego por mais de 8 meses.
Patrick Nigh. Esse nome rondava minha cabeça desde o dia que encarei aqueles olhos azuis, de um tom que nunca havia visto antes, e eu acabei me afogando. Nigh era um ator, não havia feito grandes trabalhos mas era excelente e promissor, além de extremamente lindo. Sua reputação ia além de seu talento e sua beleza, ia para sua longa lista de ex namoradas com o coração partido, mas eu também havia uma, e sempre teria um espaço em branco para ele.
Eu o conheci a 8 meses atrás, fazia 3 dias que havia descobertos certas coisas sobre meu namorado da época e eu havia aparecido numa festa de algum cantor aleatório com a intenção de distrair minha mente, e deu certo. Pois assim que eu ouvi seu sotaque eu havia me esquecido de toda a merda da minha vida, meu único problema era o inglês a minha frente, e o porque suas mãos tocaram a minha num cômodo escuro horas depois.
Mas fazia 8 meses desde a última vez que eu havíamos nos visto, e após aquilo eu tentei o bloquear da minha mente — eu falhei. Por que porra, ele é tão deslumbrante.
O caminho de volta pra casa foi silencioso, só pensava em tons de azuis e sotaques britânicos, e é claro, o dono deles. Felizmente minha equipe tinha seguido por outros caminhos e eu estava sozinha com o motorista. Repassei aquele dia na minha cabeça, as piadas sobre o sotaque dele quando eu fiquei bêbada, os risos contidos e os olhares intensos, e a mensagem que nunca veio mesmo depois de eu consegui enfiar um papelzinho com o meu número no bolso da sua jaqueta.
Voltei a terra quando abri a porta de casa, deixei meus saltos ao lado da porta e retirei cada peça de roupa ali mesmo, sabendo que todas as janelas estavam fechadas e cobertas. Andei nua em direção a minha cama depois de tomar um enorme copo de água e duas aspirinas, temendo uma ressaca, rumando para a minha cama, onde me enfiei debaixo dos cobertores.
Estava cansada demais para qualquer coisa, então comecei desligando todos os meus alarmes do próximo dia, nada de academia, café da manhã no horário ou até mesmo um pequeno passeio de bicicleta como havia planejado. Seria apenas eu e minha grande cama de casal.
Uma mensagem brilhou na tela do celular assim que eu o coloquei sobre a cômoda, e mesmo hesitante o agarrei, sentindo todo o meu cansaço desaparecer após ler o conteúdo.
"Então, você tem preferência por fuckboys ou eu ainda tenho uma chance?"
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souvenir.
FanfictionHarriet Dawson era uma completa fracassada e miserável. Isto na vista da mídia, é claro. Depois de uma grande decepção com sua agência manipuladora e o cancelamento de sua carreira, Dawson entende finalmente sobre como sua arte precisa ser reconheci...