capítulo três

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2.613 palavras

Na quarta-feira, a equipe de triagem já tinha todas as informações sobre Matteo. Nathalie encarregou-se, pessoalmente, de cadastrá-lo no aplicativo; queria acompanhar aquele processo de perto e nada melhor que ser a responsável por cada detalhe. Enquanto isso, mais uma reunião com o homem estava prevista para a tarde daquele dia, e ela se perguntava como ele agiria, na frente de todos. Seria o homem cordial de sábado? Mas e quanto a ela, seria a mulher charmosa do fim-de-semana? questionava Matteo, indo em direção ao escritório. Os dois passaram os dias anteriores relembrando pequenas partes do encontro. Desde as risadas que saíram espontaneamente, ao vinho incrível que dividiram.

A gravata azul insistia em sair do lugar, e ele já estava ficando impaciente. Deu de ombros, afrouxando-a, e entrando no elevador. Limpou as mãos suadas na calça, rezando para que ninguém notasse seu nervosismo, agora que todos o conheciam profundamente. As portas abriram, e ele notou que o vigésimo andar do Garden Square estava especialmente movimentado. Continuou andando a passos largos, acompanhando a secretária de Nathalie, mesmo sabendo onde se localizava a sala de reuniões. Elevou os olhos para a loira, que lhe sorria, dócil, e retribuiu o sorriso na mesma medida.

— Boa tarde, Matteo. Sente-se, estamos esperando algumas pessoas da T.I.

— Olá, Nath – Ela surpreendeu-se, ouvindo-o dizer seu apelido, mas não demonstrou. Acho que já passamos da fase de provocação, pensou ela. Mesmo após o cumprimento, ele continuou em pé, ao seu lado.

— A equipe de triagem já está localizando suas três pretendentes – Ela disse baixinho, afinal aquele não era o assunto da reunião.

— Capriche, estou confiando em você – Ele deu-lhe uma piscadela, cúmplice.

Matteo percebeu que os olhos de Nathalie, que antes fitavam os seus, estavam observando alguma coisa mais para baixo, em sua face. Observou-a, enquanto ela mordia os lábios. Por um momento, ele achou que ela encarava sua boca, e por algum motivo, esse pensamento despertou algo nele. Alegria? Satisfação? Ou seriam gases, do sushi de atum que comeu no almoço? Uma ponta de desapontamento, isso ele conseguiu decifrar, surgiu quando a loira se aproximou mais e colocou as mãos em sua gravata.

— Por Deus, Matteo. Por que não pediu ajuda? – Ela refez o nó pacientemente, enquanto ele a olhava, surpreso pela atitude.

— Bom, eu não tive tempo para pedir – Ele disse, envergonhado, e ela sorriu, terminando de ajustar a peça.

— Agora estamos quites – Foi sua vez de piscar.

As pessoas começaram a entrar na sala, fazendo com que os dois se afastassem. Nathalie sentou-se, enquanto Matteo permaneceu de pé, de frente ao projetor. Hoje a palestra seria sua. Depois de todos em seus lugares, ele começou a falar. À princípio, ela tinha medo das ideias mudarem o perfil de seu aplicativo, mas após alguns minutos o ouvindo, ela começava a enxergar a ajuda de forma positiva.

— Investir na divulgação é a chave. Vocês me deram os planos do ano passado, e em comparação à planilha de usuários, percebi que existem estados onde vocês pagam mais propagandas, enquanto outros ficam esquecidos. O que acham, então, de divulgar, agora, nas áreas menos assistidas, mas que também estão garantindo bons acessos?

Ela sorriu. Ali estava, outra vez, o brilho no olhar. Ele realmente amava o que fazia, e, principalmente, acreditava em seu trabalho.

Mal sabia ela que ele a enxergava da mesma forma.

— Vocês cobram pelo acesso ao quiz. Que tal cupons de desconto, ou um plano gratuito? Assim, os usuários teriam um gostinho do que o app pode fazer.

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