capítulo seis

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1.390 palavras

Você já sentiu uma agonia em seu peito, tão grande a ponto de parecer sufocá-lo? Como se a qualquer momento você pudesse explodir, diante do turbilhão de sentimentos dentro de si. Era assim que Nathalie se sentia. A qualquer momento, Matteo poderia mandar uma mensagem, dizendo que encontrou o amor, e ela se sentiria destruída. Desejou, por um momento, que tudo desse errado; voltando atrás imediatamente, pois não queria ser egoísta a esse ponto. Ela nem sabia se ele a via da mesma forma. Tentou, de todos os jeitos, enxergá-lo como um amigo qualquer, mas era tarde demais. Seu coração já batia mais forte ao vê-lo, a vontade de morar em seu abraço era constante, e aquele seu cheiro acolhedor fazia suas pernas bambearem.

Pegou o pote de sorvete, sentindo-se solitária ao escolher o seriado Friends. Lembrou-se dele. Das risadas, das comidas que dividiram. Respirou fundo, na tentativa de evitar as lágrimas. O amor, realmente, não era para ela. Restava continuar juntando as pessoas, sem se envolver assim, até que os cinquenta chegassem e ela tivesse que procurar um backup; aquela amizade que prometia casamento, se chegassem aos quarenta sem ninguém.

— Isso é ridículo, Nathalie. Sofrer por alguém que conhece há menos de dois meses.

O choro veio. Ela não sabia exatamente de que era: sentimento não correspondido, frustração... limpou as lágrimas rapidamente ao ouvir batidas na porta. Estranho, já que ela não estava esperando ninguém. Arrumou o robe e os cabelos, que estavam bagunçados. Qualquer um que se aventurasse por Manhattan ligaria para ela, antes de aparecer do nada em seu apartamento. Caminhou em passos lentos até a porta, dando de cara com um Matteo ansioso, perambulando pelo hall.

— O que houve? – Ele notou o rosto vermelho e ficou preocupado. Aproximou-se dela, segurando sua mão. Ela se afastou, de forma brusca, e isso o assustou. – Nathalie, o que foi?

— Não é nada demais, Matteo – Ela estava parada na porta, os braços cruzados contra o peito.

— Você simplesmente não quer me contar – Ele disse em tom brincalhão, tentando conquistar sua confiança, e aquilo bastou para que todas as emoções dentro dela jorrassem como água.

— Que merda, Matteo. Você aconteceu. Você apareceu como quem não quer nada, duvidando do meu trabalho e eu caí como uma patinha no seu charme – Ela dava ênfase a todos os "você" que pronunciava, e gotas escorriam pelo canto dos olhos. – Agora, eu estou aqui, apaixonada por você e tenho que dar um jeito de te encontrar a mulher ideal, sendo que, no fundo, eu desejo que ela não apareça tão cedo, assim você não vai sair de perto de mim.

Ele digeriu as palavras por um segundo. Ela o olhava, respirando fundo. Uma parte dela estava aliviada por ter dito tudo aquilo, e outra se martirizava por abrir aquela boca gigante. E se aquilo o afastasse de vez?, ela pensava, incomodada.

— Será que eu posso entrar? – Ele deu um sorriso largo. Nathalie ficou confusa, mas não se importou.

— Tá, foda-se essa merda – Deu espaço para que ele entrasse, bufando.

— Nathalie, pega seu celular – Ele sentou, calmamente, no sofá. Ela procurou o aparelho móvel, apesar de ainda não entender o que estava acontecendo, e porque ele estava tão aéreo. – Abre o Cupid no meu perfil.

Ela fez todo o processo, silenciosamente. A foto dele iluminou a tela. Um grande "não" enfeitava o espaço ao lado da pretendente número dois. No rodapé, uma nota dizia que nos próximos quinze minutos, a terceira candidata seria apresentada.

— Eu não entendo – Ele levantou e foi até ela. – O que isso quer dizer?

— Quer dizer que eu finalmente percebi, Nath. Não importa quantas tentativas existam para mim, isso não importa se nenhuma delas for você. É você, Nathalie. Você é meu par. E eu, sinceramente, não ligo se o seu aplicativo fajuto disser o contrário – Ela sorria, mas fechou a cara quando ele insultou o app. Matteo riu. – Certo, é um ótimo aplicativo, só não para mim.

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