- Eu ainda não entendo sobre isso - Namjoon respondeu quando Seokjin, muito despretensiosamente, perguntou se ele já tinha se apaixonado.
Era noite, os dois estavam no fim do corredor de um hotel, perto de uma máquina de bebidas e uma janela de onde dava para ver as estrelas. Namjoon as olhava escorado na parede, segurando sua xícara de chá quente com as mãos grandes tão gentis. Eram as mãos de um garoto que ainda nem conhecera o amor, mas que já tinha na ponta da língua o sabor valoroso das palavras.
- Como é? - Namjoon perguntou, não porque tinha interesse em amor naquele momento, mas porque queria ouvir seu hyung falar. A voz e os gestos dele eram admiráveis. Então olhou Seokjin, próximo da máquina de bebidas degustando seu café e esperou que ele falasse de como era sentir: sabe, como se apaixonar é algo intenso, como é um fogo que se espalha sobre seu corpo e essas coisas clichês que todos cantam e acham que entendem, mas que, na realidade ninguém entende nada. Parado, com a xícara de café nas mãos refletindo a luz da lua, Seokjin sorriu do jeito mais bonito que Namjoon já tinha visto alguém sorrir.
- Não sei - foi só isso que o mais velho respondeu antes de tomar mais café. O vapor que subia da xícara era quentinho e aconchegante, e Seokjin, que também não sabia nada sobre o amor, imaginou que, se existisse uma representação emocional para aquela sensação quentinha que ele sentia subir pelo rosto no momento, talvez isso fosse amor: um cheiro de café recém-passado que completa, seja qual for o vazio do âmago.
- Talvez Idols estejam destinados a não se apaixonar. - Seokjin disse e riu sozinho, apesar de não gostar do sabor que sua palavras tiveram ao sair de sua boca.
- Talvez amor seja um tipo de alucinação cultural idealizada que ninguém nunca sentiu de verdade - Namjoon disse e voltou a olhar as estrelas. Ele realmente não entendia dessas coisas, mas estava bom assim.
Estava um clima confortável e aconchegante, Namjoon gostava disso, passar tempo com seu hyung refletindo sobre a vida enquanto estavam sob a luz da lua, mas o clima ficou melhor quando Seokjin se aproximou e o tocou no rosto, leve e quente como seu chá. Namjoon sabia que os dois eram iguais, apesar de diferentes: ambos conheciam a pressão do que é ser um Idol, a correria, as restrições e as consequências da fama. Ainda assim, Seokjin tinha esse olhar negrume que fazia Namjoon se esquecer de tudo. Bastava que Seokjin o olhasse e entrelaçasse seus dedos nos dele para que o mais novo se recuperasse e esquecesse-se do seu mundo agitado. Namjoon esquecia, e a sensação dos lábios de Seokjin contra os seus era tudo que se lembrava.
O coração não batia tão forte como nos contos clichês que costumam descrever beijos e não davam uma sensação engraçada na boca do estômago era mais como a os raios da lua a noite, era vibrante, como um fogo gélido que começava por seu peito e se espalhava como um pinicar aconchegante por toda a pele de seu corpo como uma fonte de recarga de energias assim como a lua para si. Era a sensação de pertencimento, de casa.
Seokjin se sentia assim também, junto do gosto de chá na boca de Namjoon e dos dedos dele, tímidos sobre sua nuca. Talvez fosse verdade que um Idol não pudessem se apaixonar como os poetas, mas não havia problema em sentir algo que não se é conhecido. Melhor do que isso é saborear o que se conhece - o outro.
- A lua está linda hoje, né. - Foi só o que Namjoon disse quando se separaram, com o rosto ardendo e a voz rouca ainda perdida nos lábios de Seokjin. Não precisava tirar os olhos do mais velho para verificar mais uma vez o quão bela estava a noite, porque tudo sua lua já estava a sua frente.
- As estrelas também - Seokjin concordou, também sem se dar ao trabalho de levantar o olhar até a janela, e sorriu de um jeito que fez a luz prateada que aquecia o corpo de Namjoon explodisse em um prisma de cores.
Os dois não sabiam nada de amor e provavelmente demorarão, a saber; mas era certo que, em todas as noites que passassem juntos a lua estaria linda.
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Moon Among Us
أدب الهواةTalvez fosse verdade que um Idol não pudessem se apaixonar como os poetas, mas não havia problema em sentir algo que não se é conhecido