Acordo com um solavanco e sou jogado subitamente para frente. Bato o rosto no banco e o estupor do recente sono é tão forte que minha única reação é grunhir com o rosto ainda pressionado contra o estofado.
- Desculpe, filho. - Diz meu pai com os olhos fixos na estrada. - Não vi o quebra-molas até estar na boca dele, como pode não ter uma única placa?
- Até que está melhor do que quando eu morava aqui.- Diz minha mãe, dando tapinhas encorajadores nos ombros do meu pai.- Vocês vão se acostumar, logo serão sensitivos e perceberão o quebra molas mesmo sem as placas como qualquer outro brasileiro.
Eu permaneço em silêncio, não estou nem um pouco feliz com a situação e nem com eles, eu ainda tinha muitos tópicos da lista para fazer e simplesmente agora estou preso no fim do mundo por um ano inteiro.
- Arthur, vai continuar com esse voto de silêncio?- Mamãe diz, virando a cabeça para olhar para mim no banco de trás.- Devo lembrá-lo que com 17 anos isso é um protesto bem decadente?
Eu quase abri um sorriso, mas me seguro ainda olhando as paisagens fora da janela. É por volta de duas da tarde e mesmo com o sol tão forte, olhar para as árvores e a mata densa me trás um pouco de paz. Queria que meu telefone tivesse o mínimo de bateria, ouvir música agora seria uma boa distração.
-Filho, nos estamos fazendo isso tudo por você, deveríamos ter feito isso três anos atrás quando tudo aconteceu. - Torna a dizer minha mãe. - Achávamos que nós seríamos capazes de superar, mas não foi bem assim.- Ela faz uma pausa e estica o braço para pousar a mão no meu joelho. - Isso vai fazer as coisas ficarem melhores, eu prometo.
Levanto os olhos para ela, todos sempre falam que somos muito parecidos. Ela tem os mesmos cabelos escuros e encaracolados e os olhos negros que eu e o mesmo sorriso. Bem diferente do meu pai com os cabelos loiros escuros, as pessoas costumavam falar que meu pai era parecido com Archie. Minha mãe sempre tenta ao máximo fazer com que tudo fique bem, mas algumas coisa simplesmente não e encaixam mais.
- Me tirar do país e resolver se mudar para um completamente novo, no início do meu ultimo ano escolar com certeza é bem sensato mesmo. - Digo sarcasticamente, mas não afasto sua mão. - Quando vamos chegar naquele buraco? Não aguento mais esse carro.
-Faz só uma hora que deixamos o aeroporto, Arthur.- Diz ela voltando-se para a estrada de novo.- Vamos chegar no final da tarde se seu pai continuar nesse ritmo e não bater o carro, estou realmente preocupada quanto ao segundo tópico.
-Muito engraçadinha você. - Diz meu pai ainda focando a estrada.- Posso não ser o melhor motorista, mas vou vencer essa estrada.
- Deus seja louvado. - Diz minha mãe debochadamente e os dois dão risada.
Encosto a testa na janela e me dedico a tentar dormir de novo e só acordar quando a viagem terminar.
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- Querido, já chegamos. - Sou acordado pela segunda vez no dia pela voz da minha mãe.
Olho para fora da janela, a luz alaranjada dos postes de luz iluminam a rua ladeada por portões e muros altos de diferentes cores. A casa na qual paramos em frente já me era conhecida. Os portões brancos, ladeados de muros cinzas, revelavam, através de suas grades, um jardim muito bonito e bem cuidado e uma casa de dois andares com janelas majestosas que indicavam que as luzes da casa estavam todas acesas.
- Que horas são ? - Pergunto ao perceber que a bateria de meu telefone se esgotou completamente.
- Seis e meia. - diz meu pai e depois completa de forma orgulhosa. - Chegamos no horário esperado e sem bater o carro, creio eu que é uma grande vitória.
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Eu amo o jeito que você diz meu nome
Roman d'amourAlice Carvalho não gostava nada de ter que conviver com os alunos nada receptivos e incrivelmente estúpidos do Internato Colégio Mr. Peter Carter, mas seus sonhos e Ethan, seu melhor amigo, a motivam a continuar e não enlouquecer. Afinal, ela já est...