Até o por-do-sol... Capitulo I

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Eu queria começar essa história diferente, sem esse tal de "Era uma vez..." Pois como dizem muitos humanos, esse inicio é para conto de fadas. E essa história não é um conto, ela é realidade... Se bem que, para você, essa história vai parecer conto de fadas, mas você acreditaria se eu contasse que ela é bem real? Bem, pois é nunca acreditam, mas, sim, ela é real...

Em algumas histórias somos seres cruéis que matamos os homens com um simples e belo cântico, e em outras somos belas e todos dariam a vida pra nós ver de perto... Em umas, somos metade pássaro e em outras metade peixe, afirmam também que nosso olhar além de te encantar, te mata. Outras dizem que se nos apaixonarmos por humanos, perdemos nosso bem mais precioso se sairmos das águas.

Vou confessar que, algumas dessas "teorias" podem até estarem certas, ou meio certas, mas, o meu objetivo aqui é contar a vocês o que realmente somos e qual é a nossa história, a verdadeira história.

Tudo começou há algum tempo atrás, quer dizer, há muito tempo atrás...

Éramos em poucos, um povo passivo, em uma tribo, perto da praia... Todos os anos no solstício de verão, prestávamos nossas homenagens a deusa do mar, Thálassa, que nos protegia de invasores e pessoas que nos queriam fazer mal, mas nem sempre foi assim...

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- Thálassa! Thálassa! Nós ajude... Por favor! Eu te imploro... - dizia Kleto desesperado. Kleto era um jovem de pele clara, olhos tão azuis quanto o mar em fúria, e cabelos tão escuros quanto onix. Mesmo sendo jovem já era o líder da tribo, e sempre recorria à praia quando, bem, quando precisávamos de ajuda.

- Vejo que está aqui, de novo... - Saiu das águas, uma bela jovem de pele morena clara e cabelos cor de avelã, e olhos tão verdes como as folhas das árvores. Era Thálassa. A deusa dos mares. - Vocês acham que podem vir a hora que quiserem e quando quiserem. Acha mesmo que irei ajudar-los sempre que vierem aqui? Acha mesmo que toda vez irá sair de graça?

- Thálassa, eu... Bem, você não entende, nós...

- Eu não lembro de ter lhe dado a permissão de falar. Eu dei-lhe a permissão, Kleto?

- N-não...

- Ah! Foi o que eu pensei... - Thálassa, tinha a voz calma, porém, mantinha autoridade no tom, o que fazia Kleto ter ainda mais medo. -Se for me pedir um favor, bem, terá que ter um bom pagamento dessa vez, estou cansada de fazer tudo para você, e não receber nada em troca. - Agora sua voz saiu com um ar tristeza. Thálassa gostava de Kleto, e seu amor não correspondido a deixava furiosa e ao mesmo tempo triste. - Bom, agora me diga, o que lhe trás aqui?

- É ele de novo, Thálassa... Ele vem e leva nossas mulheres, animais, alimentos e nossas joias ... Bem, iremos morrer de fome se você não nos ajudar... Você tem que nos ajudar... Por favor, Thálassa! Por mim... - Kleto sabia do amor de Thálassa por ele, e se aproveitava disso sempre, sem pensar nos sentimento da deusa.

- Irei ajudar-los... - a deusa foi interrompida pelo líder que soltava gritos de alegria.

- Obrigado Thálassa! Obriga...

- Mas, com uma condição...

- Sim, diga qualquer coisa! Você quer joias? Tem pedras lindas em uma caverna perto da tribo, sei que irá amar-las e...

- Eu não quero joias, Kleto! - sua voz estava irada, o espanto na face do jovem líder estava aparente, ele não sabia o que dizer então, esperou Thálassa continuar. - Eu quero você, Kleto... E quero que se case comigo, daqui a 5 dias, no solstício de verão... E quero que seu povo faça uma homenagem a mim todo ano, no solstício de verão, trazendo oferendas até...

Cântico das sereiasOnde histórias criam vida. Descubra agora