Capítulo 20

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Lorenzo

São quatro horas da manhã e alguém está ligando para mim. Quatro horas da manhã.

Ouço Antonella resmungar alguma coisa e se virar indo para o outro lado da cama. Mas eu tenho que ver quem diabos se deu ao trabalho de estragar meu dia logo pela manhã.

— Merda — resmungo ao passar a mão pela cabeceira e não sentir a droga do celular que até agora me brinda com o barulho mais irritante do mundo. Só não mais irritante que a voz da Nina.

Que diabos. Estou pensando na Nina pelas quatro horas. Esse dia tem tudo para ser uma merda mesmo.

Finalmente consigo achar o celular e penso em ignorar a ligação quando venho "Madrinha" escrito na tela.
Mas suspiro e aceito.

— Bom dia — digo me levantado.

— Bom dia Lorenzo? — ouço seu suspiro alto — Você tem muito que se explicar. Muito mesmo.

— Mas precisava ser tão cedo?

— SIM — afasto a droga do celular do meu ouvido mas é tarde.

— Ok. Ok. Passo aí mais tarde. — digo vencido.

— Mais tarde não Lorenzo! Agora. Venha agora. — ela faz uma pausa — Se tiver realmente feito o que fez, acredite você estará criando uma grande guerra.

— Não é pra tanto madrinha.

[...]

São sete horas e madrinha me espera em seu escritório.
É irônico que pareço novamente um garoto de 19 anos com medo de uma bronca.

Tenho um grande respeito pela madrinha. Mas sou o chefe. Tomei uma decisão. Segui meu coração. E nem ela poderá me fazer recuar quanto a esse aspecto.
Amo Antonella como jamais imaginei amar alguém e farei dela minha mulher. A Senhora Marchetti, e quem ousar se colocar contra isso estará começando uma guerra comigo.

— Don Lorenzo — um dos trabalhadores diz chamando minha atenção.

— Bom dia — repondo tirando os óculos do meu rosto — Avise a madrinha que estou aqui por favor!

— O senhor pode entrar. Ela ordenou que permitíssemos sua entrada assim que chegasse — sorrio sem ânimo.

— Obrigado.

Volto a colocar os óculos e vou em direcção ao escritório onde ouço um autoritário "entre" logo depois que dou algumas batidas na porta.

Vou em direcção à mesa e encho um copo com uísque.
Madrinha olha cada movimento meu mas não diz nenhuma palavra.

Depois de virar o copo de uma vez e me sentar, olho para a mulher na minha frente.

— Vocês não me falaram que Valentini tinha uma filha pequena — digo sentindo minha garganta arder pelo uísque.

— Isso mudaria alguma coisa? — seu rosto não revela qualquer sentimento.

— Não sei. Talvez. O que vocês tinham em mente? Queriam que eu matasse a criança também?

— Não. Não queríamos que matasse uma criança. Mas também não esperávamos que você decidisse transar com ela! — Madrinha tenta ao máximo manter a sua postura e manter-se neutra.

— Não é só sexo. Eu quero casar com ela. Eu a amo.

— Você só pode estar louco.

— O quê? — olho-a irritado.

— VOCÊ SÓ PODE ESTAR LOUCO — Ela grita e se levanta — Lorenzo pare de pensar com a droga do seu pau e veja a merda que está fazendo. Você não pode casar com uma Valentini. Você vai acabar com toda a nossa família. — ela suspira — Você vai começar uma guerra — diz mais baixo.

— Não me importo. Amo Antonella e ela será minha esposa.

Ela ri de forma sarcástica.

— Ela sabe que você matou Piero?

— Não. E não precisa saber.

— Por quê? — Ela pergunta mas me calo — Responde Lorenzo? Por quê?

Não digo nada. Apenas olho para ela. Com raiva. Pela primeira vez sinto raiva dela.

— Você sabe que isso é loucura. Essa garota não vai ficar com você sabendo que você matou o pai dela. Ela não vai te amar. Na verdade nem você ama ela. Isso é culpa, sei lá, uma obse... — não a deixo terminar.

— CALA BOCA — grito e me levanto — Cala a merda da sua boca e não se meta na minha vida. Você sabe muito bem que não é porra nenhuma, e não ouse tentar me confrontar. Eu vou acabar com você. Eu vou destruir você se ousar se colocar entre mim e Antonella.

— Por ela? Você vai me destruir porquê? — Madrinha se levanta e me encara. Ri de forma sarcástica — Você vai se destruir e a todos nós se continuar com essa loucura.

Vou em direcção a porta mas me viro uma última vez. — Cuida da sua vida.

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