Capítulo Um.

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- Eu realmente não sei o que fazer com relação a isso Robert... – A voz de Esila Rousseau ecoava por de trás da pequena brecha das portas duplas de madeira, seu tom de voz era firme enquanto traçava um caminho sob o tampo de madeira da mesa de jantar. - Se ela ao menos demonstrasse algum tipo de remorso... – Continuou.

Ayse tinha suas costas recostadas sob a parede gélida, as palmas da mão esticadas contra o papel de parede antigo, com a ponta do dedo ela procurava alguma pequena ponta solta para tentar se distrair, embora não ouvisse a voz do pai, sabia que ele estava lá.

Os passos de alguém se tornaram auditáveis, e então um suspiro pesado se seguiu.

- Ela não nos dá outra opção Esila... – Pontou Robert – Dumrstrang é a nossa última chance de faze-la entender as regras. Do contrário, ao invés de visitar nossos netos no natal, estaremos visitando-os em uma cela especial em Askaban...

O som áspero de uma cadeira sendo arrastada se sucedeu e então o suspiro cansado de Esila ecoou pela sala de jantar.

Ayse não se moveu, tinha medo de que qualquer reação sua tornasse aquilo mais real do que realmente parecia.

4 horas antes.

A lua havia começado a se destacar por de trás das nuvens.

Ayse começou a se locomover um pouco mais depressa, havia se afastado demais da cidade, ela havia criado o habito de visitar pequenas ruinas que haviam sido abandonadas nas fronteiras da cidade, longe demais para serem consideradas um ponto turístico e perigosas demais para a população, mesmo assim, vez ou outra ela costumava ver grupos de adolescentes se reunindo ali.

Enquanto ela pulava sobre um pilar e aterrissava silenciosamente sobre a terra batida risadas ecoando encheram seus ouvidos, mais a frente um grupo de adolescentes começava a se aglomerar, duas meninas se agarravam umas nas outras, ambas trajando jeans normais e blusas coloridas demais para o gosto de Ayse.

Junto a elas três garotos, um deles com sacolas de papel e um deles exibindo uma garrafa de bebida alcoólica, as meninas se sentaram sobre as pedras, enquanto os garotos pararam a sua frente, as vozes altas e emaranhadas.

Ayse não tentou fazer muito sentido do que eles falavam, seus olhos vagaram para final da estrada, ela precisaria passar por eles para achar um lugar mais reservado e poder aparatar de volta a casa, não havia muita escolha.

Ela respirou fundo fechando os olhos por um breve segundo e então se forçando a avançar, tinha entre os braços um caderno de capa preta do qual abraçou contra o corpo, seus olhos permaneciam sobre o chão de pedra rasteiro enquanto tentava atravessar o caminho esperando não ser notada pelos trouxas a sua frente.

Foi inútil, levou cerca de 10 segundos até que uma das meninas sentadas sob as pedras notasse Ayse se aproximando, ela se ergueu perdendo o sentido levemente para a esquerda e então se recompondo, os cabelos louros bagunçados e arrepiados balançando de um lado para o outro, ela apontou para Ayse.

- Olha só o que temos aqui. – Disse, sua voz era fina e irritada.

Ayse a olhou pelo canto do olho – Merda – Xingou mentalmente, ela se lembrou brevemente de um episódio de meses atrás aonde havia trombado a mesma garota trouxa em uma festa da qual ela havia sido convidada de última hora por ter impressionado um dos rapazes com sua beleza, festa que para ela não oferecia perigo nenhum, já que só iria pela rara oportunidade de descolar algo além de refrigerante e água com gás.

Acontece que a pequena escapada de Ayse naquele mês, lhe renderia uma briga física com a trouxa a alguns metros dela, já que o garoto impressionado com a beleza da bruxa era na verdade, o namorado da garota loura que vinha em sua direção.

Os Contos Sombrios de Durmstrang: O Ritual Perdido.Onde histórias criam vida. Descubra agora