Aquele em que tudo começou

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Tony sabia que não ia ser nada fácil assim que abriu a porta da velha oficina no final daquela manhã de sexta-feira. As caixas empoeiradas e as milhares de pilhas de papéis ocupavam quase todo o espaço, fora os antigos projetos e engrenagens que estavam espalhados pelo chão de concreto. Jogou sua bolsa estilo carteiro em qualquer canto, suspirando profundamente ao contemplar a enorme bagunça.

Fazia uma semana desde que ele tinha se demitido do seu antigo trabalho, finalmente decidindo seguir os passos do pai e tentar reerguer sua antiga empresa. O plano de Tony era reabrir a Stark Industries e torná-la uma referência em energia sustentável, mas para isso ele precisaria rever toda aquela papelada espalhada pela oficina.

Dobrou as mangas da camiseta preta, começando o serviço. Juntou os objetos aleatórios do chão, os colocando em uma caixa de papelão vazia, logo seguindo para o pequeno escritório no fundo do ambiente, onde estavam os documentos da SI e antigos contratos.

Tony não tinha ideia de quanto tempo tinha passado ali, sentado na velha cadeira de couro de seu pai, analisando papel por papel, mas pareciam dias. O barulho de seu celular tocando foi a única coisa que o fez parar de trabalhar.

— Alô?

— Você quer sair comigo e com o Daniel hoje? — A voz que ele conhecia tão bem soou empolgada pelo telefone.

— Bom dia pra você também, Sharon — riu com a animação da melhor amiga, tinha certeza que ela estava aprontando alguma coisa.

— Bom dia? Tony, já são quase três da tarde! — Stark revirou os olhos, podia imaginar o olhar reprovador de Sharon naquele momento — Não vai me dizer que está trabalhando sem parar até agora.

— Ok, eu não vou dizer — mordeu o lábio inferior, observando a enorme quantidade de papéis que ainda restava em cima da mesa de madeira do escritório.

— Tony, você ao menos pegou aqueles sanduíches que eu deixei na sua geladeira? Eu amo que você está trabalhando naquilo que sempre sonhou, mas se eu descobrir que você não tá comendo...

— Shar, eu te prometo que os sanduíches estão na minha bolsa, eu só perdi a noção do tempo, juro — disse, passando os dedos com força pelos cabelos escuros.

— É bom mesmo, mas você vai sair com a gente hoje? Por favor, eu preciso muito falar com você.

— Aconteceu alguma coisa? — Tony ajeitou a postura, tentando captar algum sinal nas palavras da amiga.

— Não é coisa ruim, juro! Pode ser às sete no Doca's? — Sharon tinha voltado a ficar animada.

— Claro, eu vou direto da oficina então, é mais perto.

— Ok, nos vemos lá. Vai comer alguma coisa, te amo.

— Eu também te amo — riu, desligando o celular.

Decidiu dar uma pausa, indo até sua bolsa para pegar os lanches que Sharon tinha preparado para ele. Eles eram melhores amigos desde o ensino fundamental, passaram por muitas coisas juntos, sempre tendo o apoio um do outro. E era por esse motivo que Tony estava tão preocupado com o que Carter tinha a lhe contar.

Comeu os sanduíches, pegando a carteira logo em seguida para checar se havia trazido algum dinheiro, se frustrando ao encontrar somente uma pequena quantia para o táxi e alguns cartões de crédito ali.

"Tudo bem, só mais um gasto de uma sexta-feira a noite, nada demais", pensou, guardando a carteira de volta na bolsa, quase não notando quando a foto antiga escapou do bolso de couro, caindo no chão.

The man from another timeOnde histórias criam vida. Descubra agora