Isso não pode estar acontecendo

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Tony sempre fora um homem racional. Graças ao seu pai, que tinha o incentivado desde pequeno, ele gostava de descobrir como as coisas funcionavam, a razão por trás de tudo e as respostas para todas as perguntas que ele poderia pensar. Era um homem da ciência, isso ninguém poderia negar.

Mas aquilo, aquilo certamente era loucura.

Estava sentado na simples cama de hospital, observando ao seu redor como se estivesse sido sequestrado e preso em um laboratório. Seus olhos castanhos analisavam atentamente cada objeto, cada pequeno detalhe que pudesse lhe dar uma pista do que estava acontecendo.

As paredes brancas e nuas, uma simples cômoda de madeira com apenas um vaso de flores coloridas em cima, uma poltrona marrom ao lado da cama hospitalar. Tudo parecia antigo, mas sem o desgaste do tempo. Ele nem tinha ideia que o hospital do Brooklyn estava precisando tanto assim de uma reforma mais moderna. Mas ao todo, o quarto parecia normal, um normal para um hospital antigo.

O que realmente tinha sido estranho, fora o trajeto de carro até o edifício.

Tony não conhecia muito do Brooklyn, mas podia dizer que o bairro não poderia ter tantos carros antiquados assim, e tantas pessoas vestidas de maneira estranha por toda a parte. Os prédios também pareciam velhos, não havia nenhum sinal dos projetos inovadores que o prefeito de Nova York tinha implantado no bairro a alguns anos atrás.

Aquilo tudo não fazia sentido. Talvez fosse alguma pegadinha daquelas que aparecem na televisão, ou talvez ele apenas estivesse sonhando. Fechou os olhos com força, desejando que quando acordasse, estaria livre daquele pesadelo.

Abriu os olhos. Tudo estava exatamente igual. Estava começando a entrar em pânico, sentindo seu coração acelerar. Olhou em volta, procurando desesperadamente por suas coisas, toda aquela situação tinha o feito se esquecer de seus pertences. Encontrou sua bolsa de couro ao lado da poltrona marrom, suspirando de alívio ao perceber que ela esteve ali o tempo todo.

De repente, algo mais estranho ainda aconteceu.

Tony ouviu algo vibrando baixinho repetidamente. Algo que vinha dentro de sua bolsa.

O celular.

Pulou da cama, quase escorregando no piso ao tentar alcançar a bolsa, tirando o aparelho do bolso da frente com as mãos tremendo. Ninguém tinha aquele número, nem ele mesmo sabia qual era o número. A tela indicava que a ligação era desconhecida, o celular continuava vibrando incansavelmente em sua mão.

Respirou fundo, e com os dedos trêmulos, apertou a tecla verde, levando lentamente o aparelho até a orelha.

— Alô? — perguntou baixinho.

— Tony! Como está se virando?

Tony estreitou os olhos, confuso. Ele conhecia aquela voz, tinha falado com o dono dela a apenas algumas horas atrás.

— Você! Foi você que me vendeu o celular, não é? Escuta aqui, eu vou querer o meu dinheiro de volta porque essa porcaria... — parou. Tinha problemas mais importantes para se preocupar naquele momento — Olha... Será que você pode me ajudar? Eu to meio... perdido, acho — Uma risada nervosa escapou de seus lábios.

— Perdido? — O vendedor não parecia surpreso.

— É, eu não sei explicar muito bem, nem eu entendo o que está acontecendo direito, mas... — suspirou fundo, criando coragem para dizer aquelas palavras em voz alta — Pode parecer idiota, mas algumas pessoas acham que estamos em 1950, dá pra acreditar?

— Claro que dá — O homem riu do outro lado da linha — E você não está perdido, Tony, você está exatamente onde deveria estar.

Tony parou tudo o que estava fazendo. Do que aquele cara estava falando?

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⏰ Última atualização: May 31, 2020 ⏰

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